Outro aspecto em que as
assim chamadas "igrejas" da cristandade se distanciaram da ordem
estabelecida por Deus é o lugar e ministério das irmãs. Alguém poderia perguntar:
"Vocês acreditam que uma irmã possa ministrar?". Nossa resposta
seria: "Sim, pois é o que ensinam as Escrituras". Em Romanos 16:1
diz: "Recomendo-vos, pois, Febe, nossa irmã, a qual serve na igreja que
está em Cencréia". Na verdade acreditamos que Deus gostaria que todas
as irmãs na igreja fossem ministras – isto é, no sentido bíblico da palavra.
Todavia, se a pergunta for feita usando o termo "ministro" do modo
como é comumente utilizado, o que implica reconhecer a falsa posição ocupada
pelo clero, então de maneira nenhuma poderíamos acreditar que uma irmã – ou
mesmo um irmão – deveria ocupar tal posição clerical. As Escrituras deixam bem
claro que o papel da mulher na igreja não é desempenhado em público. Quando a
Bíblia fala da oração em público, ela diz: "Quero, pois, que os homens orem
em todo o lugar" (1 Tm 2:8). Deus não diz o mesmo para as mulheres.
Evidentemente elas devem orar, mas não em todo o lugar – isto é, não em um
evento público.
No que diz respeito ao
ensino e à pregação, a Palavra de Deus diz: "As vossas mulheres estejam
caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas,
como também ordena a lei" (1 Co 14:34-38). E também: "A mulher
aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher
ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio.
Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a
mulher, sendo enganada, caiu em transgressão" (1 Tm 2:11-14). Se fosse
para as mulheres ministrar a Palavra publicamente na assembleia, Paulo as teria
incluído em suas instruções para o ministério público. Mas em 1 Coríntios
14:29, onde ele dá essas instruções, ele diz: "Falem dois ou três profetas...".
Ele não diz "Falem duas ou três profetisas". Na verdade, na igreja em
Tiatira havia uma mulher que tinha assumido o papel de ensinar, mas o Senhor
mostra Sua desaprovação dizendo: "Tenho contra ti que toleras [permites]
Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensinar" (Ap 2:20).
Da mesma forma, quando se
trata de exercer autoridade nas questões administrativas de uma assembleia local,
a Palavra de Deus diz que alguém que ocupe essa posição deve ser "marido
de uma mulher" (1 Tm 3:2). Acerca disso a Palavra de Deus também diz: "Congregaram-se,
pois, os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto" (At
15:6, 7). Não há menção de mulheres (ou jovens) envolvidas neste trabalho
administrativo. Além disso, quando aqueles homens se reuniram para tratar de
questões administrativas, Pedro dirigiu-se a eles, dizendo: "Homens
irmãos...". A expressão ali é claramente restrita aos homens. Pedro
não se dirigiu às mulheres porque elas não estavam ali. Isto demonstra que as
mulheres, apesar de terem um papel importante na assembleia, não faziam parte
da liderança administrativa na igreja. As Escrituras falam de "homens
distintos [ou principais] entre os irmãos", mas nunca fala de mulheres
tomando a liderança entre os irmãos (At 15:22). Elas não deveriam exercer "autoridade"
sobre os homens (1 Tm 2:12).
O
ministério das irmãs
Portanto fica evidente que
as Escrituras afirmam que as irmãs não devem ter um papel no ministério
público, mas elas têm um importante ministério a desempenhar para o Senhor
– para o qual os homens geralmente não estão capacitados. O ministério das
mulheres é na esfera da vida doméstica e privada; elas não precisam competir com
os irmãos na esfera do ministério público e administrativo. As Escrituras
dizem: "As mulheres idosas... que ensinem as mulheres novas a serem
prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, a serem moderadas, castas,
boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não
seja blasfemada" (Tt 2:4-5). E também: "Quero, pois, que as
que são moças se casem, gerem filhos, governem a casa..." (Tm
5:14)."A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua
casa; os teus filhos como plantas de oliveira à roda da tua mesa" (Sl
128:3). Há muitas outras passagens que mostram a esfera na qual as irmãs devem ministrar.
