30 de dezembro de 2012

Parte 5. A Igreja Como Administrado por Paulo - Ef 3.



Vimos a Igreja segundo os conselhos de Deus na primeira porção da epístola aos
Efésios 1; 2:1-10. Vimos também a Igreja nos caminhos de Deus na terra em Efésios 2: 11-
22. Chegando agora ao terceiro capítulo, temos a apresentação da Igreja com relação à
administração de Paulo. O capítulo inteiro é um parêntese. Efésios 2 apresenta a doutrina da
Igreja; Efésios 4, as exortações práticas baseadas na doutrina. Entre a doutrina e as
exortações temos esta digressão importante na qual o Espírito Santo apresenta a
administração especial, ou serviço, confiado a Paulo com relação à verdade da Igreja.

Em conexão com este serviço aprendemos que foi a insistência na verdade sobre a
Igreja que levou o apóstolo para dentro das paredes de uma prisão. Esta grande verdade
acordou o ódio especial e a hostilidade dos judeus ainda mais porque não apenas via os
judeus e os gentios na mesma posição perante Deus – mortos em transgressões e pecados –
mas porque recusava completamente exaltar os judeus a um lugar da bênção acima dos
gentios.

Somos então informados por que meios o apóstolo adquiriu o seu conhecimento da
verdade do mistério. Não foi por comunicações de homens, mas por uma revelação direta
de Deus: “Por revelação Ele fez conhecido a mim o mistério”. Isso encontra uma grande
dificuldade que surge com relação à verdade do mistério. Quando Paulo pregou o
Evangelho nas sinagogas judaicas, ele invariavelmente apelou para as Escrituras (ver At 13:
27, 29, 32, 35, 47; At 17: 2), e os judeus de Bereá são expressamente louvados já que
procuraram nas Escrituras para ver se a palavra pregada por Paulo estava de acordo com
ela. Mas quando o apóstolo ministrava a verdade da Igreja, ele não podia apelar mais para o
Velho Testamento para a confirmação. Seria inútil aos seus ouvintes procurar as Escrituras
para ver se essas coisas eram assim. A descrença dos judeus tornou difícil para eles
aceitarem muitas verdades que estavam em suas Escrituras, mesmo Nicodemos falhou em
ter um vislumbre da verdade do novo nascimento. Mas aceitar algo que não estava ali, algo,
também, que deixa de lado todo o sistema judaico que estava ali, e que tinha existido com o
consentimento de Deus por séculos, era, para os judeus como tais, uma dificuldade
insuperável.

Muitos cristãos dificilmente podem apreciar esta dificuldade já que a verdade da
Igreja está basicamente obscurecida em suas mentes, ou até totalmente perdida. Vendo a
Igreja como a agregação de todos os crentes em todos os tempos, eles não têm nenhuma
dificuldade em encontrar o que acreditam ser a Igreja no Velho Testamento. Porque esse foi
o pensamento dos homens piedosos que é amplamente comprovado pelos títulos que deram
a muitos capítulos do Velho Testamento (exemplo Salmos 45). Aceite, contudo, a verdade
da Igreja, como revelada na epístola aos Efésios, e então enfrentaremos essa dificuldade
que só pode ser encontrada pelo fato de que a verdade da Igreja é uma revelação
inteiramente nova.

Essa grande verdade que Paulo tinha recebido por revelação ele descreve como “o
mistério” e novamente no verso 4 como “o mistério de Cristo”. Ao utilizar o termo
mistério, Paulo não deseja transmitir o pensamento de algo misterioso – uma utilização
puramente humana da palavra. Na Escritura um mistério é algo que foi antes guardado em
secreto, que não poderia ser de outra maneira conhecido a não ser pela revelação, e, quando
revelado, só pode ser compreendido pela fé. O apóstolo passa a explicar que este mistério
não foi feito conhecido aos filhos dos homens durante os dias do Velho Testamento mas
agora é feito conhecido pela revelação aos “santos apóstolos e profetas pelo Espírito”. Os
profetas ditos aqui claramente não são os profetas do Velho Testamento, nem mesmo em
Efésios 2: 20. Em ambos os casos a ordem é “apóstolos e profetas”, não “profetas e
apóstolos”, como seria de se esperar a referência ali não é aos profetas do Velho
Testamento. Além disso, o apóstolo está falando do que é revelado “agora”, em contraste
com o que foi outrora revelado.

