26 de março de 2011

Avivamento dos Crentes - As Escrituras - C. H. Mackintosh


Nota do autor do Blog: Muitos cristãos não sabem o que é avivamento e confundem com evangelismo.

Evangelismo é levar a Palavra do Senhor para as pessoas que estão mortas em seus delitos e pecados. A pessoa que crer nascerá novamente. Não tem como avivar quem está morto. Para o morto o Senhor oferece uma nova vida, Ele vivifica o morto, dá vida (não aviva pois está morto) Efésios 2.1-10.

Avivamento (no cristianismo), como o próprio nome diz, é acordar aqueles que estão "dormindo" ou se "distanciando da Sã Doutrina dos apóstolos". Quando uma planta está fraca (ela ainda tem vida), você "AVIVA" ela, adubando, regando, cuidando, ou seja: "alimenta" ela com alimento verdadeiro e não falsificado. O alimento do crente é a Sã Doutrina. Ef cap. 5.

Os dias são maus, a doutrina dos apóstolos foi falsificada por líderes evangélicos e estão dando palha, alimento falso para os cristãos, e isso deixa o crente fraco, dormindo. O que fazer? Leia 1 Timóteo e 2 Timóteo. Em 1 Timóteo o apóstolo Paulo fala da "casa de Deus" de como andar nela (não confunda casa de Deus com denominação, igreja de pedra, não tem nada a ver), e em 2 Timóteo, inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo nos fala de um tempo de ruína do testemunho cristão, e ele não diz mas "casa de Deus" mas sim "uma Grande Casa". Ali temos uma provisão de ensino para o que fazer nesses dias maus, de ruína do testemunho cristão. Veja também 2 Pedro cap. 2 e 3 que fala de líderes religiosos que professam o nome do Senhor (usam o nome d´Ele) mas não são convertidos ao Senhor, são "falsos crentes".


O texto abaixo Escrito por Charles Henry Mackintosh (1820-1896) nos traz luz sobre o assunto.

No reino de Ezequias houve um marcante retorno à autoridade dos escritos sagrados. Cedo eles vieram a descobrir que não haviam guardado a páscoa, "porque muitos a não tinham celebrado como estava escrito" (2 Cr 30.5). Vemos, portanto, que os homens de Judá receberam de Deus um só coração para cumprir o mandamento do rei, e dos príncipes, pela Palavra do Senhor (2 Cr 30.12). Além disso, Ezequias estabeleceu holocaustos da manhã e da tarde, e holocaustos dos sábados e das luas novas e das solenidades, como está escrito na Lei de Moisés (2 Cr 31.3).

Nos dias de Josias, rei de Judá, o maravilhoso reavivamento teve origem em um reconhecimento prático da divina autoridade das Escrituras. Elas foram trazidas por Hilquias, o sacerdote, que encontrou na casa do Senhor "o livro da Lei do Senhor, dada pela mão de Moisés" (2 Cr 34.14). "E Hilquias respondeu, e disse a Safã, o escrivão: Achei o livro da Lei na casa do Senhor... E Safã leu nele perante o rei. Sucedeu pois que, ouvindo o rei as palavras da Lei, rasgou os seus vestidos" (2 Cr 34.15,18,19).

A razão disso foi que ele compreendeu, por meio daqueles escritos, que se encontravam, com justiça, expostos à ira divina e às maldições descritas no livro, por causa dos seus pecados, por desprezarem o Senhor Deus, e por haverem queimado incenso a outros deuses (2 Cr 34.21,24). Então eles se submeteram à autoridade dos escritos sagrados, e celebraram a páscoa em conformidade com a ordenança "como está escrito no livro de Moisés" (2 Cr 35.12), o que foi acompanhado de abundantes bênçãos dadas por Deus.

Eles foram tão exercitados pela autoridade das Escrituras acerca disso, que lemos que o mandamento do rei foi: "imolai a páscoa: e santificai-vos, e preparai-a para vossos irmãos, fazendo conforme a Palavra do Senhor, dada pela mão de Moisés" (2 Cr 35.6). Nos é dito ainda que o mal "e todas as abominações que se viam na terra de Judá e em Jerusalém, os extirpou Josias, para confirmar as palavras da Lei, que estavam escritas no livro que o sacerdote Hilquias achara na casa do Senhor. E antes dele não houve rei semelhante, que se convertesse ao Senhor com todo o seu coração, e com toda a sua alma, e com todas as suas forças, conforme toda a Lei de Moisés: e depois dele nunca se levantou outro tal" (2 Rs 23.24,25).

O retorno dos judeus do cativeiro na Babilônia foi também marcado de forma extraordinária por seu reconhecimento da autoridade da Lei escrita do Senhor. Sabemos que Esdras era "escriba hábil na Lei de Moisés, dada pelo Senhor Deus de Israel" (Ed 7.6). Tal foi o seu reconhecimento da autenticidade divina dos escritos sagrados que nos é dito que "Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do Senhor e para a cumprir e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos" (Ed 7.10).

Lemos também que quando eles foram reunidos como um só homem em Jerusalém, "edificaram o altar do Deus de Israel, para oferecerem sobre ele holocaustos, como está escrito na Lei de Moisés, o homem de Deus... E celebraram a festa dos tabernáculos como está escrito" (Esd 3.2,4). E então, quando o templo estava terminado, eles consagraram a casa de Deus com gozo; ofereceram um sacrifício pelo pecado, de acordo com as doze tribos de Israel. "E puseram os sacerdotes nas suas turmas e os levitas nas suas divisões, para o ministério de Deus, que está em Jerusalém; conforme ao escrito do livro de Moisés" (Ed 6.15-18).

Quando Neemias era o copeiro do rei, lemos que ele jejuou, chorou e orou a Deus, e reconheceu a Palavra que Ele havia dado por Seu servo Moisés, a qual é encontrada em Levítico e Deuteronômio (Ne 1.8,9). Quando o muro estava completo, o povo se reuniu na rua como um só homem, e pediram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da Lei de Moisés que o Senhor dera a Israel. Assim ele fez, e leu-o, e todo o povo estava atento ao livro da Lei. E Esdras abriu o livro à vista de todo o povo, e outros fizeram com que o povo compreendesse a Lei. Assim eles leram o livro da Lei de Deus distintamente, mostrando o significado, e os levaram a compreender a leitura.

Eles acharam escrito na Lei, que o Senhor havia dado por Moisés, que os filhos de Israel deveriam habitar em cabanas; "porque nunca fizeram assim os filhos de Israel, desde os dias de Josué, filho de Num, até àquele dia; e houve mui grande alegria. E de dia em dia ele lia no livro da Lei de Deus, desde o primeiro dia até ao derradeiro" (Ne 8.1-18). Mais adiante nos é mostrado que depois disso "leu-se no livro de Moisés, aos ouvidos do povo; e achou-se escrito nele que os amonitas e os moabitas não entrassem jamais na congregação de Deus. Sucedeu pois que, ouvindo eles esta lei, apartaram de Israel, toda a mistura" (Ne 13.1,3).