É triste vermos que em
quase todas as assembleias de cristãos nos dias de hoje esta ordem não é
observada. As mulheres estão pregando e ensinando em púlpitos, e também ocupam
postos de liderança nas várias "igrejas". As Escrituras que citamos
costumam ser distorcidas ou consideradas antiquadas e discriminatórias. Com
muita frequência vemos uma inversão na ordem do ministério de irmãos e irmãs.
Por exemplo, ouvimos falar de irmãos (no papel do "Pastor") que têm
encontros em particular com mulheres – geralmente mulheres jovens – com o
objetivo de aconselhá-las em sua vida pessoal. É frequente pessoas assim
acabarem caindo em algum tipo de imoralidade, para desonra do Senhor. Temos um artigo
que mostra que mais de 80 % dos homens no "ministério" que caíram em
imoralidade chegaram a tal ponto como resultado de sessões de aconselhamento! Muito
disso teria sido evitado se esse ministério na igreja fosse desempenhado por
mulheres.
As Escrituras indicam que
esse ministério de aconselhamento pessoal para mulheres não é para os irmãos; trata-se
de um ministério de responsabilidade das irmãs, de preferência irmãs mais
velhas. Isto é ensinado na epístola de Paulo a Tito. Dentre outras coisas (como
a tarefa de escolher presbíteros), Tito recebeu o encargo de transmitir uma
palavra de exortação dirigida às diferentes classes de crentes que havia em Creta.
Ali ele deveria entregar algo para "os velhos", "mulheres
idosas", "jovens [moços]", e "servos" (Tt
2:1-10). Tito tinha a incumbência de entregar essas mensagens pessoalmente a
cada um deles – exceto às mulheres jovens. Paulo o instrui especificamente para
que dissesse às mulheres mais velhas que entregassem a mensagem às mulheres
jovens. Esse trabalho pastoral dedicado às jovens não era a esfera do
ministério de Tito. William Kelly escreveu: "Podemos observar a maneira
sábia e santa como ele [Tito] é instruído a admoestar as mulheres jovens, não
diretamente, mas por intermédio das anciãs". Se, por alguma razão, um
irmão precisar estar envolvido nesse tipo de aconselhamento, que o faça na
companhia de sua esposa. Este é apenas um exemplo de um ministério que Deus deu
às irmãs e que não foi concedido aos homens.
Ao desejar fazer a vontade
de Deus, as irmãs que aceitaram a ordem de Deus no que concerne à sua esfera de
ministério, encontraram uma paz e um contentamento impossíveis de serem
descritos com palavras.
Três
razões pelas quais as irmãs ocupam um lugar de subordinação no cristianismo
Entendemos que este não é
um assunto muito popular hoje em dia, e será particularmente difícil de ser
aceito por alguns que se apoiam na filosofia do "Movimento de Liberação
Feminina". Apesar dessa filosofia popularmente aceita em nossos dias, a
Bíblia apresenta ao menos três razões pelas quais as irmãs devem ocupar
um lugar de submissão no cristianismo. Após o apóstolo Paulo ter falado do
lugar das irmãs na casa de Deus em 1 Timóteo 2:9-12, ele continuou para nos
ensinar a razão disso. Para isso ele usa a palavra "porque" no
versículo seguinte (13).
1) Criacional – "Porque
primeiro foi formado Adão, depois Eva" (1 Tm 2:13). Deus poderia ter
feito o homem e a mulher ao mesmo tempo, mas Ele decidiu fazer primeiro Adão.
