15 de agosto de 2017

O que devo fazer com a minha vida? - A. J. Pollock

É uma experiência emocionante estar na margem do oceano da vida, e olhar para fora em suas águas inexploradas, e perguntar em que direção a barca de nosso destino irá viajar, e qual será o porto em que eventualmente chegará. Tal é a experiência presente de muitos jovens cristãos. A pergunta que serve como título a este artigo, pode muito bem ser feita repetidas vezes por esses jovens.

O que você irá fazer com sua vida é uma questão de escolha muito séria e vital, e é bom pesar prós e contras. Devemos viver para esta vida sem considerar a próxima? Devemos viver para o tempo, e esquecer a eternidade? Devemos comer, beber e alegrar-nos, porque amanhã morreremos? Certamente isso seria uma tolice, uma escolha suicida. Olhe para as multidões que fazem isso. Pobres tolos! Deixemos, por enquanto, deixar de lado aqueles que naufragam cedo na vida, e há multidões que o fazem. Vamos nos fixar naqueles que têm sido eminentemente bem-sucedidos em aproveitar ao máximo esta vida por seus próprios esforços.

Leia as biografias de estadistas, generais de sucesso, advogados inteligentes, homens e mulheres que circulam com distinção em círculos brilhantes -- homens e mulheres que conseguiram nesta vida aquilo que se considera melhor, e não se importaram com o além. Foram homens e mulheres de visão, embora limitada pelo tempo, com propósito, vontade e capacidade, coisas que os colocaram acima da multidão de pessoas comuns. Lemos de brilhantes dias na faculdade, realizações em várias esferas da vida, avançando passo a passo em posições de grande poder e influência.

À medida que lemos, notamos que rapidamente a noite da vida se aproxima, suas capacidades falhando, o poder e o prestígio caindo das mãos enfraquecidas, depois abrandando até a MORTE chegar e então ...? Sessenta, setenta, oitenta anos, o que são? -- um vapor, uma fumaça. E então despreparado para enfrentar ETERNIDADE -- A IDADE DAS IDADES! Certamente esta não é uma escolha sábia.

Mas, graças a Deus, esta não é a escolha de homens e mulheres cristãos. No entanto, caso você seja um cristão, existe a possibilidade de fazer um uso errado de sua vida, ou não tirar o melhor proveito dela. Sim, infelizmente isto vale para cristãos também! Podem levar vidas carnais, podem viver em um nível respeitável aos olhos do mundo, mas mesmo assim ficar muito longe do que sua vida deveria ser. Você pode ter sucesso em sua profissão, em seu negócio, em seu trabalho, em sua família, e ainda assim reservar muito pouco de sua vida para Deus e a eternidade.

Seria bom se os jovens cristãos se medissem pelo padrão infalível da Palavra de Deus. Por exemplo, "Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum" (Rm 7:18); "Andamos por fé, e não por vista" (2 Co 5:7); "Não são do mundo, assim como eu não sou do mundo." (Jo 17:14, 16); "Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." (Fp 3:14) .

Comparemo-nos com estas passagens e vejamos até onde nossa vida e intenções correspondem a elas.

Li uma ilustração impressionante do que podemos fazer de nossas vidas. "Uma barra de aço que valha cinco dólares, quando forjada em ferraduras vale dez dólares; se transformada em agulhas vale trezentos e cinquenta dólares; se em lâminas de canivete pode valer trinta e dois mil dólares; se transformada em molas para relógios pode chegar a duzentos e cinquenta mil dólares."

Uma barra de aço pode ser feita para produzir valores variáveis de 10, 350, 32.000, 250.000 dólares. Pode ser que nossa vida como cristãos dê um resultado como o de dez dólares; Em alguns casos, o resultado pode ser de duzentos e cinquenta mil dólares. Se vivemos para Deus, para a eternidade, para servir a nosso Senhor Jesus Cristo com um propósito cheio de coração, nossa vidas produzirá fruto para Deus. Repare que João 15:8 não diz apenas fruto, mas muito fruto, "Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.". Quão ambicioso o plano que nosso Senhor tem para nós!

Que o jovem cristão olhe para o futuro e faça com que, pela graça de Deus e com o poder do Espírito de Deus, sua vida seja vivida para a glória de Deus.

