12 de janeiro de 2013

CAPÍTULO 1- CRISTO E A SUA NOIVA – Efésios 5:22-32



Efésios 5:22-32 - Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.

Nesta porção muito prática da epístola aos Efésios o apóstolo está nos exortando quanto à conduta daqueles que se tornam crentes com relação ao casamento. Em assim fazendo ele mostra o caráter íntimo do relacionamento. Há outros relacionamentos na vida, como o dos pais e filhos, dos irmãos e irmãs, mas em nenhum relacionamento a ligação é tão próxima como essa entre o marido e a esposa. O apóstolo diz: “Os dois serão uma só carne”; mais uma vez ele diz: “Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres como a seus próprios corpos”. Eles são vistos como um; por essa razão o
apóstolo argumenta, pois para um marido odiar a sua mulher deveria odiar a sua própria carne, uma coisa incomum. Por outro lado amar a sua mulher é amar a si mesmo.

Para reforçar essas exortações e mostrar o verdadeiro caráter deste relacionamento temporal entre o marido e a mulher, o apóstolo se volta para o relacionamento eterno entre Cristo e a Sua Igreja. Isso leva a uma revelação muito bela do amor de Cristo por Sua Igreja vista sob a figura de uma Noiva, para a qual Eva, no jardim do Éden, é usada como um tipo notável. O apóstolo passa diante de nós o amor de Cristo que guarda a Noiva para Ele mesmo; então, possuindo a Noiva, o amor que a transforma em conformidade a Ele mesmo; e finalmente, tendo preparado a Noiva, o amor que a apresentará a Ele mesmo.

Primeiro lemos: “Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela” (verso 25). A fonte de toda a bênção para a Igreja é o amor sem motivo de Cristo. Antes mesmo que a Igreja viesse a existir Ele a amou com um amor perfeito, divino e infinito. Ele primeiro não morreu para ela, e a lavou, e então a amou; mas Ele primeiro a amou e morreu para ela, e então a limpa. E amando a Igreja Ele deu a Si mesmo por ela. Ele não fez apenas algo por ela; Ele não abandonou simplesmente algo por ela. O Seu amor trilhou um caminho muito maior do que fazer algo, ou abandonar algo, pela Igreja. O seu amor
foi ao extremo: Ele deu a Si mesmo. Tudo o que Ele é em Sua infinita perfeição; nada foi retido. Ele deu a Si mesmo; mais Ele não poderia dar. E dando a Si mesmo pela Assembléia a guarda para Si mesmo, e a possui através de um título perfeito. A Igreja na realidade existe como o resultado da obra de Cristo. Cristo comprou a Igreja para Ele. Por isso, embora o casamento ainda não tenha se realizado, o relacionamento entre Cristo e a Igreja já existe. A Igreja não é uma companhia de pessoas que está sendo posta à prova através de mandamentos aos quais elas têm de obedecer para ganhar o relacionamento. Cristo nos trouxe para um relacionamento com Ele inteiramente pela Sua própria obra, o fruto do Seu próprio amor. As responsabilidades e os privilégios da Igreja fluem do relacionamento que já foi formado. Pertencemos a Cristo, e é nosso privilégio, bem como a nossa obrigação, ser inteiramente Dele, e inteiramente para Ele. Cristo, não é preciso dizer, sempre tem sido fiel em Seu amor imutável, entretanto, infelizmente, quanto a Noiva ela falhou na devoção ao Noivo!

Em segundo lugar, tendo tão comovedoramente apresentado o amor de Cristo em dar a Si mesmo pela Igreja no passado, o apóstolo passa a falar das atividades do amor de Cristo por Sua Noiva no presente. Ele nos diz que Cristo guarda a Sua Noiva “para santificá-la, purificando-a com a lavagem da água pela palavra”. O amor que pela morte guardou a Noiva agora está ocupado na preparação dela para a suprema felicidade de estar com Ele na glória. O Noivo a fará um objeto apropriado para o Seu amor, e capaz de responder ao Seu amor. Para esse fim o amor está ocupado com a santificação e a lavagem da Noiva. A limpeza não é para que possamos pertencer a Ele, mas porque somos Dele; e
sendo Dele nos fará ajustados a Ele. Ele nos terá em afeto dedicado colocado à parte inteiramente para Ele, e lavados de tudo o que é contrário a Ele.