Deus fez assim para indicar que foi a Sua intenção desde o princípio que o
homem tivesse o lugar de liderança na criação. Os homens não conquistaram ou
tomaram esse lugar – como alguns costumam pensar – mas foi dado a
eles por Deus. Além disso, o fato de Deus ter feito o homem como o sexo mais
forte entre os dois também indica que foi da vontade de Deus que ele ocupasse o
lugar de líder (1 Pd 3:7). É preciso considerar também que faz parte da própria
natureza feminina ser mais emocional. Esta característica é extremamente
necessária para ela exercer seu trabalho na esfera que Deus lhe designou, mas
pode ser desastrosa na administração e em outras responsabilidades de
liderança, nas quais as emoções precisam ser mantidas sob controle. Deus deu a
mulher ao homem para ser sua auxiliadora e complemento, não sua concorrente (Gn
2:18; 1 Co 11:9). Os dois se complementam maravilhosamente quando atuam dentro
dos papéis que Deus lhes designou.
2) Governamental – "E
Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão"
(1 Tm 2:14). Paulo segue apresentando uma segunda razão. A falha ocorreu
quando Eva agiu de forma independente, assumindo assim a liderança na família
de Adão. Daquele dia em diante o seu lugar seria de sujeição ao seu marido.
Isto decorre do julgamento governamental de Deus e pode parecer um pouco
severo, mas foi o que o Senhor disse à mulher: "O teu desejo será para
o teu marido, e ele te dominará" (Gn 3:16). A irmã que reconhece
o lugar que Deus lhe deu, e se submete à Sua vontade neste sentido, pode ser de
verdadeira bênção (Sl 128:– "frutífera"). Nas Escrituras as
mulheres que se recusaram a aceitar o lugar que Deus lhes designou, e assumiram
a liderança, geralmente foram a causa de confusão e ruína (Gn 3:6; 1 Rs 21:25;
2 Rs 11:3; Mt 13:33; Ap 2:20; 1 Co 14:33-34). Não devemos pensar que as
decisões governamentais só atingiram a mulher. O homem também está sob o juízo
governamental. Ele deve se submeter ao juízo governamental de Deus no lugar que
lhe foi designado. Desde a queda de Adão tem sido responsabilidade do homem
trabalhar com afinco para prover alimento e abrigo, tanto para a mulher com
quem estiver casado, como também à sua família (Gn 3:17-19). Um homem que não
faça isso é considerado pior que um infiel (1 Tm 5:8).
3) Testemunhal – Em outra
parte o apóstolo Paulo diz: "Vós, mulheres, sujeitai-vos a
vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher,
como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do
corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também
as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos... Grande é este mistério; digo-o,
porém, a respeito de Cristo e da igreja" (Ef 5:22-24, 32). Esta é uma
terceira razão pela qual as mulheres cristãs devem assumir um lugar de
submissão. As irmãs que estão no relacionamento do matrimônio podem, por sua
sujeição ao marido, exibir para o mundo uma pequena figura da submissão da
igreja a Cristo.
"Mas
a Bíblia diz que as mulheres devem orar e profetizar!"
Há quem não acredite que as
passagens que falam do lugar da mulher em 1 Coríntios 14:33-38 e 1 Timóteo 2:11-14
estejam se referindo à pregação e ao ensino, pois se assim fosse elas estariam
contradizendo 1Coríntios 11:5, que diz: "Toda a mulher que ora ou
profetiza...". O argumento utilizado é o de que Deus não teria dito
para as mulheres orarem e profetizarem em um lugar da Bíblia, para depois dizer
o contrário em outro. A conclusão a que chegam é que o "falar" em
1 Coríntios 14 deve estar se referindo a algum problema local em Corinto, onde as
mulheres estariam interrompendo a adoração da congregação fazendo perguntas
fora do contexto, perguntas essas que poderiam ser feitas em casa.