Tome exemplos das Escrituras. Veja o que Moisés fez de sua vida. Ele virou as costas para o palácio de Faraó e se identificou com o povo desprezado e abatido de Deus. Ele poderia ter circulado nas mais altas esferas do Egito, mas contentou-se em entrar na obscuridade e fazer a vontade de Deus. Veja que posição e influência teve Moisés. O mundo inteiro sabe de Moisés, e sua influência fez uma marca profunda em todos os tempos. A filha de Faraó só ficou conhecida por estar relacionada a Moisés.

Veja o que o apóstolo Paulo fez de sua vida. Ele tinha sido agraciado com grandes distinções na política judaica. No entanto, ele deu as costas a tudo. Ele poderia dizer: "E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo" (Fp 3:8).

Viva para Deus, viva para Cristo, viva para servir aos outros, viva para a eternidade, e você nunca vai se arrepender. Então, o que você fará com sua vida?


A. J. Pollock


14 de agosto de 2017

Devo permanecer na igreja em que Deus me tocou?


Sua dúvida é: Se Deus pode tocar alguém em qualquer lugar ou religião — como tocou você num encontro promovido pela Igreja Católica — por que iria deixar aquela religião? Conheci um rapaz que se converteu quando virou um copo de uísque numa boate. Naquele momento a Palavra de Deus que tinha ouvido de um cristão fez todo sentido e ele creu ali mesmo, com música alta, luzes estroboscópicas e gente dançando. Mas não acredito que tenha se mudado de vez para a boate. A conversão de um presidiário em sua cela não significa que ele nunca mais irá querer sair dali. Deus pode sim converter a pessoa em qualquer lugar deste mundo, porque é aqui que vivemos, e usando de quaisquer circunstâncias ou pessoas.

Você descreveu a experiência cheia de choro e emoções pela qual passou durante um seminário numa igreja católica, que aparentemente foi o ponto de partida de sua caminhada cristã. Sem entrar no mérito de esses seminários, acampamentos, encontros ou TLCs (“Treinamento de Liderança Cristã") em igrejas católicas e protestantes serem planejados para mexer com as emoções, Deus pode usar qualquer coisa ou pessoa para falar conosco. Ele usou até uma jumenta para falar com Balaão. Mas o inimigo também usa muitas coisas e pessoas, e usou uma serpente para falar com Eva. Então não basta ficarmos apenas com a experiência e as sensações. É preciso medir tudo pela Palavra de Deus.

É claro que Deus pode usar um servo seu em qualquer lugar, até dentro do catolicismo romano, pois afinal é uma religião cristã que conserva os fundamentos básicos da fé cristã, como a divindade de Cristo, a Trindade, a obra expiatória do Cordeiro de Deus etc. Dizer que é impossível alguém se converter dentro do sistema católico romano é dizer que durante mais de mil anos os portões do céu ficaram fechados aguardando Lutero restaurar a doutrina da justificação pela fé. Mas isso não exime aquele sistema de seus erros e tradições que foram acrescentados durante séculos. 

Se Deus não usasse pessoas até fora dos fundamentos que ele mesmo colocou, não teria usado os profetas Elias e Eliseu. Digo isto porque  eles não estavam em Jerusalém, que era o centro de adoração estabelecido por Deus, e sim em Samaria, para onde Jeroboão havia atraído dez tribos de Israel para desviá-las e fazê-las mergulhar na idolatria. Deus coloca os seus profetas onde eles são necessários, e algum protestante mais radical pode até ter chiliques com o que vou dizer, mas existem muitos padres realmente convertidos a Cristo e pregando a salvação pela fé. Outro dia recebi um email de um padre que diz ler meus livros. Durante a Inquisição muitos padres e freiras foram queimados em fogueiras ou aprisionados em calabouços nos mosteiros e conventos por terem sido considerados hereges por sua fé em Jesus.

Já passei pelo que descreveu logo depois de minha conversão, pois no início participava de missas e encontros católicos. Participei de uma experiência também cheia de choros e emoções como a que você passou quando participei de um "Toloco" (TLC) da igreja católica em minha adolescência. Mas não me converti de verdade ali. Mesmo depois de convertido levei um ano para deixar definitivamente o sistema católico romano, primeiro por não entender a Bíblia e não saber que esse sistema não é fundamentado nela, mas na tradição dos "santos padres". Segundo, porque depois de ter entendido um pouco achei que poderia fazer maior diferença se permanecesse ali.