Qual então é este mistério? Evidentemente não é o Evangelho o qual não estava
escondido em outras eras. O Velho Testamento é cheio de alusões à graça de Deus e ao
Salvador que viria, embora essas revelações fossem muito pouco entendidas. Nos é
claramente dito no verso 6 que esta nova revelação é que os gentios “são co-herdeiros, e de
um mesmo corpo, e participantes da [Sua] promessa em Cristo Jesus pelo evangelho”. Os
gentios são feitos co-herdeiros com os judeus, não do reino terrestre de Cristo, mas daquela
herança muito maior descrita em Efésios 1 que inclui tanto as coisas no céu como as coisas
na terra. E mais, os crentes gentios são colocados com crentes judeus em um só corpo do
qual Cristo é o Cabeça no céu. Além disso, eles juntamente participam da promessa de
Deus em Cristo Jesus. Os gentios não são levantados ao nível dos judeus na terra, nem os
judeus são rebaixados ao nível dos gentios. Ambos são tirados da sua velha posição e
levantados a um plano imensamente mais alto, unidos uns aos outros em uma base
inteiramente nova e celestial em Cristo. E tudo isso acontece através do Evangelho que
trata com ambos em um nível comum tanto de culpa como de ruína completa. Os três
grandes fatos mencionados neste verso são revelados em Efésios 1. A promessa em Cristo
inclui todas as bênçãos reveladas nos sete primeiros versos daquele capítulo; a herança é
aberta diante de nós nos versos 3-21, e o “um corpo” nos versos 22 e 23.

O mistério pode ser assim resumidamente colocado no âmbito de um verso único,
mas capturar a grandeza da verdade e tudo o que está envolvido nisso, exige o mais
profundo exercício espiritual. Alguém disse: “É maravilhoso (assombroso) como os
cristãos lentos devem entender a grandeza dos conselhos de Deus.... Em geral somos
obrigados a estar muito mais ocupados com os detalhes da vida cristã do que com os
grandes princípios desta vida”. Na contemplação do mistério somos levados de volta à
fundação do mundo para encontrar a sua fonte no coração do Pai. Ali tudo foi deliberado
segundo a Sua bondade. Ali, também, em Deus, este grande mistério permaneceu
escondido por todas as eras do tempo, até que, nos caminhos de Deus, o momento fosse
oportuno para a sua revelação. Antes que aquele momento fosse alcançado, os grandes
eventos deviam acontecer: o mundo devia ser testado e comprovado ser um mundo
completamente arruinado; Cristo devia ser manifestado na carne e a Sua obra de redenção
realizada; Ele devia ser ressuscitado dos mortos e sentado na glória; por fim, o Espírito
Santo devia vir a terra.

A presença de Cristo na terra foi o teste final e maior do homem. Vivendo entre
homens, cheio de graça e verdade, Ele “andou fazendo o bem”. Em cada ajuda manifestou
um poder que podia libertar o homem de todo mal possível – seja do pecado, da doença, da
morte, ou do diabo. Além disso, com um coração cheio de compaixão, manifestou uma
graça que usou o Seu poder em favor de homens pecadores. Como resultado, toda esta
manifestação da bondade divina só trazia à luz o ódio absoluto do homem pela bondade
perfeita de Deus. Foi a demonstração final da completa ruína do homem fosse judeu ou
gentio. Os judeus, rejeitando completamente o Messias prometido há muito tempo, selaram
a sua sorte ao dizerem: “Não temos nenhum Rei além de César”. Isto foi apostasia. Os
gentios comprovaram a sua ruína completa usando o governo que Deus tinha posto em suas
mãos para condenar o Filho de Deus depois de tê-Lo considerado judicialmente inocente. A
cruz foi a resposta do homem ao amor de Deus – a prova final de que o homem é não
apenas um pecador, mas um pecador arruinado, distante de qualquer esperança de
recuperação por si mesmo. O que acontece? O Cristo que o mundo rejeitou ascende para a
glória, e o mundo vai para baixo do julgamento. A luz do mundo é anunciada, e o mundo é
deixado na escuridão. O Príncipe da vida é morto, e o mundo é deixado na morte. A morte
e a escuridão cobrem toda a cena, judeu e gentio tanto um como o outro, mortos para Deus
em transgressões e pecados.

Não há, então, mais esperança para um mundo arruinado? O mundo deve caminhar
para o julgamento com o seu vasto carregamento de almas arruinadas? O homem foi
vencido pelo pecado e pela morte? O diabo frustrou os objetivos de Deus, envolvendo o
homem na ruína sem esperança e triunfou sobre todos? Tanto quanto concerne ao homem
há apenas uma resposta. Tudo está irreparavelmente arruinado. A cruz prova que este não é
um mundo que está morrendo, mas um mundo morto: “Julgando nós assim, que se um
morreu para todos, então todos morreram”. Mas nesta crise suprema, quando o fim do
mundo é alcançado e a sua história terrível do pecado está encerrada na morte, então Deus
volta para os Seus conselhos eternos, atua segundo O seu beneplácito, e no devido tempo
revela os segredos do Seu coração. Se o mundo está morto, Deus está vivo, e o Deus vivo
atua segundo os Seus conselhos. O mundo tinha colocado o Cristo de Deus sobre uma cruz
de vergonha: Deus ressuscita Cristo dentre os mortos e O senta sobre um trono de glória;
no tempo devido, no grande dia de Pentecostes, o Espírito de Deus vem ao mundo desde
Cristo glorificado. Maravilhoso de fato foi aquele momento quando a terra estava sem
forma e vazia e as trevas estavam sobre a face do abismo e o Espírito de Deus se movia
sobre a face das águas, mas muito mais maravilhoso foi o dia quando o Espírito de Deus
entrou em um mundo que tinha se arruinado por expulsar a luz do mundo e matar o
Príncipe da vida. Não podemos dizer que mais uma vez “as trevas estavam sobre a face do
abismo”, e mais uma vez “o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”? Deus
começa uma nova obra de criação baseada, não no homem que morre, mas em “Cristo o
Filho de Deus vivo” – o princípio da criação de Deus.