Antes de qualquer coisa, se
cremos que a Bíblia é inspirada pelo infalível Deus, então certamente devemos aceitar
que não existem erros ou contradições em Sua santa Palavra. O "obreiro"
precisa saber manejar bem a Palavra da verdade para encontrar o significado
de uma passagem em particular (2 Tm 2:15). Se olharmos com atenção 1 Coríntios
11, veremos que o versículo que fala de mulheres orando e profetizando (vers.
5) vem antes das instruções dadas aos santos para quando eles estão reunidos
(vers. 17). O versículo 17 neste capítulo marca um novo parágrafo e segue
mostrando a ordem de coisas para quando os santos estão reunidos para a
adoração e o ministério. Ali diz: "Nisto, porém, que vou dizervos não
vos louvo; porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior. Porque
antes de tudo ouço que, quando vos ajuntais na igreja...". Deste
versículo em diante e ao longo do capítulo 14 o apóstolo trata de questões
diretamente relacionadas ao momento em que os santos estão reunidos em uma
assembleia. Isto é indicado por Paulo que repetidamente diz "Quando vos
ajuntais" (1 Co 11:17, 18, 20, 33, 34; 14:23, 26). Conforme temos
dito, os versículos que se referem à mulher que ora e profetiza são encontrados
numa seção que precede as instruções para os santos quando estão
reunidos. Isso demonstra que naquela passagem (vers. 2 a 16) ele não está se
referindo especificamente às atividades dos santos quando reunidos para o
ministério. O assunto ali é mais amplo, portanto inclui a esfera doméstica etc.
R. K. Campbell escreveu: "Esta passagem (vers. 2-16) permite que a mulher
faça essas coisas, mas não indica onde elas devem ser feitas. Mas o capítulo 14
fala especificamente que tal ministério das mulheres não é permitido na assembleia".
Isso demonstra que Deus não impede as mulheres de orarem e profetizarem. Elas
têm muitas oportunidades para fazerem isso na sua esfera doméstica, fora das
reuniões públicas da assembleia. Portanto, não existe qualquer contradição
entre as duas passagens. Uma está falando do momento quando os santos estão "na
assembleia", como o versículo claramente indica (1 Co 14:34), enquanto
a outra é genérica, e não específica à assembleia (1 Co 11:5).
Ao respondermos às objeções
que costumam ser feitas às claras afirmações das Escrituras, somos
constantemente confrontados com ideias que as pessoas introduziram nas
Escrituras. A suposição de que as mulheres de Corinto estavam atrapalhando
as reuniões com tagarelices ou conversas paralelas é um exemplo clássico disso.
As Escrituras não dizem coisa alguma a respeito. O modo como o apóstolo Paulo
tratava as Escrituras era exatamente o oposto ao dos cristãos de nossos dias.
Ele não introduzia ideias nas Escrituras, mas procurava entender aquilo
que saía das Escrituras (Atos 17:2). Esta deveria ser uma diretriz para
cada um de nós.
Em seu contexto, o capítulo
está tratando do exercício do dom de alguém de profetizar (ministrar) na
assembleia, e não de tagarelar. A palavra no original, que é traduzida como
"falar" em 1 Coríntios 14:34 e aplicada ali às mulheres, é a
mesma usada em todas as outras partes do mesmo capítulo quando, por exemplo,
diz "Falem dois ou três profetas..." e "Se
alguém falar..." etc. Ninguém iria discutir que estas passagens
significam "falar" no sentido de ministrar a Palavra. Mesmo assim,
quando chegamos ao versículo no mesmo capítulo que proíbe as irmãs de falarem,
alguns querem alterar o significado da palavra para "tagarelar".
Parece que essas pessoas estão dispostas a aceitar qualquer tipo de explicação
para o significado da palavra – mesmo uma explicação irracional – só para não
admitirem que a passagem esteja se referindo à proibição de profetizar ou
ministrar a Palavra. Essa insistência em distorcer a Palavra de Deus só
acontece porque existem outros interesses: são pessoas que querem que as
mulheres preguem a Palavra e buscam apenas uma desculpa para introduzir suas
próprias ideias nas Escrituras.