Mas Deus quer que os seus cresçam no conhecimento da Palavra e que esta não seja substituída por emoções, portanto não faça das emoções o fiel de sua balança. Deus também quer que nos apartemos do mal, não apenas moral, mas também doutrinário e eclesiástico, se quisermos honrar o nome de Cristo. "O firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais: Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor." (2 Tm 2:19).

A ideia de permanecer em um sistema errôneo achando que irá influenciar positivamente os que estão ali também não é bíblica. Ainda que Elias e Eliseu tenham sido profetas enviados às dez tribos divididas de Israel, eles não compactuavam com o mal e nem participavam dos cultos idólatras. Um princípio que sempre me acompanhou neste sentido é o de Jeremias 15:19 "Portanto, assim diz o Senhor: Se tu te arrependeres, eu te farei voltar e estarás diante de mim; se apartares o precioso do vil, serás a minha boca; e eles se tornarão a ti, mas tu não passarás para o lado deles.".

Outro princípio do Antigo Testamento que, trocado em miúdos, significa que uma gota de água limpa num copo de água suja não limpa a água, mas uma gota de água suja num copo de água limpa contamina a água, é o que você encontra no capítulo 2 do livro do profeta Ageu:

"Assim diz o Senhor dos Exércitos: Pergunta, agora, aos sacerdotes a respeito da lei: Se alguém leva carne santa na orla de sua veste, e ela vier a tocar no pão, ou no cozinhado, ou no vinho, ou no azeite, ou em qualquer outro mantimento, ficará isto santificado? Responderam os sacerdotes: Não. Então, perguntou Ageu: Se alguém que se tinha tornado impuro pelo contato com um corpo morto tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? Responderam os sacerdotes: Ficará imunda." (Ag 2:11-13).

Por isso volto a sugerir que não faça das emoções o fundamento de sua fé, porque o cristão deve ter uma fé racional que não tira a pessoa do controle de suas faculdades. Duas vezes encontro a palavra "racional" na Bíblia, uma falando do uso de nosso corpo em um culto raciona a Deus e outra falando do crescimento baseado em um leite racional, isto é, na Palavra de Deus. "Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." (Rm 12:1). "Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo" (1 Pe 2:2). Além disso, o argumento de alguns pentecostais de que o crente perde o controle de si mesmo em seu ministério ou adoração a Deus não procede, e basta um versículo para mostrar isso: "Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas" (1 Co 14:32).

Bebês choram antes de aprenderem a falar, porque emoções são as únicas coisas que eles são capazes de produzir e sentir. Não há nada de errado em um cristão se emocionar com as coisas de Deus, porém se alguém quer continuar sendo bebê fundamentado só nas emoções, nunca irá crescer e conhecer as coisas que pertencem aos adultos. Se Deus usou de choros e emoções para colocar você nos primeiros passos da fé cristã, agora é hora de enxugar as lágrimas, se recompor e começar a comer alimento mais sólido.

"Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal." (Hb 5:12-14).

Sugiro também "Qual o papel que minha igreja teve em minha conversão e edificação?"

por Mario Persona


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Deus perdoaria meu suicidio?

Você escreveu dizendo que viu vídeos de pastores afirmando que uma pessoa que tira a própria vida poderia obter o perdão de Deus, e quis saber se é correta essa afirmação. A sua mensagem não foi a única que recebi nos últimos dias e no mesmo sentido, mostrando que esses vídeos de pastores têm sido amplamente compartilhados e divulgados, algo que realmente deve ser motivo de preocupação.

A imprensa tem uma regra não escrita, que é a de não noticiar suicídios. A menos que seja a morte de uma celebridade, é provável que você nunca irá ver a notícia do suicídio de um cidadão comum, pois sabe-se que notícias de suicídio encorajam mais suicídios. Pelo mesmo motivo a imprensa norte-americana evita noticiar tentativas frustadas de atentados nas escolas. Essas tentativas não são noticiadas por causa do "Efeito Copycat", que é a inspiração que os crimes violentos dão a determinadas pessoas encorajando-as a copiarem os mesmos crimes. 