É muito interessante observar aqui que os fiéis que retornaram do cativeiro voltaram-se à autoridade divina, àquilo que Deus havia ordenado desde o princípio. Eles não se basearam em nenhum período ou reavivamento em particular, mas permaneceram naquilo que tinha sido escrito, separados de todas as tradições dos homens. Acaso não é este, sempre, o caminho daquele que é fiel em tempos maus? -

Charles Henry Mackintosh (1820-1896)



Extraído do Manjar Celestial

Nosso Testemunho - A responsabilidade do cristão perante o mundo


Por que Deus preferiu nos deixar aqui ao invés de nos levar para o céu no momento em que fomos salvos?

Disse Jesus: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura." Marcos 16.15. Que maravilhoso é, para os crentes, saberem que seus pecados estão perdoados e que possuem um lar nos céus, que lhes foi preparado por seu Salvador, o Senhor Jesus Cristo! E que esperança maravilhosa temos por saber que a qualquer momento poderemos escutar o chamado e sermos levados deste mundo para encontrar o Senhor nos ares, para estarmos para sempre com Ele, que nos amou e Se entregou a Si mesmo por nós! (1 Ts 4.16,17).

Mas por que Deus preferiu nos deixar aqui ao invés de nos levar para o céu no momento em que fomos salvos? Acaso não somos deixados aqui para representar Cristo neste mundo onde Ele foi rejeitado e de onde foi lançado fora? Somos deixados para adorá-Lo e glorificá-Lo. Deixados para brilhar como luzeiros, e sermos Seus embaixadores enquanto aguardamos por Seu retorno muito em breve. Acaso não nos deu Ele uma mensagem para ser anunciada às almas preciosas que Ele tanto ama? E será que não somos responsáveis em sair ao encontro delas com esta mensagem de salvação que tanto necessitam?

Muitos estão se dirigindo rumo a uma eternidade de perdição no inferno! Devemos, como crentes, ficar indiferentes às necessidades daqueles que nos cercam? Se uma criança estivesse para atravessar uma rua movimentada, com toda certeza nós tentaríamos salvá-la! Se a casa de nosso vizinho estivesse em chamas e ele dormisse em seu interior, não procuraríamos avisá-lo do perigo? E, no entanto, muitos de nossos vizinhos e amigos correm um perigo ainda muito maior do que se estivessem no interior de uma casa em chamas: estão dormindo em seus pecados, e correm o perigo de perder suas almas eternamente! É, portanto, nossa responsabilidade avisá-los de sua condição! O apóstolo Paulo até mesmo dizia: "Ai de mim, se não anunciar o evangelho!" (1 Co 9.16). E também: "Sabendo o temor que se deve ao Senhor, persuadimos os homens" (2 Co 5.11).

Não é apenas uma responsabilidade do cristão divulgar o evangelho, mas é um privilégio que deveria ser motivado pelo amor para com Cristo. "O amor de Cristo nos constrange" (2 Co 5.14). Se realmente temos um amor genuíno por Cristo e se nossos corações estão verdadeiramente motivados por Ele, não seremos capazes de ficar sem sair em busca dos outros, seja de uma maneira ou de outra. Pedro e João podiam dizer: "Não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido" (At 4.20). Se já estivemos com o Senhor e desfrutamos da Sua presença, nossos corações se transbordarão para com aqueles que nos cercam. Jesus disse aos Seus discípulos: "E vós também testificareis, pois estivestes comigo..." (Joã 15.27).

É maravilhoso usufruirmos, para nós mesmos, das benditas verdades das Escrituras, mas compartilhemos também com os outros, em amor, aquilo que temos, para não estagnarmos em nossa vida cristã. O Mar Morto é morto porque não tem saída. Ele sempre recebe mas nunca dá. Ele não transborda para formar nem mesmo um pequeno córrego que traga algum proveito ao deserto ao seu redor. De graça recebemos. Vamos dar de graça também! Que o Senhor nos auxilie a sermos sensibilizados pela necessidade daqueles que se encontram perdidos e perecendo ao nosso redor. Que possamos despertar e entender a verdade expressa em 2 Reis 7.9: "Este dia é dia de boas novas!"

O tempo é curto. A vinda do Senhor está próxima! Breve o dia da graça terminará e não haverá mais oportunidades de falarmos de Cristo ou sentirmos compaixão pelas almas perdidas que estão ao nosso redor. Que o Senhor nos ajude a sermos fiéis na responsabilidade que Ele entregou a cada um de nós, a fim de podermos desfrutar do gozo de ouvir de Seus lábios estas palavras: "Bem está, servo bom e fiel... entra no gozo do teu Senhor" (Mt 25.21).


Autor: [ Tim Cedarland ]

Fonte: Manjar Celestial

24 de março de 2011

Espírito Santo - Unção, Selo e Penhor


A UNÇÃO DO ESPÍRITO

A unção do Espírito é dada para o serviço. (Lucas 4.18.) O sacerdote em Israel era ungido para o serviço (Êxodo 29). A unção era para separar pessoas para o Senhor, ou, no caso da adoração de Israel, coisas usadas na adoração. Hoje, nós que somos salvos, somos ungidos pelo Espírito. (2 Coríntios 1.21; 1 João 2.27.)

O SELO DO ESPÍRITO

O selo do Espírito serve para marcar aqueles que crêem, como pertencentes a Cristo. (2 Coríntios 1.22.) Sendo assim, é dito em Romanos 8.9 que "se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele", pois um homem não estará ainda totalmente reconhecido como pertencente a Cristo até que seja selado pelo Espírito, mesmo que uma obra de Deus pelo Espírito possa ter começado em sua alma. (Filipenses 1.6.) Todo crente, uma vez selado, é selado até o dia da redenção. (Efésios 4.30.)

O PENHOR DO ESPÍRITO

O penhor do Espírito significa que o Espírito que habita no crente é a garantia de que o crente, com absoluta certeza, irá estar na glória vindoura, incluído nos privilégios que o Espírito procura fazer que desfrutemos desde já. (2 Coríntios 1.22; 5.5; Efésios 1.14.)

CHEIOS DO ESPÍRITO

Somos exortados a nos encher do Espírito (Efésios 5.18), pois quando estamos assim cheios nos rendemos à energia do Espírito que deseja ocupar nossa mente e preencher o nosso coração com Cristo, na glória da Sua Pessoa e na plenitude da Sua obra. Sua obra perfeita glorificou a Deus, e tornou possível que a graça viesse a nós em toda a plenitude dos propósitos de Deus. Para nos rendermos é necessário que mortifiquemos os desejos do corpo, a fim de podermos viver no poder do Espírito e, quando estamos assim cheios, vivemos para Cristo. (Romanos 8.13.) Não se trata de algo que é feito de uma vez para sempre, mas trata-se da aplicação prática e diária da verdade. (Lucas 9.23; 2 Coríntios 4.10.)

Uma pessoa cheia do Espírito não estará ocupada consigo mesma, e nem tampouco com o próprio Espírito, mas com Cristo, Aquele de Quem o Espírito fala. (João 16.13,14.) Estêvão é um maravilhoso exemplo disto. (Atos 7.55.)

H. E. Hayhoe

Extraído do Manjar Celestial

 
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O Espírito Santo


Uma busca cuidadosa nas Escrituras irá mostrar que toda obra de Deus tem sido, e sempre será, em Trindade. É sempre Deus o Pai, em Seu propósito; Cristo, o Filho, como Aquele que executa esses propósitos, e o Espírito, por meio de cujo poder os propósitos são executados.