"Mas
não devemos fazer distinção entre homem e mulher na igreja!"
Outros concordarão que Deus
tem papéis distintos para o homem e a mulher, e acreditam que estes devem ser
observados, mas apenas nas relações da vida doméstica. Quando o assunto é a
assembleia, eles acham que as distinções entre macho e fêmea não devem ser
consideradas, pois a Palavra de Deus diz: "Nisto não há judeu nem
grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um
em Cristo Jesus" (Gl 3:28). Muitos teólogos acreditam que esta
declaração universal se sobreponha às declarações mais restritivas feitas por
Paulo em 1 Coríntios 14 e 1 Timóteo 2.
O equívoco está em não
distinguir entre posição e prática. A chave que desfaz a confusão existente na
mente de alguns está em compreender o que significa a expressão "em Cristo
Jesus". Ela descreve nosso lugar de aceitação individual diante de Deus,
a própria posição que Cristo ocupa agora como Homem na glória. A expressão mostra
a completa posição que o cristão agora ocupa diante de Deus na nova criação, a
qual está inseparavelmente associada à habitação do Espírito Santo no crente. Paulo
usa essa expressão diversas vezes em suas epístolas (Rm 8:1; Ef 1:6; 2 Co 5:17;
Gl 6:15; Ef 2:13 etc.). Gálatas 3:28 mostra que todos os crentes, independente
de sua nacionalidade, nível social ou sexo, são igualmente abençoados nesse
lugar de aceitação diante de Deus no céu. Trata-se de uma expressão posicional.
Todavia, em 1 Coríntios 14 e 1 Timóteo 2 o assunto é a ordem prática das
coisas entre os cristãos na terra. Há duas expressões que mostram essa
diferença: "em Cristo Jesus" (Gl 3:28) e "nas
igrejas" (1 Co 14:34). Uma fala daquilo que os santos são no lugar que
Cristo ocupa diante de Deus no céu, enquanto a outra fala do que eles
são quando estão reunidos para adoração e ministério na terra. Portanto,
quando o assunto é seu lugar de aceitação em Cristo não existe diferença entre
crentes, mas existe uma grande diferença quando o assunto é a função prática
dos crentes na assembleia. Quando entendemos a diferença entre estas duas
coisas, percebemos que o lugar e o serviço dos irmãos e das irmãs na assembleia
são bem distintos.
"Mas
aquelas coisas se aplicavam apenas a Corinto!"
Outros dizem que a
proibição para as mulheres falarem na assembleia se aplicava somente à
assembleia de Corinto, cidade particularmente conhecida por suas mulheres tagarelas
e desavergonhadas. Supõe-se que essas mulheres em Corinto, após terem sido
salvas, tenham continuado com seus velhos hábitos, e por isso acabavam atrapalhando
as reuniões. A solução dada por Paulo para aquele problema local teria sido
ordenar que ficassem em silêncio até que aprendessem a se comportar melhor.
Conclui-se, portanto, que tal ordem não teria aplicação para as mulheres na
igreja nos dias hoje.
Mais uma vez tudo não passa
de mera suposição afirmar que as mulheres agiam assim. As Escrituras não dizem
que havia tal problema. Além disso, é falsa a ideia de que tais instruções
tivessem sido dadas apenas para Corinto. O início da epístola mostra que os
princípios apresentados ali são destinados a muito mais do que apenas aquela
assembleia; eles são para "todos os que em todo o lugar
invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Co 1:2). A própria
passagem em 1 Coríntios 14 nos diz claramente que tal ordem referia-se a "todas
as igrejas dos santos" (1 Co 14:33-34).
"Mas
não queremos afugentar as pessoas do cristianismo!"