Antes que me pergunte, sim, a imprensa tem grande parcela de culpa com seus jornais e programas sensacionalistas, que descrevem em detalhes os crimes cruéis e acabam inspirando pessoas impressionáveis ou com algum desvio de personalidade a copiarem as mesmas coisas. Por isso temo que toda essa atenção dada ao assunto ultimamente possa causar mais mal do que bem, principalmente quando tratada pela religião e imprensa dentro do contexto do "politicamente correto". Um clérigo temeroso de sua reputação ficar comprometida pode muito bem vir a público, não para falar a verdade, mas simplesmente para reafirmar aquilo que as pessoas esperam que seja a verdade.

Hoje as artes, cultura e religião amenizam a gravidade das consequências do suicídio, romantizando sua prática como mera opção do que chamam de morrer com dignidade. Afinal, quando você não tem a Deus na equação vai acabar achando que sua vida pertence unicamente a você, e ninguém melhor que você para decidir o que fazer com ela.

Se na sociedade moderna isso já é feito com certa tranquilidade no aborto, com o assassinato do pequeno ser humano apelidado de "gravidez indesejada", que mal poderia haver em matar pela eutanásia o amigo ou parente inutilizado pela doença, acidente ou velhice? E, usando do mesmo raciocínio, por que o ser humano não poderia colocar um ponto final à sua história, por meio do suicídio, considerando sua própria "vida indesejada"? Depois de assistir a séries e filmes abordando o assunto, alguém que nunca pensou em homicídios rebatizados como aborto, eutanásia ou suicídio, pode incluir a possibilidade em sua agenda.

Quando o tema envolve questões de fé o assunto fica ainda mais complicado, pois nessa hora não faltam pastores e padres buscando na mídia seus quinze minutos de fama para dizer que não veem problema algum em um cristão tirar a própria vida. Afinal, Deus é misericordioso para perdoar qualquer ato de seus filhos. Mas será que não há problema? Um suicídio é um homicídio premeditado, o que até na lei dos homens é considerado um agravante.

Alguns podem argumentar tipo "a vida é minha e faço o que bem entender com ela", mas não é assim. A vida pertence a Deus e querer tirar a vida é como querer vender um carro alugado. Ele não lhe pertence e seria um crime não devolvê-lo à locadora. E se estivermos falando de cristãos, pessoas que foram resgatadas por um altíssimo preço, como alguém poderia tratar levianamente um tema de tamanha gravidade? Veja se você consegue encontrar o seu nome neste versículo, como agente ou coadjuvante no processo de dar ou tirar a vida: "O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela." (1 Sm 2:6). Não conseguiu? Então o assunto "vida" claramente não lhe diz respeito quando a questão for dá-la ou tirá-la.

O cristão deve buscar sempre fazer a vontade de Deus e quando não souber como agir deve orar pedindo de Deus a direção. É o que ensina Tiago 4:13-17, onde você encontra a passagem que indica que, ao invés de você seguir com próprios planos sem consultar a Deus, "devíeis dizer: Se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo". Será que tirar a própria vida poderia ser a resposta de Deus à sua oração para colocar um fim aos seus problemas aqui?

Na Bíblia temos vários casos de crentes em desespero, que chegavam a pedir a morte, mas nenhum tomando essa iniciativa pelas próprias mãos. Jó foi um, que diante do incentivo da mulher, que dizia "Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre", respondeu: "Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios." (Jó 2:7-10).

Em Gênesis 9:6 Deus determinou a aplicação de pena de morte para o homicida, tamanha a gravidade desse pecado: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem.". No caso de um cristão que planeja atentar contra a própria vida ele estará também atentando contra o próprio corpo, que é o Templo do Espírito de Deus. Qualquer que incentivar algo assim argumentando com sua própria sabedoria é insano e nada entende.

"Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo. Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos." (1 Co 3:16-20).

Antes de terminar quero deixar claro que meu ponto foi dizer que o suicídio é um ato egoísta de homicídio premeditado, e temos clara a afirmação da Palavra de Deus em 1 João 3:15: "Vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele". Mas existe uma gama enorme de situações, como a de Sansão, que provocou a própria morte mas com o objetivo de salvar seu povo dos inimigos, ou de Jesus, que entregou sua vida para nos salvar. Um soldado na guerra que salta sobre uma granada para, com seu corpo, salvar seus colegas, não é considerado suicida, mas herói. Seu motivo não foi o egoísmo, mas o altruísmo.