Do meio de um mundo de judeus apóstatas e gentios ímpios, Deus chama para fora
uma grande companhia de almas vivificadas, remidas pelo sangue, e perdoadas segundo as
riquezas da Sua graça; e não só as chama para fora de um mundo arruinado mas as une em
um corpo com seu cabeça Cristo no céu. Elas não são do mundo no qual Cristo foi
rejeitado, assim como Ele não é do mundo (Jo 17:16), mas pertencem ao céu onde Cristo
está assentado, o seu cabeça ressuscitado e exaltado. Além disso, irão se associar a Cristo
em Sua herança gloriosa quando Ele dominará sobre todo o universo criado de Deus, sejam
elas as coisas no céu ou na terra.

Tal então é este grande mistério, em outras eras não tornado conhecido aos filhos
de homens, mas agora revelado aos Seus santos apóstolos e profetas pelo Espírito, e
ministrado a nós pelo apóstolo Paulo. Pois desta grande verdade, como o apóstolo nos diz,
ele foi feito um ministro (verso 7). Não é que não fosse revelado a outros apóstolos – Paulo
nos diz que foi – mas para ele foi confiado o serviço especial de ministrar esta verdade aos
santos. Por isso somente nas epístolas de Paul encontramos alguma revelação do mistério.
A graça de Deus tinha dado este ministério ao apóstolo, e o poder de Deus o capacitou a
usar o dom da graça. Os dons de Deus somente podem ser usados no poder de Deus.

Além disso o apóstolo nos fala do efeito que esta grande verdade teve sobre ele
(verso 8). Na presença da grandeza da graça de Deus, ele vê que é o principal dos
pecadores (1Tm 1:15); na presença da imensa perspectiva da benção revelada pelo mistério,
ele sente que é menos do que o menor dos santos. Quanto maior as glórias abertas à nossa
visão, menores nos tornamos aos nossos próprios olhos. O homem que teve a maior
apreensão desse grande mistério em toda a sua vasta extensão, foi o homem que reconhece
ser o menor que todos os santos.

Para cumprir o seu ministério, o apóstolo pregou entre os gentios as riquezas
insondáveis de Cristo (verso 8). Paulo não só proclamou a ruína irremediável do homem,
mas as riquezas insondáveis de Cristo, riquezas além de todo o cômputo humano, trazendo
bênçãos que não têm nenhum limite. Pudéssemos nós procurar o fim das Suas riquezas, não
alcançaríamos o limite das bênçãos que essas riquezas conferem.

A pregação do evangelho, contudo, tinha em vista a segunda parte do serviço de
Paulo – esclarecer tudo com o conhecimento da “dispensação [administração] do mistério”
(verso 9). Não simplesmente esclarecer tudo com a verdade do mistério, mas com o
conhecimento de como ele é administrado; mostrar a todos os homens como o conselho de
Deus de eternidade a eternidade é realizado a tempo pela formação da assembléia na terra, e
assim trazer à luz em público aquilo que estava até aqui escondido em Deus desde o
começo do mundo.

Mas ainda mais, não apenas que Deus esclareceria todos os homens quanto à
formação da assembléia na terra, mas que é Sua intenção que agora todos os seres celestiais devem aprender na Igreja a multiforme sabedoria de Deus. Estes seres celestiais tinham visto a criação recém-vir das mãos de Deus, e, quando olharam para a Sua sabedoria na criação, cantaram de alegria. Agora na formação da Igreja eles vêem “a multiforme [toda as várias] sabedoria de Deus” (verso 10) . A criação foi a demonstração da mais perfeita
sabedoria criacional, mas na formação da Igreja, a sabedoria de Deus é demonstrada em
todas as forma. Antes que a Igreja pudesse ser formada, a glória de Deus tinha que ser
demonstrada, a necessidade do homem tinha que ser satisfeita, o pecado tinha que ser posto
de lado, a morte abolida, e o poder de Satanás anulado. A barreira deve ser removida entre
judeu e gentio, o céu aberto, o Cristo assentado como um Homem na glória, o Espírito
Santo vindo a terra e o Evangelho pregado. Tudo isso e mais está implicado na formação da
Igreja, e esses variados fins só podem ser alcançados pela exposição de todas as várias
sabedorias de Deus, não só em uma direção, mas em toda direção. Assim a Igreja na terra
se torna o livro de lição dos seres celestiais e angélicos. Nem o fracasso da Igreja em suas
responsabilidades alterou o fato de que na Igreja os anjos aprendem esta lição. Ao
contrário, só faz mais manifesta a maravilhosa sabedoria que, ressurgindo de todo o
fracasso do homem, vencendo cada obstáculo, finalmente conduz a Igreja a glória “segundo
o propósito eterno que Ele propôs em Cristo Jesus o nosso Senhor”.