Alguns acreditam que não
deveríamos colocar em prática estas coisas, pois poderiam ofender pessoas
incrédulas (principalmente mulheres) que observam o cristianismo. Eles acham
que esse tipo de coisa poderia afugentar completamente as pessoas para longe de
Deus, por dar a elas a impressão de que o cristianismo estaria colocando a
mulher numa classe inferior. Este argumento sugere que aquilo que o mundo pensa
do cristianismo é mais importante do que a obediência às Escrituras. Ele implica
que é aceitável desobedecer a Palavra de Deus, se no final pudermos ganhar
alguém agindo desta forma. Mas as Escrituras dizem que a obediência a Deus é
mais importante do que qualquer culto que possamos oferecer a Ele. "Eis
que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que
a gordura de carneiros" (1 Sm 15:22). Devemos obedecer a Palavra de
Deus antes de qualquer coisa, deixando para Deus os resultados do testemunho.
Como já dissemos, nossa responsabilidade é cuidar dos princípios e
deixar que Deus cuide das pessoas. Devemos lembrar que este é o trabalho
dEle. Afinal, é Ele quem produz o exercício espiritual nas pessoas por meio de
Seu poder vivificador. O Senhor elogiou a assembleia em Filadélfia dizendo: "tendo
pouca força, guardaste a minha palavra, e não negaste o meu nome" (Ap
3:8). De modo algum poderíamos contar com Seu elogio e bênção caso viéssemos a
desobedecer ao ensino claro de Sua Palavra. Façamos aquilo que sabemos que devemos
fazer, e deixemos que Ele cuide do resto.
"Isso
é coisa do velho Paulo!"
Outros consideram que o
apóstolo Paulo escreveu essas coisas sobre o lugar da mulher por ser ignorante
e insensível para com as mulheres. São pessoas que veem seus ensinos sobre o
assunto como se não passasse de opiniões pessoais pelo fato de ele ser
solteiro.
Ficamos em dúvida se
pessoas que pensam assim acreditam na inspiração das Escrituras. Devemos nos lembrar
de que essas coisas são as Escrituras divinamente inspiradas. Elas não são meras
opiniões de um solteiro, mas sim mandamentos do Senhor! No mesmo capítulo em
que Paulo falou essas coisas relacionadas ao lugar da mulher, ele também disse:
"Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as
coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor" (1 Co 14:37).
Cobertura
para a cabeça
Outra coisa que hoje tem
sido desprezada entre os cristãos é o uso de cobertura para a cabeça. Em 1
Coríntios 11 temos instruções claras e explícitas dadas às irmãs para que
tenham a cabeça coberta quando estiverem sendo tratados assuntos divinos. Já
que a passagem das Escrituras não especifica onde a cobertura da cabeça deve
ser usada, não temos autoridade para afirmar que ela se aplique apenas às
reuniões da assembleia. Seu uso é mais amplo. Sua aplicação se estende a
qualquer lugar onde a Palavra de Deus estiver sendo estudada, seja em reuniões
públicas ou no estudo da Palavra em particular. Costuma-se perguntar: "Por
que Deus iria querer que as irmãs cobrissem a cabeça? Qual a utilidade
disso?". Deus não apenas nos diz para fazer algo, mas Ele também explica a
razão. É esta a beleza do cristianismo. Temos um "culto
racional" (Rm 12:1). Quando entendemos a razão de Deus nos
pedir para praticarmos algo, nossa obrigação é obedecer a Sua Palavra, pois
então podemos fazer isso de forma inteligente e com um propósito. Isto
contrasta com o culto que era oferecido sob a Lei; os israelitas não entendiam
muito daquilo que faziam em seu culto a Deus.
O ato de descobrir a
cabeça, por parte dos irmãos, e o cobrir a cabeça, pelas irmãs, são
demonstrações dos princípios envolvidos na confissão cristã. O Apóstolo mostra
no início do capítulo que no cristianismo a cabeça do homem representa Cristo.