Porém existem situações nas quais só Deus consegue entrar, como por exemplo a da pessoa que pula do prédio querendo se matar, mas se arrepende antes de atingir o chão, ou daquele para quem o veneno não mata imediatamente e Deus consegue invadir a solidão de um coma para tocar seu coração. Por isso costumo dizer a pais que perderam um filho para o suicídio que não se apressem a tirar conclusões, principalmente quando variáveis como doenças mentais, drogas e dores crônicas podem fazer parte de uma equação que leva a pessoa a agir de modo inconsciente, como em um surto psicótico.

Mas para alguém que no pleno domínio de suas faculdades mentais esteja flertando com esse ato tão abominável aos olhos de Deus a mensagem continua sendo: "E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele." (1 Jo 3:15).



Por Mario Persona

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Por que nao tenho o direito de reagir com armas?



https://youtu.be/zQ9yQwpDNbc

Você tem o direito de fazer o que quiser, contanto que esteja dentro da lei. Mas se a lei permitir que ande armado para se defender, isso não significa que fará assim sendo cristão como é. Ainda que em nosso país a lei permitisse a todo cidadão andar armado, o cristão deveria julgar isso diante de Deus, e não fazer só porque é permitido. "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm." (1 Co 6:12). O que penso sobre cristãos andarem armados está no artigo que você viu no texto e vídeo #0953 "O cristão pode andar armado?".

O versículo que você citou nada prova, ao dizer que ao subjugarem o povo de Israel os filisteus proibiram que eles tivessem armas. "E em toda a terra de Israel nem um ferreiro se achava, porque os filisteus tinham dito: Para que os hebreus não façam espada nem lança" (1 Sm 13:19). Esse argumento pode servir em debates políticos se um país deve ou não permitir que seus cidadãos andem armados, mas quando falamos de cristianismo não estamos falando do modo como as coisas devem ser no mundo, mas entre aqueles que são cidadãos do céu.

Sinto pelo seu tio que foi morto em um assalto, mas será que se ele estivesse armado o desfecho seria diferente? Todos os dias vemos notícias de pessoas armadas que foram mortas por bandidos, e geralmente são policiais que têm treinamento em como usar uma arma. O que dizer de civis que podem nem saber atirar ou de que maneira reagir a uma abordagem? Some-se a isso o número de pessoas assassinadas por familiares que tinham uma arma em casa. De acordo com o "Atlas da Violência 2017" no Brasil 71,9% dos homicídios são com arma de fogo e a cada 1% no aumento da proliferação de armas ocorre um aumento de 2% na taxa de homicídios.

Sim, no Texas onde você morou e em outros estados norte-americanos armas são permitidas, e você falou de algumas ações de loucos que tentaram fuzilar pessoas em escolas e espaços públicos e foram contidos por cidadãos armados. Talvez não saiba que o número de ocorrências de tentativas assim é muito maior do que as noticiadas. Quando não são bem sucedidos esses ataques de alunos contra alunos não saem na imprensa. Assim como existe uma regra não escrita entre profissionais de imprensa de nunca noticiarem suicídios para não inspirarem outros a se suicidarem, o mesmo acontece com ataques a escolas. A menos que ocorra mesmo um massacre, as tentativas nem saem na imprensa para evitar o que é chamado de efeito "copy-cat", levando imitadores a também desejarem seus quinze minutos de fama.

Nos anos 90 nos Estados Unidos acompanhei um irmão em Cristo que levava seu filho à escola. Perguntei se tinham muitos problemas com alunos que levavam drogas para a escola e ele disse que o problema maior era com alunos que iam à escola armados, pois lá até crianças ganham armas no natal. Hoje muitas escolas têm detectores de metais para evitar isso.

Voltando ao versículo que citou de 1 Samuel, de quando os filisteus proibiram os israelitas de fabricarem armas, basta tiramos Deus da equação para não percebermos que aquela situação só aconteceu por Deus ter permitido e querer usar aquilo como medida disciplinar contra seu povo idólatra e obstinado. O livro de Samuel vem depois do livro de Juízes, onde podemos ver muito bem a degradação em que tinha caído o povo de Israel. "Naqueles dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos" (Jz 21:25). Eles deviam ter sido uma nação teocrática, porém excluíram a Deus de seu convívio e como não tinham um rei acabavam fazendo o que eles próprios achavam melhor, como fez Pedro ao cortar a orelha de Malco, servo do Sumo Sacerdote.

