7 de janeiro de 2013

Parte 7. A Igreja como a Casa de Deus nas Mãos dos Homens



No último capítulo procuramos aprender na Escritura a verdade sobre a casa de
Deus quando examinada segundo a mente de Deus. Vimos o propósito de Deus de habitar
entre os homens e as responsabilidades dos homens em relação à habitação de Deus.

Temos que perguntar agora: O homem respondeu às suas responsabilidades?
Infelizmente, a história das eras comprovou que o homem invariavelmente falhou na
responsabilidade; quanto mais alto o privilégio maior a responsabilidade, maior a falha.
Assim em nada o fracasso do homem tem sido tão completo como com relação à Igreja vista
como a casa de Deus na terra.

Para formar uma estimativa verdadeira da extensão desse fracasso, é essencial obter
uma visão clara sobre a casa de Deus segundo o plano original de Deus. Durante os dias em
que os filhos de Israel estiveram no cativeiro por causa do seu fracasso em manter a
santidade da casa de Deus, é dito ao profeta Ezequiel: “Mostra à casa de Israel esta casa,
para que se envergonhem das suas iniqüidades: sirva-lhe ela de modelo” (Ez 43:10).
Somente assim poderiam ser colocados a par de quão grande tinha sido o afastamento deles
do modelo.

Como vimos na história de Jacó, a responsabilidade do homem com relação à casa
foi mostrada pela “porta” e pela “coluna”. A porta do céu sendo para Deus e expressando o
nosso privilégio e responsabilidade de nos aproximar de Deus em oração e louvor; a coluna,
com o óleo, sendo para o homem e mostrando a nossa responsabilidade de manter um
testemunho verdadeiro de Deus diante dos homens. Falhamos em ambas as direções; não
usamos adequadamente a porta do céu, e conseqüentemente não levantamos a nossa coluna. Falhamos na oração e na dependência de Deus, e por isso falhamos no testemunho diante dos homens.

Além disso, deve ser admitido que para que a casa de Deus possa ser uma
expressão verdadeira de Deus, deve haver a manutenção das marcas características da casa. Pois todas as características da casa de Deus têm em vista a expressão verdadeira do Próprio Deus. Então a santidade da casa deve ser mantida para que possa haver uma expressão verdadeira de Deus. Então, também, a oração deve ser feita por “todos os homens”, porque isso expressa o desejo de Deus de que todos os homens devem ser salvos. As mulheres devem estar marcadas pela modéstia e “boas obras”, pois nas boas obras há demonstração da bondade de Deus para com o homem. Deste modo, também, a casa deve ser marcada pelo cuidado pelas almas e corpos, para que assim seja visto que Deus tem no coração o bem estar dos homens.

Finalmente a casa de Deus deve ser marcada pela “piedade” (1Tm 3:14-16). É
óbvio que nada a menos que o comportamento piedoso é apropriado para a casa de Deus.
Quando vemos que o grande propósito da casa de Deus é de expressar Deus, se tornará claro que a piedade consiste em uma vida que torna Deus manifesto. Por essa razão não é a
santidade fingida, nem é simplesmente uma vida amável e benevolente tanto quanto é
possível para o homem natural expor. A vida piedosa é uma vida vivida no temor de Deus e
por isso uma vida que expressa Deus. O segredo dessa vida está em ter diante de nossa alma o modelo perfeito de piedade como mostrado em Cristo. Assim nos versos finais do terceiro capítulo da primeira carta a Timóteo, o apóstolo dá um resumo notável da vida de Cristo, desde a encarnação até a ascensão, na qual o Espírito de Deus juntou alguns grandes fatos nessa vida que expressa Deus. Deus manifestado em carne, visto pelos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido em cima de na glória, são todos os fatos que fazem o
coração de Deus conhecido para o homem. Assim aprendemos em Cristo o segredo da
piedade ou da vida que expressa Deus.

Que expressão maravilhosa de Deus haveria á vista do mundo se a Igreja como a
casa de Deus vivo tivesse permanecido verdadeira aos princípios da casa de Deus. O mundo
teria visto uma companhia de pessoas marcadas pela santidade, dependência de Deus,
sujeição a autoridade, boas obras, e cuidado pelos corpos e almas. Eles teriam visto a
demonstração de princípios inteiramente opostos àqueles que prevalecem no mundo caído, e
acima de tudo, teriam aprendido a atitude de Deus em relação ao homem. Infelizmente, é
evidente que em todos os pontos de vista aqueles que compõem a casa de Deus falharam
completamente. Falhamos em manter os grandes princípios da casa de Deus e por isso
falhamos em dar uma expressão verdadeira de Deus diante do mundo.

Como esse fracasso foi ocasionado? A história de Israel, e o seu fracasso com
relação à casa de Deus em seus dias, podem nos revelar o segredo do nosso próprio fracasso. Ao profeta Ezequiel é ordenado que diga à casa “rebelde” de Israel: “Chamastes estranhos e incircuncisos de coração e incircuncisos de carne, para estarem em Meu santuário, para o profanarem em Minha casa... E não guardastes a ordenança das Minha coisas sagradas; antes vos constituístes, a vós mesmos, guardas das Minha ordenanças no Meu santuário” (Ez 44:6- 8). Aqui temos três ordenanças definidas: eles introduziram na casa aqueles que não tiveram nenhuma parte nem sorte na casa; eles falharam em manter a santidade da casa; e eles usaram a casa de Deus para os seus próprios fins – “para eles mesmos”.