O Espírito Santo é eterno. (Hebreus 9.14.) Ele é uma Pessoa e não apenas uma influência, pois o Senhor Jesus diz em João 14.16, "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre".

Ele convence o mundo do pecado e avisa do juízo prestes a vir. (João 16.8-11.)

Ele guia a toda a verdade; Ele glorifica a Cristo, e cuida das coisas de Cristo, e as mostra para nós. (João 16.13,14.)

Ele, o Espírito Santo, fala em João 16.13, Atos 13.2, 1 Timóteo 4.1 e Apocalipse 14.13.

Ele reparte a cada um conforme Ele quer. (1 Coríntios 12.11.)

Ele nos auxilia em nossas fraquezas e intercede pelos santos. (Romanos 8.26.)

Ele possui os pensamentos de Deus, por isso temos a mente do Espírito, conforme a vontade de Deus. (Romanos 8.27.)

Ele é o Espírito de verdade - sendo as próprias palavras das Escrituras a expressão do Espírito. (João 16.13; 1 Coríntios 2.13)

O que caracteriza esta presente dispensação (que começou no dia de Pentecostes e terminará com a vinda de Cristo como Noivo para a Sua noiva), é a presença do Espírito Santo de Deus sobre este mundo como uma Pessoa divina. Ele habita na casa da cristandade professa. (Atos 2.2; 1 Coríntios 3.16,17; Efésios 2.22.)

Ele também habita em cada crente. (1 Coríntios 6.19.) Ele é para nós a testemunha de tudo o que Cristo é e de tudo o que Ele fez para a glória de Deus. Também é pelo Espírito que somos levados à privilegiada posição de aceitação em Cristo e de glória vindoura juntamente com Ele. Ele pode ser entristecido por nossa conduta, mas nunca nos deixará. (Efésios 4.30; João 14.16.)

Toda obra de Deus é, como sempre foi, pelo Espírito. No Antigo Testamento, o Espírito de Deus foi o poder na criação. (Gênesis 1.2, Salmos 104.30.)

O Espírito de Deus desceu sobre os santos do Antigo Testamento, mas não habitou neles. (2 Crônicas 15.1.) Algumas vezes isso aconteceu mesmo com aqueles que não pertenciam à família de fé, como Balaão e Saul, no Antigo Testamento (Números 24.2; 1 Samuel 10.10), e Caifás, no Novo Testamento. (João 11.51.)

A vida eterna, agora recebida por fé, é desfrutada pelo poder de um Espírito não entristecido. (João 7.37-39; Efésios 4.30.)

A compreensão das coisas de Deus é fruto de um andar na presença de um Espírito não entristecido. (1 Coríntios 2.15.)

O Espírito de Deus irá sempre ocupar a mente, e encher o coração com Cristo, nunca com o próprio "eu", salvo nos casos em que o "eu" precise ser julgado. Isto nos conserva em temor, porém alegres. Em temor por sermos tão pouco conformados a Ele, e alegres por Ele nos amar tanto.

Os Dons do Espírito Santo


Alguns dos dons do Espírito foram dados para "sinais", e como tal serviram para confirmar a Palavra para aqueles que eram incrédulos. (Atos 14.3; 1 Coríntios 14.22.) Eles não eram para ser utilizados, mesmo quando alguém os possuía, exceto para edificação. Quando se tratava de falar em línguas, devia-se permanecer em silêncio a menos que alguém pudesse interpretar o que era falado, de forma a edificar a assembléia. (1 Coríntios 14.27,28.)

Quanto ao dom de línguas do versículo acima citado, não existe promessa de sua continuação, nem de qualquer um dos outros dons de sinais. (1 Coríntios 12.28-31.) A continuidade é prometida para aqueles dons que expressavam o amor de Cristo para com a igreja. (Efésios 4.11-16.)

O dom de línguas servia para demonstrar a unidade de todos os crentes de todas as nações, unidade esta formada por Deus por ocasião da vinda do Espírito. (Atos 2.4-11; 1 Coríntios 12.13.) Uma vez que a igreja de Deus falhou de forma tão evidente em expressar exteriormente esta unidade, o dom de línguas, assim como todos os dons de sinais, já não são manifestos em nossos dias. Aqueles que professam possuir estes dons devem ser provados à luz das Escrituras. O dom de línguas na Bíblia não se tratava da manifestação de línguas ininteligíveis, mas línguas bem conhecidas e faladas neste mundo. (Atos 2.8.) Quando se tratava de efetuar curas, ninguém saía desapontado. Todos eram curados. (Atos 5.16.) É bom provar, por estas passagens bíblicas, aqueles que proclamam possuir o dom de línguas e de cura nos dias de hoje. (1 Coríntios 4.19,20.)

Além do mais, "os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas". O Espírito de Deus não força um homem a falar a qualquer hora, ou de qualquer maneira, e quando alguém ministra, seu ministério deve ser objeto de um julgamento espiritual por parte de seus irmãos. Além disso, aqueles que falam devem falar um de cada vez, caso contrário haverá confusão. (1 Coríntios 14.27-33.)

Os dons do Espírito não se tratam de habilidades santificadas, mas de uma verdadeira comunicação daquilo que não era possuído anteriormente, embora colocado em um vaso preparado por Deus para esse uso.

Os dons apresentados em 1 Coríntios 12 eram as várias manifestações do Espírito, ali dispostas por Deus e administradas pelo Senhor, e suas operações eram pelo Espírito. Seu uso devia ser para edificação. (1 Coríntios 14.)

Para a época em que a igreja de Deus se transformou numa "grande casa", a palavra em 1 João 4.1 é: "provai se os espíritos são de Deus". Duas coisas devem caracterizar o verdadeiro ministério pelo Espírito: primeiro, deve haver a confissão da verdadeira Deidade e Humanidade de Jesus Cristo; segundo, deve haver submissão à doutrina dos apóstolos conforme é dada na Palavra. Isto é muito importante. (1 João 4.2,6.)

Todo crente é habitado pelo Espírito, e sabe disso pelo amor de Deus que é derramado em seu coração. (Efésios 1.13; 1 Coríntios 6.19; Romanos 5.5.)

Toda bênção cristã é um dom. Não recebemos essas bênçãos por nossos próprios esforços ou orações. Nós as recebemos quando a fé recebe a Cristo, e crê no evangelho da Sua graça. (Efésios 1.3.) Aqueles que creram no evangelho no dia de Pentecostes, receberam também o dom do Espírito. (Atos 2.38.)

O nosso desfrutar daquilo que temos recebido depende do nosso andar. (Romanos 15.13; Efésios 4.30; 1 Coríntios 2.15.) Andemos cuidadosamente, em oração, submissos à Palavra, e julgando tudo aquilo que possa impedir a ação do bendito Espírito de Deus em nos mostrar as coisas que pertencem a Cristo.

É importante lembrar que as Escrituras são inspiradas pelo Espírito de Deus (2 Pedro 1.21), e que o Espírito nunca guiará alguém por um caminho contrário à Palavra.