Nos versos seguintes (12 e 13) o apóstolo se desvia da revelação do mistério para
dar uma breve palavra quanto ao seu efeito prático. Essas maravilhas não são desenroladas
diante da nossa visão simplesmente para serem admiradas, como de fato são admiráveis,
pois como disse Davi da casa de Deus, ela é “magnífica em excelência”. Mas é igualmente
verdadeiro que o mistério é excessivamente prático, e nesses dois versos vemos o efeito do
mistério quando corretamente compreendido e praticado. Ele é uma verdade que nos fará
estar em casa no mundo de Deus, mas nos porá para fora do mundo do homem. Como o
homem cego de João 9, quando expulso pelo mundo religioso, se encontra na presença do
Filho de Deus, assim Paulo tem acesso ao palácio no céu (verso 12), mas se encontra em
uma prisão na terra (verso 13). Cristo Jesus, Aquele por quem todos esses propósitos
eternos serão cumpridos, é Aquele por quem temos acesso pela fé ao Pai. Se em Cristo
seremos colocados perante Deus santos, sem culpa, em amor, então em Cristo temos santa
ousadia mesmo agora e acesso ao Pai com a confiança. Esta grande verdade nos faz estar
em casa na presença do Pai. Mas no mundo isso nos levará à tribulação. Isso Paulo
encontrou, mas ele diz: “Não desfaleçais em minhas tribulações”. Aceitar a verdade do
mistério – andar na luz dele – nos porá ao mesmo tempo fora do curso deste mundo e, antes
de tudo, fora do mundo religioso. Atuemos sobre esta verdade e ao mesmo tempo
encontraremos a oposição do mundo religioso. Será conosco como foi com Paulo, uma luta
contínua, e especialmente com tudo o que é judaizante.

E deve ser assim, já que essas grandes verdades minam inteiramente a constituição
mundana de todo sistema religioso feito por homem. É a verdade do mistério, com o
conhecimento que Paulo procurou trazer à luz a todos os homens, proclamado nos púlpitos
da cristandade, nas convenções dos santos, ou até mesmo nas plataformas evangélicas? É a
verdade do mistério envolvendo a ruína total do homem, a rejeição completa de Cristo pelo
mundo, a reunião de Cristo na glória, e a presença do Espírito Santo na terra, a separação
do crente do mundo, e a chamada dos santos ao céu – esta grande verdade é proclamada ou
tem efeito sobre as igrejas nacionais e as denominações religiosas da cristandade? Não, ela
não tem lugar em seus credos, em suas orações, ou em seus ensinamentos. Muito pior, é
negada pela sua própria constituição, seu ensino, e sua prática.

Mas se isto é assim, temos um recurso. Podemos orar, e por isso esses dois versos
(12 e 13) conduzem quase que naturalmente à oração do apóstolo com a qual fecha o
capítulo. Se tivermos a ousadia e o acesso com a confiança, então podemos orar. Se formos
afrontados com tribulações, então devemos orar. Assim que em presença do serviço
especial dado a Paulo para ministrar a verdade, e a tribulação que este serviço o envolveu,
ele tem um só recurso, dobrar os seus joelhos diante do Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.

A oração no primeiro capítulo de Efésios foi dirigida ao “Deus do nosso Senhor
Jesus Cristo”. Ali Cristo é visto como um Homem em relação a Deus, e de Cristo colocado
cima de tudo, olhamos para baixo para a herança espalhada em toda a sua vasta extensão da glória. Aqui a oração é dirigida ao “Pai do nosso Senhor Jesus Cristo”, e Cristo é visto
como o Filho em relação ao Pai, e em vez de olhar para baixo para a herança, levantamos
os olhos para as Pessoas divinas.

O pedido na primeira oração consiste em que possamos conhecer a esperança do
Seu chamamento, a glória da Sua herança, e a sobre-excelente grandeza do Seu poder. Mas
esta oração se eleva para além do chamamento, se estende para além da herança, e conduz
àquilo que é maior do que o poder. Pois aqui o apóstolo ora, não só para que possamos
conhecer a esperança do chamamento, mas para que Cristo – Aquele em quem somos
chamados – possa viver em nosso coração; não só para que possamos conhecer as riquezas
da Sua herança, mas pra que possamos conhecer a plenitude de Deus; não só para que
possamos conhecer o Seu sobre-excelente poder, mas que possamos conhecer o amor de
Cristo que excede todo o entendimento.