Não tem sido essa a triste história da casa de Deus na atual dispensação? No dia de
Pentecostes aqueles que formaram a casa de Deus pela descida do Espírito Santo não eram
nenhum “estrangeiro”; todos eram verdadeiros filhos de Deus. Não havia “incircunciso de
coração” entre os três mil acrescentados à Igreja pelo Senhor. Todos eram crentes
verdadeiros. Mas quão cedo o “estrangeiro” foi introduzido. Pelo batismo de Simão o mago,
foi introduzido na companhia onde habitava o Espírito de Deus, alguém que não tinha parte
alguma nem sorte na questão; outros logo se seguiram, resultando que até durante o dia dos
apóstolos a casa de Deus ficou comparada com uma grande casa na qual “não há apenas
vasos de ouro e da prata, mas também de madeira e de barro; e alguns para honrar, e alguns
para desonrar” (2Tm 2:20). Assim, como com na Israel do passado, a santidade da casa não
foi mantida e os homens estão usando a casa de Deus para os seus próprios fins, “ensinando
o que não convém, por torpe ganância” (Tt 1:11). A maldade dos dias dos apóstolos foi
aumentando através das eras, até que, nesses últimos dias, há uma vasta massa de professos
sem vida na casa de Deus marcada pela aparência de piedade sem poder (2Tm 3:1-5).

Qual, então, é o resultado do fracasso do homem na responsabilidade? Assim como
no caso de Israel, a maldade que quando trazida à casa de Deus clama em voz alta por juízo.
“Porque já é tempo que comece o juízo pela casa de Deus” (1Pe 4:17).

Nos dias de Israel veio o tempo quando o Senhor se recusou a reconhecer o templo
como a casa de Deus. Ele teve que dizer: “Eis que vossa casa vai ficar-vos deserta” (Mt
23:38). Todo verdadeiro filho de Deus em relação ao templo foi acrescentado à Igreja, e a
casa desolada passou pelo juízo. Mais uma vez, a Igreja como a casa de Deus se tornou
corrompida, e logo todo aquele que é de Deus será retirado para encontrar o Senhor nos ares, e a grande massa ímpia de professos, não mais reconhecida como a casa de Deus, passará pelo juízo.

Foi, então, o propósito de Deus de viver entre homens frustrado pelo fracasso do
homem na responsabilidade? Certamente que não. Nenhum lapso do tempo, nenhuma
mudança de dispensação, nenhum fracasso do povo de Deus, nenhuma oposição do inimigo,
nenhum poder da morte pode por um momento mover o coração de Deus do Seu propósito
determinado de ter a Sua casa na terra e habitar entre os homens.

No momento em que um povo remido estava seguro, Deus revela o desejo do Seu
coração de habitar no meio deles (ver Ex 15:13, 17; Ex 29: 45). O tabernáculo no deserto e o
templo na terra prometida apresentam o testemunho deles da mentalidade caridosa de Deus.
E embora o povo falhe e negligencie a casa, embora o templo deles seja destruído e passem
para o cativeiro ainda assim nem por um momento Deus abandonará o Seu propósito de
habitar no meio do Seu povo. Ele traz de volta um remanescente para reedificar a Sua casa;
eles, também, falham completamente e na sua volta são espalhados entre as nações, e mais
uma vez a casa é deixada sem pedra sobre pedra. Entretanto, Deus prossegue no Seu
glorioso caminho. Levantando-se ante todo o fracasso dos homens, Ele revela segredos
novos do Seu coração e traz à luz “a casa de Deus que é a Igreja de Deus vivo, a coluna e
firmeza da verdade” (1Tm 3:15). Mas novamente o homem falha na responsabilidade; a casa
de Deus fica em ruínas. Ao em vez de ser marcada pela santidade, é comparada com a
grande casa de um homem qualquer na qual há vasos para honra e vasos para desonrar. Um
pequeno remanescente pode de fato separar-se dos vasos para desonra e procurar voltar às
características morais da casa de Deus e andar segundo os princípios que governam a casa
de Deus, mas eles, também, falham, e a responsabilidade do homem termina no juízo que
começa pela casa de Deus. No entanto, embora tudo falhe nas mãos dos homens, seja a
Israel do passado ou a Igreja nos dias de hoje, ainda assim Deus permanece fiel ao Seu
propósito, e ali levanta diante de nós a visão de outra casa, em um dia no milênio “a última
glória desta casa será maior do que a anterior”.

Contudo, ainda assim esta casa passará, pois a era do milênio glorioso terminará em
escuridão e juízo. Mas Deus não desistirá do Seu propósito, pois além do julgamento das
nações, e além do julgamento do grande trono branco, é desenrolado diante de nós “um novo
céu e uma nova terra” e, naquela formosa cena, vemos “a cidade santa, a nova Jerusalém,
que de Deus desce do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido”, e
ouvimos “uma grande voz do céu, que diz: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens,
pois com eles habitará, e eles serão o Seu povo, e o Próprio Deus estará com eles e será o
seu Deus”. Viajamos além dos limites do tempo com todas as suas mudanças e as suas
responsabilidades quebradas. Alcançamos a eternidade com o seu novo céu e nova terra;
passamos para uma cena onde toda lágrima é enxugada, onde “não haverá mais morte, nem
pranto, nem clamor, nem dor: porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21:2-5). E ali
vemos o grande propósito de Deus em todas as eras finalmente cumprido, para nunca mais
ser estragado pelo poder do inimigo ou pelo fracasso dos santos.

Por HAMILTO SMITH.

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