Mas quando é Deus quem está no comando, e a fé descansa nisso, a história é bem outra. Quer um exemplo de judeus desarmados que se deram bem porque Deus estava no controle? Veja no capítulo 8 do livro de Esdras. Que tal viajar por quase 1500 quilômetros durante três meses e meio transportando um tesouro de "seiscentos e cinquenta talentos de prata, e em vasos de prata cem talentos, e cem talentos de ouro, e vinte bacias de ouro, de mil dracmas, e dois vasos de bom metal lustroso, tão precioso como ouro." (Ed 8:26-27)? Isso equivaleria, em medidas atuais, a 22,2 toneladas de prata e 3,4 toneladas de ouro, além de vários utensílios dos ouro e prata. Tente calcular o quanto valeria isso e o risco que correram aqueles judeus em sua empreitada de reconstruir os muros e o Templo de Jerusalém.

Você irá concordar que algo assim exigiria uma caravana de caminhões blindados com uma escolta fortemente armada em veículos blindados. No entanto, Esdras diz: "Tive vergonha de pedir ao rei, exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo pelo caminho; porquanto tínhamos falado ao rei, dizendo: A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas o seu poder e a sua ira contra todos os que o deixam. Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus, e moveu-se pelas nossas orações... E partimos do rio Aava, no dia doze do primeiro mês, para irmos a Jerusalém; e a mão do nosso Deus estava sobre nós, e livrou-nos da mão dos inimigos, e dos que nos armavam ciladas pelo caminho. E chegamos a Jerusalém, e repousamos ali três dias." (Ed 8:22-32).

Nosso homem natural sempre irá querer partir para a luta armada, mas será que o Senhor teria feito assim? Teria aquele que ensinou a dar a outra face incitado seus discípulos a matarem para poderem viver? Você tem a resposta nos evangelhos e nas epístolas dos apóstolos. Não me lembro de estes viajarem armados pelas perigosas estradas daquele tempo, e Paulo nos diz como era estar em constante perigo, não apenas de ladrões e assassinos, mas até de conterrâneos seus e de falsos irmãos. Quem lê esta passagem e raciocina com a mente carnal deve imaginar um Paulo vestido de Rambo, com uma metralhadora em cada mão, com munição, granadas e facas penduradas na cinta. No entanto, o único armamento que ele carregava era a confiança em Deus de que não morreria a não ser no momento em que Deus permitisse isso e com algum propósito para beneficiar a si mesmo ou aos outros.

"Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos; o qual nos livrou de tão grande morte, e livra; em quem esperamos que também nos livrará ainda" (2 Co 1:9).

De qualquer modo a tradição histórica nos conta que Paulo teria sido executado, mais especificamente decapitado, por seu amor a Cristo. Se ele andasse armado será que teria vivido? Até quando e com que propósito? Ao apóstolo foi dado saber que seu fim de carreira na terra estava próximo e ele enfrentava isso com a tranquilidade de quem sabe que sua vida não se restringe a esta terra, mas é eterna. Talvez devêssemos nos lembrar mais vezes do que diz Mateus 10:28: "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.". Neste ponto você poderia perguntar o que eu faria se alguém tentasse atacar um filho meu, se não usaria de uma arma para defendê-lo, e eu respondo: Não sei o que faria, e o que eu faria não tem qualquer importância neste assunto porque não sou eu o padrão divino, e sim o que Deus diz em sua Palavra.Todos nós estamos sujeitos a muitos erros, medos e fraquezas, mas isso não invalida a Palavra de Deus.

Depois de publicar aquele texto e vídeo que você viu encontrei uma excelente reflexão de John Piper com o título "Should Christians Be Encouraged to Arm Themselves?" e vou traduzir resumidamente aqui em forma de tópicos:

1. O apóstolo Paulo aconselhou os cristãos a não se vingarem, mas deixarem isso para a ira de Deus, pagando o mal com o bem. E depois disse que Deus colocou a espada (arma) nas mãos das autoridades governamentais para executarem essa ira na garantia da justiça neste mundo. Romanos 12:17-21; 13:1-4