Para que esses pedidos possam ser concedidos, o apóstolo ora para que possa
haver uma obra especial do Espírito Sagrado no homem interior. Na primeira oração o
poder é em nossa direção; aqui o poder opera em nós. Ali ele era a iluminação dos olhos
para ver a herança; aqui é uma obra no coração para compreender o amor. Para entrar nas
coisas profundas de Deus devemos ser arraigados e fundados em amor. Ser arraigado e
fundado no conhecimento das escolas não será de nenhum proveito na aprendizagem dos
mistérios de Deus. Aqui tocamos uma região além da capacidade do homem. Estamos em
contato com coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem entraram no coração
do homem, coisas que somente Deus pode ensinar através de nossos relacionamentos.
Assim quando Cristo vive no coração pela fé, e estamos arraigados e fundados em amor,
então seremos capazes de compreender com todos os santos qual é a largura e o
comprimento, e a profundidade, e a altura. O apóstolo não diz exatamente a que esses
termos se referem, mas não tem ele em vista os conselhos infinitos de Deus, há muito
tempo escondido, mas agora finalmente revelados no mistério? Isto que é possível
compreender, mas há aquilo que ultrapassa o conhecimento – o amor de Cristo. Este pode
ser perfeitamente desfrutado, mas nunca alcançaremos o seu fim ou sondaremos as suas
profundidades.

Aqui somos lançados em um mar sem porto cujas profundidades nenhuma linha
sondou alguma vez. No conhecimento deste amor seremos cheios de toda a plenitude de
Deus. “A plenitude de Deus” é aquela com a qual Deus está cheio. Cristo é a plenitude de
Deus, como lemos: “Nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Cl 2:9) . A
Igreja é a plenitude de Cristo – “a plenitude Daquele que enche a todos” (Ef 1:23). Apenas
Deus pode conduzir o nosso coração ao conhecimento do amor de Cristo e assim nos
encher da Sua plenitude. Pois Ele é capaz de fazer muito mais abundantemente acima
daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que opera em nós. Não é fazendo
coisas para nós, conquanto verdadeiro isso possa ser, mas aqui o poder está operando uma
obra em nós. O apóstolo não está falando das nossas circunstâncias e necessidades diárias e
tudo o que a Sua misericórdia pode fazer por nós; ele está falando daquele universo vasto
de bênção na qual Ele pode conduzir a nossa alma por uma obra em nós. Nem o apóstolo
diz: “acima daquilo que podemos pedir ou pensar”, como o verso é algumas vezes
erradamente citado. Alguém disse: ‘Há uma grande diferença entre o que pedimos e
pensamos, e o que podemos pedir e pensar. Não há nenhum limite para o que podemos
pedir”. Nem podemos limitar o que o Deus pode fazer nos santos para a sua bênção e a Sua
glória.

Isso conduz o apóstolo a se aproximar com um irromper de louvor: “A Ele seja a
glória na Igreja em Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém”. Foi o
grande privilégio de Paulo administrar (dispensar) o mistério no tempo, mas, diz Paulo, que
seja para a glória de Deus por toda a eternidade. Deliberado na eternidade antes da
fundação do mundo, ele existirá para a glória de Deus por toda a eternidade, quando o
mundo não será mais.
  

Por HAMILTO SMITH.

28 de dezembro de 2012

Parte 4. A Igreja nos Caminhos de Deus - Ef 2:11-22



Na primeira parte da epístola ao Efésios (Ef 1 e Ef 2:1-10) a Igreja é apresentada
em relação a Cristo na glória, segundo os conselhos de Deus. Isso prepara o caminho para
uma visão muito diferente da Igreja – a sua formação e testemunho na terra segundo os
caminhos de Deus.

Há uma vasta diferença entre os conselhos de Deus para a glória e os caminhos de
Deus na terra. Compreendendo essa distinção, veremos que a Igreja não tem apenas um
destino glorioso quando unida a Cristo no céu, segundo o propósito eterno de Deus, mas
que ela também tem uma existência na terra, e um grande lugar nos caminhos de Deus aqui
em baixo. É esse aspecto da Igreja que é trazido para diante de nós em Efésios 2:11-22.