H. E. Hayhoe

Extraído do Manjar Celestial

Veja mais sobre o Assunto nos links abaixo:

http://vejanabiblia.blogspot.com/2011/03/o-espirito-santo.html

Reino - Entenda o que são os cinco REINOS mencionados na Bíblia


Vários aspectos do Reino - D. T. Grimston


Na Palavra de Deus temos mencionados vários aspectos do reino e é bom entender as diferenças entre eles. Temos o reino de Deus, o reino dos céus, o reino do Pai, o reino do Filho do Homem, o reino do Filho do Seu Amor e o reino Eterno de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

O Reino De Deus

Somos apresentados ao primeiro em conexão com o Senhor Jesus aqui na terra, quando os fariseus interrogaram “quando havia de vir o reino de Deus” (Lucas 17.20). Ele respondeu a eles, “O reino de Deus está entre vós” (Lucas 17.21). O reino de Deus pode ser descrito como a manifestação do poder governante de Deus sob qualquer circunstância. É um estado moral que caracteriza o reino de Deus. Na pessoa de Seu Filho, Deus mostrou seu poder governante naquele tempo – Deus estava lá Nele.

O reino de Deus é também mencionado como existente no tempo presente. Lemos “o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14,17) e outra vez, “o reino de Deus não consiste em palavras, mas em virtude” (I Coríntios 4.20). Aqui o poder governante de Deus é outra vez exibido, não no Filho, mas pelo Espírito, o qual, por meio de Sua presença na terra, produz justiça prática naqueles que crêem e dá a Seus servos poder para corrigir o mal quando preciso. O reino era visto em Cristo enquanto Ele estava na terra, mas agora é visto pelo Espírito. Até que Cristo tivesse subido, ninguém, a não ser Ele, podia estar neste reino. Deste modo o poder governante de Deus é agora manifestado naqueles que são habitados pelo Espírito Santo.

Entretanto, o termo “o reino de Deus” é também aplicado nas escrituras ao que o homem tem feito daquilo que Deus deu no início – aquilo que conhecemos como Cristandade. A “árvore” e o “fermento” de Lucas 13.18-21 nos dão sua dimensão externa e sua condição interna. O que era apenas um grão externamente, em Pentecoste, se tornou uma grande árvore que abriga até os emissários do diabo, enquanto o mal interno e a doutrina corrupta penetraram aquilo que tinha como intenção ser o alimento do crente. Que descrição da Cristandade – um vasto sistema, mas podre por dentro!

Assim Romanos 14.17 e I Coríntios 4.20 descrevem o aspecto divino do reino de Deus, enquanto Lucas 13.18-21 descreve sua condição externa.

O Reino Dos Céus

O termo “o reino dos céus” é usado só em Mateus, pois aqui a verdade é direcionada à consciência dos judeus. Em essência é o governo dos céus reconhecido aqui na terra. Os judeus estavam familiarizados com este pensamento através das escrituras do Velho Testamento. Por exemplo, foi profetizado a Nabucodonosor que seu poder iria continuar após ele ter conhecimento de que “o céu reina” (Daniel 4.26). O Senhor ensinou seus discípulos a orar para que a vontade de Deus fosse feita “assim na terra como no céu” (Mateus 6.10). Assim, quando João Batista veio para apresentar o Messias, anunciou que “é chegado o reino dos céus” (Mateus 3.2). Assim também Jesus fez a mesma afirmação (Mateus 4.17) e mais tarde os doze apóstolos (Mateus 10.7). Entretanto, o rei legítimo foi rejeitado e conseqüentemente o reino dos céus assume uma forma misteriosa – a de um reino cujo rei está ausente. O Senhor se torna um semeador e o reino dos céus toma um novo caráter que os profetas não mencionaram – uma esfera dominada pelo mal e com uma colheita misturada. Alguns são verdadeiros, enquanto outros aceitam a autoridade de Cristo só nominalmente, como professantes.

João Batista não estava no reino dos céus, pois a porta não estava amplamente aberta até que Pedro a abrisse no dia de Pentecoste. Assim “se faz violência ao reino dos céus” (Mateus 11.12) – ou seja, aqueles que realmente desejam é que alcançam o objetivo que têm buscado desde os dias de João Batista. Quanto às formas interna e externa, algumas semelhanças são aplicadas a ambos os reinos dos céus e de Deus – o grão de mostarda se tornando uma grande árvore e uma medida de farinha se tornando levedada.

Externamente, então, o reino dos céus é como um campo de joio, uma árvore e o fermento – uma mistura do povo de Deus com aqueles que são de Satanás. É a esfera de profissão cristã na terra – um sistema amplamente espalhado, externamente poderoso, mas internamente corrupto. Mas para a fé há uma forma íntima ou divina e isto é visto no “tesouro” e na “pérola” (Mateus 13.44-46). Estes dois são o reino dos céus do ponto de vista de Deus. Assim o reino dos céus é propriamente o governo dos céus sobre a terra. Foi recusado pelo homem e assim existe hoje de um modo misterioso. Naquele tempo será conhecido em parte como o reino do Pai e em parte como o reino do Filho do Homem.

O Reino do Pai e o Reino do Filho do Homem

Ambos se iniciam simultaneamente. O Reino do Pai se refere às coisas lá acima e o Reino do Filho do Homem às coisas aqui abaixo.

Os santos celestes, incluindo aqueles do remanescente judeu, “resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” (Mateus 13.43). Do mesmo modo o Senhor, falando aos discípulos quando Ele instituía o Seu próprio memorial, pôde dizer, “não beberei deste fruto da vide até aquele dia em que o beba de novo convosco no reino de meu Pai” (Mateus 26.29). O reino do Pai é para o povo celeste.

Por outro lado, o reino do Filho do Homem é para o povo terreno, uma vez que Ele toma a liderança de tudo aqui abaixo, o lugar que Adão perdeu. Como Filho do Homem Ele exerce juízo e como Filho do Homem dá as boas-vindas para Seu reino aos benditos de Seu Pai – as ovelhas (Mateus 25.32-34) que foram fiéis a Ele em Sua ausência.

Assim o reino milenar “de nosso Senhor e do Seu Cristo” (Apocalipse 11.15) tem um aspecto celeste e um terreno. Um é a esfera da glória do Pai, o outro, o cenário do governo do Filho do Homem.

O Reino do Filho do Seu Amor

Finalmente devemos notar as expressões “o reino do Filho do Seu Amor” (Colossenses 1.13) e o “reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (II Pedro 1.11). Estes são distintos daqueles que já mencionamos e nos dão o pensamento mais de posição que de manifestação. Cada um deles é mencionado uma só vez na Escritura e podem ser mais sentidos que descritos. Cristo tem um reino presente, um que o amor do Pai conferiu a Ele, o Filho de Suas afeições e para dentro deste, nós que cremos, fomos já trasladados. É uma região de bênção na qual Cristo é o centro.

O outro, o “eterno reino de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”, está diante de nós e é um bendito contraste das coisas que estão se esvaecendo à nossa volta. É eterno e iremos compartilhar com Ele. Seu desejo é o de que entremos nele, podemos dizer, “a toda vela”. Que isto possa ser nosso para acrescentarmos à nossa fé todas as coisas que II Pedro 1.5-7 contém, de modo que uma entrada ampla àquele reino possa ser ministrada a nós.