Paulo diz: "Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo
o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo" (1
Co 11:3). Em seguida ele mostra que, por esta razão, os irmãos devem descobrir
a cabeça quando tratarem das coisas divinas. Ao fazerem assim eles reconhecem
que toda glória pertence a Cristo. Trata-se de um ato deliberado de testemunho
da parte dos irmãos, e reflete nosso desejo de conceder toda glória a Cristo,
nossa Cabeça viva no céu. Paulo diz: "O homem, pois, não deve cobrir a
cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a
glória do homem" (1 Co 11:7). Esta atitude glorifica a Cristo e deve
ser feita tendo isto em vista.
Por outro lado, no
cristianismo a mulher representa a glória do homem. Ali diz: "O homem,
pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de
Deus, mas a mulher é a glória do homem. Porque o homem não provém da
mulher, mas a mulher do homem. Porque também o homem não foi criado por causa
da mulher, mas a mulher por causa do homem. Portanto, a mulher deve ter sobre a
cabeça sinal de poderio [autoridade], por causa dos anjos" (1 Co
11:7-10). O cabelo da mulher é um sinal da glória natural do primeiro homem. O
cabelo é seu véu permanente de beleza e glória (Co 11:15). O apóstolo ensinava
que o cabelo da mulher deveria ser coberto quando estivessem sendo tratadas as coisas
divinas, por causa do que o cabelo representa.
Quando as irmãs usam uma
cobertura na cabeça, elas estão proclamando o fato de que não reconhecemos o primeiro
homem como tendo qualquer lugar no cristianismo. Trata-se de uma confissão de
que o homem e sua glória não têm lugar nas coisas divinas. Paulo acrescentou: "por
causa dos anjos" (1 Co 11:10). Deus estabeleceu certa ordem em Sua
criação. Homens e mulheres cristãs não devem negligenciar essa ordem, mas devem
se lembrar de que são um espetáculo divinamente preparado. Os anjos estão
aprendendo a sabedoria de Deus em Seu agir entre os cristãos na terra (1 Co
4:9; Ef 3:10).
"Cobrir
a cabeça era um costume cultural antigo que não deve ser considerado
hoje!"
Costuma-se argumentar que
as instruções dadas pelo Apóstolo Paulo eram apenas para os Coríntios daquela
época. Assim a cobertura da cabeça é descartada como sendo um antigo
costume cultural que não tem qualquer aplicação para as mulheres de nossos
dias.
Mais uma vez, isso não
passa de suposição. Paulo nunca disse que aquilo seria somente para a sua
época. Se estas coisas fossem apenas para aquela época, por que razão a igreja
observou as instruções do cobrir a cabeça desde o princípio até cerca de 50
anos atrás? São 1900 anos! Será que a igreja agiu de maneira errada todo esse tempo?
O Espírito de Deus parece que já tinha em mente a nossa época, quando alguns
argumentariam sobre estas coisas. Por isso Paulo foi levado a escrever: "Se
alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de
Deus" (1 Co 11:16). Este "nós" que aparece no
versículo refere-se aos apóstolos que foram dados à igreja para colocar o
fundamento do cristianismo por meio de seu ministério. O que ele está dizendo
neste versículo é que se existirem pessoas que queiram argumentar sobre estas
coisas, que elas fiquem cientes de que os apóstolos não têm "tal
costume", o costume de as mulheres terem a cabeça descoberta quando as
Escrituras fossem lidas. Em momento algum os apóstolos haviam entregado tal
costume à igreja.
Mais uma vez lembramos o
leitor de que as coisas que Paulo ensinou concernente ao cobrir a cabeça não
foi algo dado exclusivamente aos Coríntios, mas é para ser praticado "em
todo o lugar" (1 Co 1:2).
"Mas
o cabelo da mulher é o seu véu!"