Para que possamos entender este aspecto muito importante da Igreja, o apóstolo
lembra-nos da posição distinta mantida por Israel nos tempos antes da cruz. Naquele tempo
existia uma distinção muito grande entre judeu e gentio. Nos caminhos de Deus na terra o
judeu gozou de um lugar privilegiado no qual o gentio era um completo estrangeiro. Israel
formava uma comunidade terrena com promessas terrenas e esperanças terrenas. Eles
tinham uma relação exterior com Deus. A adoração religiosa, a organização política, as
ocupações diárias, os assuntos domésticos, tudo deles, do ato mais alto de adoração ao
menor detalhe da vida, eram regulados pelas ordens de Deus. Esse era um privilégio imenso
no qual os gentios, como tal, não tiveram nenhuma parte. Não era que os judeus eram um
pouco melhores do que os gentios, visto que à vista de Deus, a grande maioria dos judeus
era tão má quanto os gentios, e alguns até mesmo piores; e de outro lado, houve gentios
individuais que eram homens realmente convertidos, tais, por exemplo, como Jó. Mas nos
caminhos de Deus sobre a terra, Ele separou Israel dos gentios e deu-lhes um lugar de
privilégio exterior especial; ou mesmo se não convertido (como de fato foi o caso da grande
maioria) era um privilégio imenso ter todos os seus assuntos regulados de acordo com a
perfeita sabedoria de Deus. Os gentios não tiveram tal posição no mundo. Eles não
gozavam de nenhum reconhecimento público por Deus. Os seus assuntos não eram
regulados pelas ordenanças de Deus. E as próprias ordenanças que regulavam a vida do
judeu, severamente mantinham judeu e gentios separados.

Assim o judeu teve um lugar na terra de proximidade exterior a Deus, enquanto o
gentio estava exteriormente longe sem conexão reconhecida com Deus no mundo.

Mas Israel falhou completamente em corresponder aos seus privilégios. Eles se
viraram de Jeová para os ídolos. Os mandamentos e as ordenanças de Deus, que deu a eles
sua posição impar, eles a desconsideraram completamente. Finalmente, crucificaram o seu
Messias e resistiram ao Espírito Santo. Como resultado perderam, por enquanto, o seu lugar
especial de privilégio na terra, foram desapossados de sua terra e espalhados entre as
nações.

Este colocar de lado a Israel prepara o caminho para a mudança maravilhosa que
teve lugar nos caminhos de Deus na terra. O vislumbre vívido no passado dado pelo
Espírito de Deus nos versos 11 e 12 apenas torna o contraste mais notável, visto que depois
da rejeição de Israel, Deus, na busca dos Seus caminhos, trouxe à luz a Igreja e assim funda
um círculo de bênção inteiramente novo, inteiramente fora dos círculos judeu e gentio.

Este novo começo acontece na ocasião do fluir da graça de Deus de um modo
muito especial ao gentio. Sai o chamamento para o gentio; não, de fato, que o judeu esteja
excluído do novo círculo de bênção, pois, como veremos, a Igreja é composta de crentes
tanto dentre os judeus como dentre os gentios.

Mas se o gentio deve ser conduzido aos privilégios inestimáveis e às bênçãos do
novo círculo – se o gentio dever ter parte na Igreja – isso deve ser de uma forma justa. Por
isso a cruz é uma vez introduzida (verso 13). A cruz já foi referida em Efésios 1 em
conexão com o cumprimento dos conselhos de Deus. Aqui em Efésios 2 a cruz é referida
em conexão com os caminhos de Deus na terra. Pelo sangue de Cristo os pecadores gentios
são colocados para perto de Deus, sendo trazidos do lugar distante no qual o pecado os
tinha colocado, a um lugar de proximidade. Não uma mera proximidade exterior, por meio
de ordenanças e cerimônias, mas uma proximidade vital que só é totalmente expressa em
Cristo mesmo, ressuscitado dos mortos e aparecendo diante da face de Deus por nós. Assim
é dito: “em Cristo Jesus vós... sois trazidos para perto pelo sangue de Cristo”. Os nossos
pecados nos coloca longe, mas o precioso sangue não apenas nos lava dos nossos pecados,
ele faz mais, infinitamente mais – nos leva para perto. O sangue de Cristo declara a
enormidade do pecado que exigiu tal preço, proclama a santidade de Deus que não poderia
ser satisfeita com um preço menor, e revela o amor infinito que pode pagar o preço.

Mas isso, embora necessário para a formação da Igreja, não constitui em si mesmo
a Igreja. A Igreja não é simplesmente um número de indivíduos “colocados juntos”, pois
isso será verdadeiro para todo santo de todas as eras comprado pelo sangue. Há mais
necessidades; não só os indivíduos devem ser “colocados juntos” mas os crentes judeus e
gentios devem ser “feitos um” (verso 14). Isso, também, a cruz de Cristo realizou. Ali
Cristo derrubou a barreira entre judeu e gentio. A inimizade entre judeu e gentio foi
causada pelas ordenanças que excluíam o gentio de ter parte com eles. Através dessas
ordenanças o judeu pode se aproximar de Deus de um modo exterior enquanto que o gentio
não poderia. Mas na cruz Cristo aboliu completamente a lei das ordenanças como um meio
de se aproximar de Deus e fez um novo caminho de aproximação pelo Seu sangue. O judeu
que se aproxima de Deus com base no sangue acaba com as ordenanças judaicas. O gentio
sai da sua distância de Deus; o judeu, sai da sua proximidade dispensacional, e ambos são
feitos um no gozo de uma bênção comum diante de Deus, nunca antes possuída por eles. Os
crentes gentios não são levantados ao nível de privilégios dos judeus. Os Judeus não são
rebaixados ao nível dos gentios. Ambos são levados para uma terra inteiramente nova para
um plano imensamente mais alto.