D. T. Grimston (cerca de 1870), traduzido de “The Christian” de Março 2007


Texto extraído do Manjar Celestial

Santificação - O que é santificação


Texto escrito por C. H. Mackintosh no século 19


Tendo o propósito de ministrar paz e conforto àqueles que, embora verdadeiramente convertidos, ainda não se apossaram da plenitude de Cristo, e que, como consequência, não estão desfrutando da liberdade do evangelho, consideramos de grande interesse e importância escrever sobre o assunto da Santificação. Cremos que muitos, daqueles cujo bem estar espiritual desejamos promover, sofrem por terem uma idéia errada acerca deste assunto. Na verdade, em alguns casos, a doutrina da santificação é tão mal compreendida que chega a interferir com a fé na perfeita justificação e aceitação do crente perante Deus.

Temos ouvido, com certa frequência, pessoas se referirem à santificação como se fosse um trabalho progressivo, por meio do qual nossa velha natureza seria gradativamente melhorada. Além disso, afirmam que enquanto esse processo não atingir o seu clímax, ou seja, enquanto a natureza humana, caída e arruinada, não for completamente santificada, não estaremos preparados para o céu.

Tanto as Escrituras como a experiência prática de todos os crentes são totalmente contrárias a tal pensamento. A Palavra de Deus não nos ensina que o Espírito Santo tenha como objetivo o aperfeiçoamento, mesmo que gradual ou de que forma for, de nossa velha natureza -- aquela mesma natureza que herdamos, por nascimento natural, do caído Adão. O apóstolo inspirado declara expressamente que "o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1 Co. 2:14). Esta passagem é clara e conclusiva quanto a este ponto. Se o "homem natural" não pode "compreender", nem "entender", "as coisas do Espírito de Deus", como poderia este mesmo "homem natural" ser santificado pelo Espírito Santo? Não está evidente que falar em santificação de nossa natureza está em oposição direta ao ensinamento de 1 Coríntios 2:14? Outras passagens poderiam ser acrescentadas para provar que o desígnio das operações do Espírito não é o de aperfeiçoar ou santificar a carne, porém não há necessidade de multiplicar as citações bíblicas. Algo que está completamente arruinado não pode nunca ser santificado.

Não importa o que se faça com a velha natureza ela continua arruinada, e, com toda a certeza, o Espírito Santo não desceu para santificar a ruína, mas para conduzir o arruinado a Jesus. Ao invés de encontrarmos qualquer tentativa de santificação da carne, lemos que "a carne cobiça (ou milita) contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro" (Gl. 5:17). Poderia o Espírito Santo ser apresentado como efetuando um combate contra aquilo que Ele estaria gradualmente aperfeiçoando ou santificando? Acaso não cessaria o conflito tão logo o processo de aperfeiçoamento tivesse atingido o seu ponto máximo? No entanto, será que o conflito do crente alguma vez cessa enquanto ele estiver no corpo?

Isto nos leva à segunda objeção à teoria errônea da santificação progressiva da nossa natureza, a saber, A objeção criada pela sincera experiência prática de todos os crentes. Você, que lê estas linhas, é um verdadeiro crente? Se for, acaso já notou algum aperfeiçoamento em sua velha natureza? Há nela algum aspecto que seja melhor agora do que quando começou em sua vida cristã? Talvez agora você possa, e é certo que pela graça deverá poder, subjugá-la com maior rigor, mas será que ela melhora com isso? Se ela não for mortificada, estará sempre pronta para surgir novamente e se mostrar com a mesma vileza de sempre. A carne em um crente não é em nada melhor do que a carne em um incrédulo. E se o cristão não tiver firme em sua mente que o EU deve ser julgado, ele logo irá aprender, por amarga experiência, que sua velha natureza é tão má agora como sempre o foi; e continuará assim até o fim.

É difícil conceber que alguém, que é levado a esperar uma melhora gradativa de sua natureza, possa desfrutar de um momento de paz, uma vez que tal pessoa não poderá deixar de ver, caso examine a si mesma à luz da Palavra de Deus, que seu velho EU -- sua carne -- é o mesmo de quando ele caminhava na escuridão moral de seu estado de inconverso. O seu caráter e a sua condição estão, de fato, bastante mudados pela posse de uma nova natureza, sim, de uma "natureza divina" (2 Pd. 1:4), e pela incorporação do Espírito Santo para dar cumprimento à Sua vontade. Mas, no momento em que é permitido que a velha natureza volte a agir, o crente a encontrará, como sempre, em completa oposição a Deus.

Não temos qualquer dúvida de que, na sua grande maioria, a melancolia e o abatimento de que muitos crentes se queixam podem ser uma consequência da má compreensão deste importante assunto que é a santificação. Muitos estão procurando o que nunca podem encontrar; estão buscando a paz com base em uma natureza santificada ao invés de a procurarem no sacrifício perfeito; buscam-na num contínuo trabalho de santidade quando deveriam buscá-la numa completa obra de expiação. Tais pessoas consideram uma presunção crer que seus pecados estão perdoados enquanto sua natureza má não estiver completamente santificada e, ao perceberem que nunca alcançam isto, acabam por não desfrutar de uma completa certeza de perdão, vivendo, consequentemente, uma vida triste. Em poucas palavras, estão buscando um fundamento totalmente diferente daquele que Jeová afirma haver colocado, e vivem, por conseguinte, uma vida de incertezas. A única coisa que parece dar-lhes uma centelha de conforto é algum esforço aparentemente bem sucedido em sua luta por santidade pessoal. Se tiverem um bom dia, se forem favorecidos com um período de agradável comunhão, se puderem usufruir de um sentimento pacífico e devoto, estarão prontos a proclamar: "Tu, Senhor, pelo Teu favor fizeste forte a minha montanha" (Sl. 30:7).

Mas, oh! quão deplorável é o fundamento para a paz de espírito que tais coisas oferecem! Tais coisas não são Cristo, e enquanto não estivermos cientes de que nossa posição diante de Deus é em Cristo, a paz não poderá se estabelecer. A alma que verdadeiramente se apossou de Cristo é deveras desejosa de santidade, porém está ciente do que Cristo é para si. Tal pessoa encontrou seu tudo em Cristo, e o desejo supremo do seu coração é crescer à Sua semelhança. Esta é a verdadeira santificação prática.

Frequentemente ocorre que pessoas, ao falarem de santificação, tenham em mente a coisa certa, apesar de não conseguirem se expressar de acordo com os ensinamentos das Sagradas Escrituras. Há também muitos que vêem apenas um lado da verdade acerca da santificação, sem enxergarem o outro, e, embora possamos estar parecendo alguém que faz dos outros transgressores da Palavra, é sempre mais desejável, ao falarmos de qualquer assunto relativo à Palavra e ainda mais deste assunto de tanta importância como é a santificação, que falemos de acordo com a divina integridade da Palavra de Deus. Devemos, portanto, apresentar aos nossos leitores algumas das principais passagens do Novo Testamento nas quais esta doutrina é exposta. Estas passagens irão nos ensinar duas coisas: o que é santificação e como é efetuada.

A primeira passagem à qual chamaremos a atenção é 1 Coríntios 1:30: "Mas vós sois dEle, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção". Aqui aprendemos que Cristo "foi feito" todas estas coisas. Deus nos tem dado, em Cristo, um precioso porta-jóias, e quando o abrimos com a chave da fé, a primeira jóia que resplandece aos nossos olhos, na sabedoria de Deus, é: "justiça"; então, "santificação" e, finalmente, "redenção". Temos isso tudo em Cristo. Quando recebemos um, recebemos todos. E como recebemos um e todos? Pela fé. Então, por que o apóstolo cita redenção por último? Porque ela se cumpre no livramento final do crente de seu corpo, de sob o poder da mortalidade, quando a voz do arcanjo e a trombeta de Deus deverá levantá-lo do túmulo, ou transformá-lo, "num abrir e fechar de olhos". O corpo está agora numa condição e, "num momento", estará em outra. No curto espaço de tempo expressado pelo rápido movimento das pálpebras, o corpo passará da corrupção para a incorrupção; da desonra para a glória; da fraqueza para o poder. Que mudança! Será imediata, completa, eterna!