Outro argumento comumente
usado para descartar o uso da cobertura é o versículo 15. Ali diz: "Mas
ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em
lugar de véu". Usando este versículo alguns argumentam que se a mulher
tiver cabelo longo (e alguns que não precisa ser tão longo), então ela já estaria
cumprindo esta passagem das Escrituras, pois seu cabelo funcionaria como um
véu. Por tanto, as mulheres não precisariam usar uma cobertura artificial para
a cabeça por já terem uma cobertura proporcionada pelo cabelo.
Todavia, se olharmos com
mais atenção para esta passagem, veremos que são mencionadas duas coberturas.
Paulo propositalmente usa duas palavras diferentes para distinguir as duas coisas.
Infelizmente na maioria das traduções isto não está indicado, e por isso o
leitor acaba concluindo, em sua sinceridade, que o cabelo é uma cobertura
suficiente para a mulher. Mas a palavra usada no idioma original para "cobrir"
nos versículos 4 a 6 é diferente da usada no versículo 15. No versículo 15
a palavra original é ' peribolaiou' e indica o cabelo enrolado em torno
da cabeça. Na linguagem moderna seria o equivalente a um penteado ou algo
semelhante. Portanto, o cabelo da mulher é um véu (ou cobertura) de glória e beleza
que a natureza lhe concedeu. Mas a palavra nos versículos 4 a 6, '
katakalupo', indica uma cobertura artificial para o cabelo, algo como um
chapéu, lenço etc. Por isso fica bem claro que não existe fundamento para a ideia
de que a mulher não precise colocar uma cobertura sobre a cabeça.
Alguns argumentos são
levantados por pessoas que querem fazer sua própria vontade, e acabam se
mostrando ridículos quando tratados de maneira lógica. Esta ideia, em
particular, de que a mulher pode deixar de trazer uma cobertura por esta já ser
suprida pelo cabelo, é um exemplo disso. Se o cabelo é a cobertura da qual fala
a passagem, então os homens também trariam por natureza uma cobertura, pois
eles têm cabelo tanto quanto as mulheres! E se o cabelo é uma cobertura, como
poderiam os irmãos orar e profetizar em obediência à Palavra de Deus, se
estiverem impedidos de ministrar a Palavra com a cabeça coberta? (1 Co 11:4).
Será que Paulo queria que todos os irmãos que ministram a Palavra na reunião tivessem
a cabeça raspada? Certamente aqueles que usam de tais argumentos não creem ser
assim. E se eles acreditam que o cabelo seja um véu, por que não raspam a cabeça?
Não conhecemos um grupo sequer de cristãos que faça isso. Evidentemente, não é
de cabelo natural que a passagem está tratando ao falar do véu.
"Levando
o Seu vitupério"
Quando analisamos o assunto
do lugar e ministério das irmãs na igreja tendo em vista o declínio do
testemunho cristão nos últimos dias, fica bastante óbvio que a recusa das
mulheres em aceitar o lugar que Deus lhes designou é apenas mais uma evidência
do grande abandono da verdade. O problema disso – e de muitos outros assuntos
que tratamos neste livro – é que os cristãos não quererem levar o vitupério ou
a vergonha que está associada à prática do cristianismo bíblico. Como
consequência, eles inventam todo tipo de desculpa para não seguir as simples declarações
da Palavra de Deus. Aqueles que atenderem à exortação "saiamos, pois, a
Ele fora do arraial" irão levar "Seu vitupério", "vergonha"
ou "rejeição" (Hb 13:13). Não há como escapar disso; o
cristianismo normal é assim. Devemos, portanto, estar preparados para aceitar isso.
Se por um lado podemos ser envergonhados por causa do nome do Senhor, por outro
teremos também um senso de Sua aprovação em nossa alma. Isto porque existe um
gozo na senda de se fazer a vontade de Deus, gozo este que só é conhecido
daqueles que caminham nela.
"Deleito-me
em fazer a Tua vontade, ó Deus meu" (Sl 40:8; Jr 15:16).
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