O meio usado para realizar isso é pela “lavagem da água pela palavra”. O Senhor expressa isto em Sua oração ao Pai quando ora: “Santifica-os na verdade, a Tua palavra é a verdade... por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade”. O Senhor põe a Si mesmo à parte no céu, para que, como Estevão, possamos olhar para os céus abertos e encontrar em Cristo na glória um Objetivo de santificação. Fitando-o na glória vemos o que Ele gostaria que fôssemos, e olhando para a glória do Senhor somos transformados na mesma imagem de glória em glória, e assim percebemos o poder de transformação de um Objetivo perfeito. A “palavra” também, enquanto dirigi o nosso olhar para Cristo, nos dá uma revelação verdadeira da perfeição Daquele que
olhamos, para que não sejamos deixados em alguma imaginação sentimental do nosso próprio coração. Por outro lado a palavra detecta e condena em nós, e em torno de nós, tudo o que é contrário a Cristo e o lugar onde Ele está.

Que valor isso dá à “palavra”! Já que é a “palavra” que Ele usa para limpar a Sua Igreja. Que confiança dará isso na aplicação da palavra à nossa própria alma, ou na ministração da palavra a outros – a confiança de que estamos usando aquilo que Ele em graça usa.

À luz dessa Escritura que nos revela com o que Cristo está ocupado em Seu lugar no céu, podemos bem desafiar o nosso coração quanto a com o que estamos ocupados aqui em baixo. Achando-se na parte prática da epístola, essa revelação do amor de Cristo por Sua Noiva é seguramente destinado a ter um efeito muito prático sobre a nossa vida. A pergunta para todos nós é: Temos diante do nosso coração o que Cristo tem diante do Seu? Desejamos nos tornar adequados, e capazes de desfrutar, e responder ao Seu amor agora mesmo, para que, no tempo da Sua ausência, possamos ser fiéis a Cristo como uma Noiva que espera pelo seu Noivo ausente?

Em terceiro lugar, as atividades presentes do amor de Cristo pela Sua Noiva são visando o que ainda está no futuro – “o casamento do Cordeiro” – quando apresentará a Igreja a Ele mesmo uma Igreja gloriosa, “sem mancha ou ruga ou qualquer outra coisa; mas santa e irrepreensível”. Não é só que a Igreja estará na glória, mas será “gloriosa”. Ela será como Cristo, apropriada para a Sua presença gloriosa. Assim guarda a Sua Noiva por Si mesmo; está preparando-a para Si mesmo; e a apresentará a Si mesmo. O Seu amor é a fonte de tudo, e o que o amor começou na cruz, o amor completará na glória.

Há, contudo, mais verdades importantes concernentes a Cristo e a Igreja nessa passagem instrutiva. O apóstolo passa a nos dizer que Cristo alimenta e cuida da Assembléia, nos tratando como “membros do Seu corpo, da Sua carne e dos Seus ossos”. Isto traz para diante de nós outra verdade preciosa, distinta daquela que estivemos considerando. Vimos que Cristo está preparando a Sua Noiva para o céu; agora aprendemos que Ele também está cuidando da Sua Noiva na terra. A santificação e a lavagem têm em vista a apresentação na glória; a alimentação e o cuidado se referem à nossa jornada de peregrinação na terra. O Seu amor não tem em vista apenas a glória, mas zela por nós quando passamos por este mundo escuro do qual Ele está ausente, em nossa caminhada para a glória. Ele conhece as circunstâncias em que estamos, as provas que temos que enfrentar, a nossa fraqueza e enfermidade, e em todas elas cuida de nós e vai de encontro às nossas necessidades; e por isso é Quem nos alimenta. Mas Ele também cuida de nós, isto é, Ele não apenas vai de encontro às nossas necessidades, mas faz aqueles que são estimados como sendo muito preciosos à Sua vista.

Para nos dar um sentimento de quão preciosos somos à Sua vista – do valor que Ele dá à Sua Assembléia – Ele fala de nós como os membros do Seu corpo, da Sua carne, e dos Seus ossos. Isto é, Ele nos vê como Ele mesmo, pois a carne de um homem é ele mesmo. Por isso ao cuidar da Sua Assembléia está cuidando Dele mesmo. Por isso Ele pode dizer a Saulo: “Por que Me persegues?” Saulo estava na verdade perseguindo a Igreja, mas em assim fazendo perseguia a Cristo.

Quão precioso, como alguém disse, que “as necessidades, as fraquezas, as dificuldades, as inquietudes da Assembléia são apenas oportunidades para Cristo exercitar o Seu amor. A Assembléia precisa ser alimentada, como o nosso corpo; e Ele a alimenta. Ela é o alvo dos Seus carinhosos afetos; Ele cuida dela. Se o fim é o céu a Assembléia não é deixada desolada aqui. Ela aprende do Seu amor onde o seu coração precisa dele. Ela desfrutará dele plenamente quando as necessidades se forem para sempre”.

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