Mas até mesmo isso não exprime a verdade completa da Igreja. Se o apóstolo
tivesse parado aqui, de fato deveríamos ver que os crentes são trazidos para perto pelo
sangue e feitos um já que foi retirada toda a inimizade, mas poderíamos ter sido deixados
com o pensamento de que somos feitos uma companhia em feliz unidade. E de fato isso é
uma verdadeira benção, mas, ainda assim, muito longe da plena verdade quanto à Igreja.
Portanto o apóstolo vai em frente e nos diz que não somos apenas “colocados juntos” e não
apenas “feitos dos dois um”, mas que fomos feitos “um novo homem” (verso 15), “um
Corpo” (verso 16), habitado “por um Espírito” por quem temos o acesso ao Pai (verso 18).
Isso, de fato, apresenta a verdade completa da Igreja – o Corpo de Cristo – que, nos
caminhos de Deus, está sendo formado na terra.

Deus não está apenas salvando almas de judeus e gentios com base no sangue, Ele
não está apenas reunindo os tais em unidade, mas está os formando em um Novo Homem
do qual Cristo é o glorioso Cabeça, os crentes são os membros do Corpo, e o Espírito Santo
o poder de união. Isso é muito mais do que unidade; é união. A Igreja não é simplesmente
uma companhia de crentes em feliz unidade, mas uma companhia de pessoas que são os
membros de Cristo e uns dos outros em íntima união. E o Novo Homem não é meramente
novo em um ponto do tempo, mas o é de uma ordem inteiramente nova. Antes da cruz,
como vimos, havia dois homens, o judeu e o gentio, odiando um ao outro e em inimizade
com Deus. Agora nos caminhos maravilhosos de Deus “Um Novo Homem” nasceu. Um
Novo Homem que inclui todo santo na terra unidos por um Espírito a Cristo, o ressuscitado
e exaltado Cabeça.

Unidos com a formação da Igreja de Deus na terra são três as grandes verdades às
quais o apóstolo se refere: a reconciliação com Deus, a pregação da paz aos pecadores e o
acesso ao Pai por parte de santos.

Primeiro, tanto judeu como gentios são reconciliados com Deus em um Corpo
(verso 16). Deus não estava contente que o gentio tivesse que permanecer distante Dele ou
que o judeu tivesse um lugar de mera proximidade exterior, mas a uma distância real tão
grande quanto o gentio. Nem Deus estava contente que o judeu e o gentio tivessem que
permanecer distantes um do outro. Por isso, na cruz Ele operou tão maravilhosamente que
ambos foram trazido para perto Dele, e ambos foram trazidos para perto um do outro,
formando um Corpo sobre o qual Deus pode olhar com complacência. A cruz matou a
inimizade entre crentes gentios e judeus, como também aquilo que uma vez esteve entre
ambos e Deus. Nada poderia mais perfeitamente expressar a remoção completa da
inimizade do que o fato dos crentes judeus e gentios serem formados “em um Corpo”. Não
é dito neste verso “Um Novo Homem”, porque isso inclui Cristo o Cabeça, e nenhum
pensamento de reconciliação pode ser conectado a Cristo. São aqueles que compõem o
Corpo que precisam de reconciliação, não Aquele que é o Cabeça.

A segunda grande verdade é que o Evangelho da paz é pregado aos gentios que
estavam longe e aos judeus que estavam dispensacionalmente perto. Podemos entender bem a introdução da pregação em uma passagem que mostra como a Igreja é formada na terra. Sem a cruz não pode haver nenhuma pregação, e sem a pregação não haveria nenhuma Igreja. Cristo é visto como o Pregador, muito embora o Evangelho que Ele prega seja proclamado instrumentalmente por outros. Lemos sobre os discípulos que “eles foram
adiante e pregaram em todo lugar, o Senhor cooperando com eles” (Mc 16: 20).

Há uma terceira verdade de grande bem-aventurança. Através de um Espírito
ambos (judeu e gentios) temos acesso ao Pai. A distância não é retirada apenas do lado de
Deus, mas também é retirada do nosso lado. Pela obra de Cristo na cruz Deus pode nos
atrair para perto, pregando a paz, e pela obra do Espírito em nós podemos nos achegar ao
Pai. A cruz nos dá o nosso título de posse para chegarmos perto; o Espírito nos permite usar
nosso título de posse e praticamente nos achegar ao Pai. Mas se o acesso é pelo Espírito,
então claramente não há nenhum lugar para a carne. O Espírito exclui a carne de toda
forma. Não é por edifícios, ou rituais, ou órgãos, ou coros, ou uma classe especial de
homens que ganhamos o acesso ao Pai. Não, todas essas carnalidades significam que
quanto mais elas impressionam o homem natural mais eficazmente barram todo o acesso ao
Pai. É através do Espírito, mas mais, é através de “um Espírito”, e por isso na presença do
Pai tudo é de um acordo. Como justamente cantamos:

“Nenhuma nota dissonante faz o som ali discordante”.