Mas o que devemos aprender do fato de a "santificação" estar colocada naquele grupo juntamente com "redenção"? Aprendemos que aquilo que a redenção será para o corpo, a santificação é agora para a alma. Em poucas palavras, santificação, no sentido em que é aqui usada, é imediata e completa -- um trabalho divino. No que diz respeito à santificação e à redenção, uma não é mais progressiva do que a outra. Uma é tão completa e independente do homem quanto a outra. Sem dúvida, quando o corpo tiver passado pela gloriosa mudança, haverá picos de glória a serem atingidos, profundezas de glória a serem penetradas e extensos campos de glória a serem explorados. Todas estas coisas irão nos ocupar através da eternidade. Mas, então, a obra para nos preparar para tais cenas será feito em um momento. O mesmo sucede com relação à santificação: seus resultados práticos estão constantemente se apresentando, mas ela, em si mesma, trata-se de algo realizado em um só momento.

Que imenso alívio seria para milhares de almas zelosas, ansiosas e batalhadoras, se compreendessem isto e tivessem uma apropriada possessão de Cristo como santificação! Quantos estão se empenhando em realizar uma santificação por si mesmos! Após muitos esforços infrutíferos buscando conseguir justiça em si mesmos, foram a Cristo para obtê-la; e, no entanto, não querem fazer o mesmo quando se trata de buscar por santificação. Receberam "justiça sem obras" e esperam conseguir santificação com obras. Receberam justiça pela fé, mas acham que a santificação deve ser conseguida por esforço próprio. Não percebem que recebemos santificação exatamente da mesma maneira que recebemos justiça, visto que Cristo "para nós foi feito por Deus" tanto uma coisa como outra. Recebemos a Cristo pelo esforço? Não, mas pela fé! Pois "aquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça" (Rm. 4:5). Isto se aplica a tudo o que recebemos em Cristo. Nós não estamos autorizados a separar de 1 Coríntios 1:30 o assunto da santificação, colocando-o em um plano diferente das outras bênçãos que o versículo engloba. Também não temos sabedoria, justiça, santificação e, tampouco, redenção em nós mesmos; e nem podemos adquiri-las por algo que possamos fazer; mas Deus fez com que Cristo fosse todas estas coisas em nós. Nos dando Cristo, Ele nos deu tudo o que está em Cristo. A plenitude de Cristo é nossa, e Cristo é a plenitude de Deus.

Em Atos 26:18, é falado, com respeito aos gentios convertidos, como recebendo "a remissão dos pecados, e sorte entre os santificados pela fé". Aqui a fé é o instrumento pelo qual nos é dito para sermos santificados, pois nos liga com Cristo. No exato momento em que o pecador crê no Senhor Jesus Cristo, é ligado a Ele. É feito UM com Ele, completo nEle, aceito nEle. Isto é verdadeira santificação e justificação. Não se trata de um processo. Não é um trabalho gradual. Não é progressiva. A palavra está bem explícita. É dito: "...os santificados pela fé em mim". Não diz "...os que deverão ser santificados", ou "...os que estão sendo santificados". Se esta fosse a doutrina, assim ela seria exposta.

Não há dúvida de que o crente cresce no conhecimento de sua santificação, na consciência do poder e do valor que ela tem, na sua influência e seus resultados práticos, e na experiência e gozo dela. Tão logo a verdade derrame sua luz divina sobre a alma, o crente entra numa compreensão mais profunda daquilo que envolve o fato de se estar separado para Cristo, em meio a este mundo satânico. Isso tudo é abençoadamente verdadeiro, mas quanto mais a verdade é visualizada, mais claramente iremos entender que santificação não é meramente um trabalho progressivo operado em nós pelo Espírito Santo, mas é o resultado de nossa ligação a Cristo pela fé, por meio da qual nos tornamos participantes de tudo o que Ele é. Este é um trabalho imediato, completo e eterno. "...tudo quanto Deus faz durará eternamente: nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar." (Ec. 3:14). Se Ele justifica ou santifica, "durará eternamente". O selo da eternidade é fixado sobre todo o trabalho da mão de Deus; "nada se lhe deve acrescentar" e, louvado seja o Seu nome, "nada se lhe deve tirar".

Há passagens que apresentam o assunto em outro aspecto, -- o resultado prático no crente de sua santificação em Cristo, o que pode exigir uma consideração mais apurada daqui para frente. Em 1 Tessalonicenses 5:23, o apóstolo roga aos santos aos quais se dirige: "E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo". A palavra santifique, aqui, está no sentido de se distinguir determinadas classes de santificação. Os Tessalonicenses tiveram, assim como todos os crentes, uma perfeita santificação em Cristo, porém, no que se refere à apreciação e manifestação prática dessa santificação, isto foi apenas consumado em parte, razão pela qual o apóstolo roga para que eles fossem totalmente santificados.

É digno de nota que nesta passagem nada é dito a respeito da carne. Nossa natureza caída e corrompida é sempre tratada como algo irremediavelmente arruinado. Ela foi pesada na balança e achada em falta. Foi medida por um padrão divino e se mostrou insuficiente. Foi conferida por um fio de prumo divino e provou estar desaprumada. Deus a rejeitou. A velha natureza encontrou o seu fim perante Deus e foi por Ele condenada e entregue à morte (Rm. 8:3). Nosso velho homem está crucificado, morto e sepultado (Rm. 6:8). Estaremos nós, mesmo que por um momento, a imaginar que Deus -- o Espírito Santo -- desceria dos céus com o propósito de desenterrar algo condenado, crucificado e enterrado, a fim de podê-la santificar? Basta apenas que se identifique o que implica tal idéia para que a mesma seja abandonada para sempre por todo aquele que se sujeita à autoridade das Escrituras. Quanto mais acuradamente estudarmos a Lei, os Profetas, os Salmos e todo o Novo Testamento, iremos ver que a carne é totalmente irrecuperável. Ela não é boa para coisa alguma e o Espírito não a santifica, pelo contrário, capacita o crente a mortificá-la. Nos é dito que lancemos fora o velho homem. Tal preceito nunca nos teria sido dado se o objetivo do Espírito Santo fosse a santificação daquele velho homem.

Cremos que ninguém irá nos acusar de estarmos alimentando o desejo de rebaixar o padrão de santidade pessoal, ou enfraquecer sinceras aspirações de uma alma que tenha crescido naquela pureza que todo verdadeiro cristão deve desejar ardentemente. Longe de nós tal pensamento! Se existe algo que desejamos promover em nós mesmos e, acima de tudo, nos outros, é uma completa pureza pessoal; uma santidade divinamente prática; uma sincera separação para Deus, de todo o mal e em todas as formas e maneiras. Por isto nós ambicionamos, por isto oramos e nisto desejamos crescer diariamente.

Porém, estamos plenamente convencidos de que um edifício de santidade verdadeira e prática nunca pode ser erigido sobre um alicerce legalista, e, por conseguinte, chamamos a atenção dos leitores para 1 Coríntios 1:30. É triste vermos que muitos daqueles que, de uma forma ou de outra, deixaram qualquer base legalista no que se refere à justiça, hesitem em fazer o mesmo para abraçar a santificação. Cremos ser este o engano de milhares de pessoas, e estamos ansiosos em vê-lo corrigido. A passagem citada poderia corrigir inteiramente este sério erro, se tão somente fosse recebida no coração pela fé.

Todos os cristãos com algum discernimento concordam quanto à verdade fundamental da justificação sem obras. Todos admitem plenamente que não podemos, por nosso próprio esforço, produzir uma auto-justificação diante de Deus. Mas será que não está igualmente claro que a justificação e a santificação encontram-se exatamente sobre o mesmo plano na Palavra de Deus? Não podemos produzir uma santificação do mesmo modo como não podemos produzir uma justificação. Podemos tentar fazê-lo, mas cedo ou tarde descobriremos que terá sido totalmente em vão. Podemos prometer e decidir; podemos trabalhar e lutar; podemos nutrir a vã esperança de que amanhã agiremos melhor do que hoje; mas no fim acabaremos constrangidos a reconhecer, sentir e confessar que somos tão incapazes naquilo que se refere à santificação como o somos no que diz respeito à justificação.

Ah! que doce alívio para o que sofre e tem buscado por satisfação e descanso em sua própria santidade, quando descobre, após anos de luta vã, que exatamente aquilo que ele tanto ambiciona está entesourado para ele em Cristo! Ao descobrir isto, sua alma torna-se serena em uma completa santificação a ser desfrutada pela fé! Ao viver batalhando contra seus hábitos, suas concupiscências, seu mau gênio e suas paixões, esse crente tem feito o mais penoso dos esforços para subjugar sua carne e crescer em santidade interior, mas ai! ele tem falhado (compare com Romanos 7). Ele descobre, para seu profundo desgosto, que ele não é santo, e lê que "sem a qual (santificação) ninguém verá o Senhor" (Hb. 12:14). Aqui não nos fala de um certo grau ou estágio de santificação, mas sem a coisa em si, a qual todo cristão possui desde o momento em que crê, quer ele saiba disto ou não. A perfeita santificação está tão incluída na palavra salvação quanto a justificação ou a redenção. Não se recebe a Cristo por esforço, mas pela fé, e quando se recebe a Cristo, recebe-se tudo o que está em Cristo. Consequentemente, é permanecendo em Cristo que se encontra poder para subjugar as concupiscências, paixões, mau gênio, maus hábitos, circunstâncias e influências nocivas. O crente deve contar com Jesus em tudo.

Tudo isso é simples para a fé. O lugar do crente é em Cristo, e se o crente está em Cristo para uma coisa, deve estar em Cristo para todas as coisas. Não pode estar em Cristo para a justificação e fora de Cristo para santificação. Se eu devo a Cristo a justificação, devo igualmente a Ele a santificação.. Não devo ao legalismo nem uma coisa nem outra. Recebo ambas pela graça, por meio da fé, e tudo em Cristo. Sim, TUDO em Cristo. No momento em que o pecador vem a Cristo e crê nEle, é tirado completamente do velho plano da natureza; ele perde sua velha situação legal e tudo o que diz respeito à mesma, e é visto como estando em Cristo. Ele não está mais na carne, mas no Espírito (Rm. 8:9). Deus o vê apenas em Cristo e em conformidade com Cristo. Ele se torna um com Cristo para sempre. "Porque, qual Ele é, somos nós também neste mundo" (1 Jo. 4:17). Tal é a posição absoluta, a posição estabelecida e eterna do mais fraco bebê na família de Deus. Não há mais do que uma posição para todo filho de Deus, todo membro de Cristo. Seu conhecimento, experiência, poder, dom e inteligência, podem variar, mas sua posição é uma só. Seja quanto à sua justificação ou santificação, o crente possui tudo, e deve tudo, à sua permanência em Cristo. Se alguém não obteve uma completa santificação, tampouco terá obtido uma completa justificação. Mas 1 Coríntios 1:30 ensina claramente que Cristo "para nós foi feito por Deus" tanto uma quanto a outra em todos os crentes. Não nos é dito que tenhamos justificação e um pouco de santificação. Se não temos autoridade para colocar a palavra um pouco antes de justificação, também não temos autoridade para fazer isto com a santificação. O Espírito de Deus não coloca a palavra um pouco antes de nenhuma delas. Ambas são perfeitas, e as temos, ambas, em Cristo. Deus nunca faz algo pela metade. Não há algo como meia-justificação. Tampouco há algo como meia-santificação. A idéia de que um membro da família de Deus ou do corpo de Cristo seja totalmente justificado, mas apenas meio santificado é, por princípio, contra as Escrituras, e revoltante à toda a sensibilidade da natureza divina.

Não é improvável que muito da má compreensão que prevalece, com respeito à santificação, seja devido ao costume que se tem de confundir duas coisas que diferem muito na prática, a saber, nossa posição e nossa condição. A posição do crente é perfeita, pois ela é um dom de Deus em Cristo. Porém, a condição ou maneira de agir do crente, esta sim pode ser bem imperfeita, oscilante e marcada por insegurança pessoal. Enquanto sua posição é absoluta e inalterável, sua condição prática pode exibir muitas imperfeições, uma vez que ele permanece no corpo e cercado por várias influências hostis que dia a dia afetam a sua condição moral. Se, então, sua posição for avaliada por sua maneira de agir, por sua situação ou condição; ou o que ele é sob o ponto de vista de Deus for avaliado do ponto de vista dos homens, então o resultado apresentado será falso. Se eu tentar chamar à razão tudo aquilo que sou em mim mesmo, ao invés do que eu sou em Cristo, devo, necessariamente, chegar à uma conclusão errada.

Nós devemos olhar para tudo isso com muito cuidado. Estamos sempre muito dispostos a raciocinar de baixo para cima, de nós para Deus, ao invés de o fazermos de cima para baixo, de Deus para nós. Devemos ter em mente que:

Longe como as órbitas celestes que brilham,
Além de onde as nódoas da terra ascendem,
Além de meus pensamentos, além do chão que meus pés trilham,
Vossos caminhos e pensamentos transcendem.

Deus olha para Seu povo, e age para com ele de acordo com sua posição em Cristo. Deus deu-lhes essa posição. É Ele Quem faz com que sejam o que são; são o fruto do Seu trabalho. Portanto, tratá-los como estando meio-justificados é uma desonra para Deus, tanto quanto considerá-los como meio-santificados.

Esta linha de pensamento nos conduz a outra forte prova tirada da autorizada e conclusiva página de inspiração divina, a saber, 1 Coríntios 6:20. Nos versículos precedentes, o apóstolo pinta um quadro horrível da natureza humana caída, e adverte sinceramente aos santos de Corinto que eles haviam sido exatamente aquilo. "E é o que alguns têm sido" (1 Co. 6:11). Esta é uma declaração cabal. Não há palavras lisonjeiras; não há rodeios e nem se tenta esconder a verdade completa quanto à ruína irreversível da natureza humana. "E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus" (1 Co. 6:11).