As chatas e baixas reuniões da assembléia não resultam do fato solene de que
ousamos trazer na presença do Senhor a carne não julgada? Ou ainda, as reuniões que por
outro lado alegres são repentinamente abaladas por um hino impróprio ou um ministério
intempestivo, porque não somos todos guiados por um Espírito. Falamos assim para encher
alguns com um medo mórbido pela apresentação daquilo que extinguiria o Espírito e assim
os silenciaria? Ao contrário, deixe esse tal lembrar-se de que o seu silêncio pode ser tanto
uma intrusão da carne como o ardor dos outros. Deixe que todos julguem a si mesmos e
então entrem na presença do Senhor. Então, de fato, o Espírito estará livre para dar acesso
ao Pai.

Até aqui vimos a Igreja como o Corpo de Cristo; mas nos caminhos de Deus na
terra a Igreja é vista em outros aspectos, dois dos quais são trazidos diante de nós nos
versos finais do capítulo (versos 19-22). Primeiro, a Igreja é vista como crescendo para “ser
um templo santo no Senhor”; em segundo lugar, como “morada de Deus”.

No primeiro aspecto a Igreja é comparada com um edifício bem ajustado que
cresce para templo santo no Senhor. Os apóstolos e os profetas formam o fundamento,
sendo o próprio Cristo a principal pedra de esquina. Por toda a dispensação cristã os crentes
estão sendo acrescentados pedra por pedra até que o último crente seja colocado e o edifício
concluído seja exposto na glória. Este é o edifício do qual o Senhor diz em Mateus 16: “Eu
edificarei a Minha Igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra ela”. Cristo é o
construtor, não o homem. Por isso, tudo é perfeito, e nada além das pedras vivas fazem
parte deste edifício santo. Peter nos dá o significado espiritual deste edifício quando nos diz
que as pedras vivas são feitas uma casa espiritual “para oferecer sacrifícios agradáveis a
Deus”, por um lado, e “anunciar as virtudes” de Deus, por outro (1 Pe 2:5, 9). Em
Apocalipse 21, João tem uma visão do edifício concluído que desce do céu da parte de
Deus radiante com a glória de Deus. Então, de fato, daquele glorioso edifício sacrifícios
incessantes de louvor se elevam até Deus, e um testemunho perfeito das excelências de
Deus fluirá para o homem.

Então o apóstolo, ainda usando a figura de um edifício, apresenta outro aspecto da
Igreja (verso 22). Ele não vê mais os santos como sendo edificados em um templo
crescente, mas como formando uma casa já completa para a habitação de Deus através do
Espírito. Todos os crentes na terra a qualquer dado momento são vistos como formando a
habitação de Deus. Mas o apóstolo não diz simplesmente que “sois edificados”, mas
“juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito”, isto é, a morada é formada
de crentes judeus e gentios “juntamente edificados”. O lugar de morada de Deus é marcado
pela luz e pelo amor; por isso, quando o apóstolo chega na parte prática da epístola, ele no
exorta como a filhos queridos a “andar em amor”, e “andar como filhos da luz” (Ef 5:2, 8).
A casa de Deus é por essa razão um lugar de bênção e testemunho: um lugar onde os santos
são abençoados com o favor e o amor de Deus; e, assim abençoados, eles se tornam um
testemunho para o mundo em torno deles. Em Efésios a morada de Deus é apresentada
segundo a mente de Deus, e por isso somente o que é verdadeiro é contemplado. Outras
Escrituras mostrarão como, infelizmente, em nossas mãos a habitação foi corrompida até
que finalmente lemos que o julgamento deve começar pela casa de Deus.

Assim neste capítulo temos uma tripla apresentação da Igreja. A Igreja é vista
como o Corpo de Cristo, composto de crentes judeus e gentios unidos a Cristo na glória,
formando assim um Novo Homem para mostrar tudo o que Cristo é como o Homem
ressuscitado, o Cabeça sobre todas as coisas. Então vamos nos lembrar de que a Igreja não
é apenas “um Corpo”, mas é “O seu Corpo”, como lemos, “a Igreja que é o Seu Corpo”. E
como o Seu Corpo é “a plenitude Dele”. Ela é cheia de tudo o que Ele é para expressar tudo
o que Ele é. A Igreja – o seu Corpo – deve ser a expressão da Sua mente, justamente como
os nossos corpos dão a expressão ao que está em nossas mentes.

Então a Igreja é um templo que cresce composto de todos os santos de todo o
período cristão onde os sacrifícios de louvor ascendem a Deus e as excelências de Deus são
mostradas aos homens.

Finalmente, a Igreja é vista como um edifício completo na terra, composto de
todos os santos em qualquer dado momento, formando a habitação de Deus para abençoar
Seu povo e testemunhar ao mundo


Por HAMILTO SMITH.