Que flagrante contraste antes e depois do "mas" dito pelo apóstolo. De um lado temos toda a degradação moral da condição humana, e, do outro, encontramos a absoluta perfeição da posição do crente diante de Deus. Isto é, verdadeiramente, um maravilhoso contraste, e deve ser lembrado que a alma passa, em um instante, de um lado para o outro deste "mas". "E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados..." (1 Co. 6:11), o que os torna bem diferentes. No momento em que receberam o evangelho de Paulo, eles foram "lavados, santificados e justificados". Ficaram prontos para o céu e, se assim não fosse, haveria uma mancha na obra divina.

De toda mancha nos limpar,
Foi Teu desejo, Senhor;
Me atreveria a duvidar
Do alcance do Teu favor?

A Tua Palavra é fiel
Tua obra completa e cabal;
Estou seguro! Vou rumo ao céu!
Iria eu, duvidar, afinal?

Isso tudo é divinamente verdadeiro! O mais inexperiente crente está limpo de toda mancha, não por mérito, mas como consequência de estar em Cristo. Ele deverá, evidentemente, cultivar o conhecimento e a experiência do que é realmente santificação. Ele irá, assim, entrar no poder prático da santificação; no seu efeito moral sobre os seus hábitos, pensamentos, sentimentos e afeições. Em suma, ele irá entender e exibir a poderosa influência da santificação divina sobre o seu caráter e sua conduta. Porém, quando assim for, ele estará tão santificado aos olhos de Deus, quanto no momento em que foi unido a Cristo pela fé; sua santificação estará tão completa quanto quando se encontrar exposto à luz da divina presença, refletindo os raios de glória emanados do trono de Deus e do Cordeiro. Ele se encontra em Cristo agora; ele se encontrará em Cristo então. Sua condição, ou seja, as circunstâncias e a esfera em que se encontra, será diferente. Seus pés estarão, então, sobre o piso de ouro do santuário nas alturas, ao invés de estarem em contato com a árida superfície do deserto. Ele se encontrará em um corpo de glória, ao invés de estar em um corpo de humilhação. Porém, no que diz respeito à sua posição, sua aceitação, sua plenitude, sua justificação e sua santificação, tudo já terá sido estabelecido no momento em que creu no unigênito Filho de Deus -- tão estabelecido quanto sempre estará, pois foi tão estabelecido quanto Deus é capaz de fazê-lo. Tudo isso parece fluir como a conclusão necessária e inquestionável de 1 Coríntios 6:11.

É da maior importância compreender, com clareza, a diferença entre uma verdade e sua aplicação prática ou o resultado que essa verdade produz. Esta distinção é sempre mantida na Palavra de Deus. Você já está santificado! Esta é a verdade absoluta, tanto no que diz respeito ao crente, quanto no que é visualizada em Cristo. A aplicação prática disso, e seus resultados no crente, poderemos encontrar em passagens como esta: "Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra" (Ef. 5:25,26). "E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo" (1 Ts. 5:23).

Mas como esta aplicação é feita e este resultado alcançado? Pelo Espírito Santo, por meio da Palavra escrita. Por isso lemos em João 17:17: "Santifica-os na verdade". E também, em 2 Tessalonicenses 2:13, "por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade", e 1 Pedro 1:2, "eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito".

O Espírito Santo efetua a santificação prática do crente com base na obra completa de Cristo, e Sua maneira de agir é pela aplicação, no coração e na consciência do crente, da verdade como ela é em Jesus. O Espírito Santo apresenta a verdade acerca da nossa posição perfeita perante Deus em Cristo, e, alimentando o novo homem em nós, nos capacita a lançar fora tudo o que não está de acordo com aquela posição. Um homem que é lavado, santificado e justificado, não estará satisfeito com qualquer atitude de mau gênio, concupiscência ou paixão impura. Ele é separado para Deus e deveria limpar-se de toda imundícia da carne e do espírito. É seu privilégio sagrado e feliz aspirar pelas mais sublimes alturas da santidade pessoal, e seu coração e seus hábitos devem ser dominados e estar sob o poder daquela grande verdade de que ele está perfeitamente lavado, santificado e justificado.

Esta é a verdadeira santificação prática; não se trata de uma tentativa de aperfeiçoar nossa velha natureza ou de se empenhar inutilmente em tentar reconstruir uma ruína irrecuperável. Não; trata-se simplesmente do Espírito Santo, pela poderosa aplicação da verdade, capacitando o novo homem a viver, agir e existir naquela esfera à qual ele agora pertence. Aí sim, sem sombra de dúvida, haverá verdadeiro progresso. Haverá crescimento no poder moral desta preciosa verdade -- crescimento em habilidade espiritual para subjugar a natureza e mantê-la sob todos aqueles atributos -- um crescente poder de separação do mal ao nosso redor -- um crescente desvendar do céu ao qual pertencemos e para o qual estamos caminhando -- uma crescente capacidade para a apreciação de seus exercícios sagrados. Tudo isso será por meio do gracioso ministério do Espírito Santo, que usa a Palavra de Deus para desvendar às nossas almas a verdade sobre o caminhar que convém a uma tal posição. Mas deve ficar bem claramente compreendido que a obra do Espírito Santo na santificação prática, dia a dia, está fundamentada no fato de que os crentes estão "santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez" (Hb. 10:10). O objetivo do Espírito Santo é nos indicar o conhecimento, a experiência e a exibição prática daquilo que tornou-se verdadeiramente nosso no momento em que cremos. Neste aspecto não existe progresso pois nossa posição em Cristo é eternamente completa.

"Santifica-os na verdade: a tua palavra é a verdade" (Jo. 17:17). E também, "O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo" (1 Ts. 5:23). Nestas passagens encontramos o importante aspecto prático da questão. Aqui vemos a santificação apresentada, não apenas como algo absoluta e eternamente verdadeiro para nós em Cristo, mas também como algo que é trabalhado em nós, a cada dia e hora, pelo Espírito Santo por meio da Palavra. Quando encarada deste ponto de vista, a santificação é, evidentemente, algo progressivo. Eu deveria estar mais avançado em santidade no próximo ano do que estive neste. E deveria, pela graça, estar avançando dia a dia em santidade prática. Mas será que isto nada mais é do que a expressão prática, na minha própria pessoa, daquilo que já era completamente meu em Cristo, no exato momento em que cri? O fundamento sobre o qual o Espírito Santo executa a obra subjetiva no crente, nada mais é do que a verdade objetiva de sua eterna perfeição em Cristo.

Assim, "segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hb. 12:14). A santificação é apresentada aqui como algo a ser seguido -- a ser alcançado por uma busca zelosa -- algo que todo verdadeiro crente irá sempre cultivar.

Que o Senhor possa nos dirigir dentro do poder dessas coisas. Que elas não venham habitar como dogmas ou doutrinas na região de nosso intelecto, mas entrem e permaneçam no coração como realidades sagradas e poderosamente influentes! Que possamos conhecer o poder santificador da verdade (Jo. 17:17); o poder santificador da fé (At. 26:18); o poder santificador do nome de Jesus (1 Co.1:30; 6:2); a santificação do Espírito Santo (1 Pd. 1:2); a graça santificadora do Pai (Jd. 1).

C. H. Mackintosh
Extraído do Manjar Celestial