2. O apóstolo Pedro nos ensina que os cristãos com frequência iriam se encontrar em sociedades onde poderiam esperar e aceitar um tratamento injusto sem retaliação. 1 Pedro 2:19, 20; 3:9, 14, 17; 4:13, 14, 16, 19

3. Jesus prometeu que os seus encontrariam hostilidade e violência, mas a tônica de seu conselho estava em como lidar com isso com sofrimento e testemunho, não com defesa armada. Lucas 21:12-19; Mateus 10:28; 16-22

4. Jesus preparou o cenário para uma vida de peregrinação neste mundo onde damos testemunho de que este mundo não é o nosso lar e nem nosso reino, renunciando ao desejo de estabelecer ou avançar a causa cristã pela espada. João 18:36; Mateus 26:52; Filipenses 3:20; 1 Pedro 2:13; 3:15

5. Jesus assinala que a principal (mas não única) forma de os cristãos mostrarem o supremo valor de nosso tesouro no céu é por estarmos tão livres do amor a este mundo e tão satisfeitos com a esperança de glória que estamos capacitados a amar nossos inimigos e não pagar o mal com o mal, mesmo quando formos injustiçados neste mundo. Mateus 5:38-39, 44-45; 5:11-12; Salmo 63:3; Filipenses 3:7-8

6. A igreja primitiva, como a encontramos em Atos, esperava e suportava a perseguição sem resistência armada, mas sim regozijando no sofrimento, na oração e na Palavra de Deus. At 4:27-31; 5:40-41; 8:1-3; 9:1-2; 12:1-5; 16:37; 22:25

7. Quando Jesus disse aos apóstolos que comprassem uma espada ele não estava dizendo que a utilizassem para se livrarem da própria perseguição que ele prometeu que deveriam suportar até à morte. Se não encontramos depois nenhum discípulo (exceto Pedro, que foi repreendido) se defendendo com armas o mais provável é que Jesus não estava falando literalmente que eles fossem cristãos armados no desenvolvimento de sua missão no mundo. Lucas 22:35-38

http://www.respondi.com.br/2014/01/o-cristao-pode-andar-armado.html
http://www.respondi.com.br/2009/09/um-cristao-pode-ser-soldado-ou-policial.html
http://www.respondi.com.br/2010/09/quais-profissoes-sao-licitas-para-um.html

por Mario Persona


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12 de agosto de 2017

O evangelho explicado - Mario Persona

A carta aos Romanos é o evangelho explicado, portanto ali podemos ver mais detalhes de como Deus trabalha na alma que foi vivificada pela Palavra aplicada pela ação do espírito (a água e o Espírito de João 3, ou novo nascimento).

Romanos 1 nos fala da condição do homem e do mal generalizado encontrado no mundo, em especial no paganismo.

Romanos 2 mostra como é infrutífera a tentativa humana de controlar o mal, inclusive da incapacidade da Lei mosaica em justificar o homem.

Romanos 3 chega à conclusão de que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, merecendo assim o juízo. Então no final do mesmo capítulo é revelada a justiça de Deus e o sangue de Cristo, o qual assumiu na cruz o lugar do homem pecador.

Romanos 4 nos fala da justificação do homem por graça e o capítulo 5 mostra o domínio da graça e seus efeitos.

Romanos 5, após ter deixado claros o pecado, o juízo e a provisão de Deus para o pecador, trata dos efeitos disso no homem perdido e escravo do pecado, da lei e da carne.

Romanos 6 fala da libertação do mundo e do pecado em seu sentido exterior, o que é tipificado no batismo que representa considerarmo-nos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus.  

Romanos 7 fala das cadeias da lei sendo rompidas pela morte de Cristo, que ressuscitou e, portanto, não está mais sujeito à lei. O crente vive pela fé no Filho de Deus em sua condição atual.

Romanos 8 nos fala da libertação da carne, o que se obtém pelo poder do Espírito que agora habita no crente e o capacita a viver em novidade de vida.

Quando lemos Romanos 7 encontramos um homem aflito e buscando a libertação. Ao final do capítulo ele clama: "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?", mas a resposta vem logo em seguida: "Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado. Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus [que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.] Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte." (Rm 7:24-25; 8:1-2 - a parte entre chaves não consta dos melhores manuscritos).

Considere o homem de Romanos 7 como tendo sido vivificado, ou seja, ele já nasceu de novo, tem vida vinda de Deus e pode agora chamar a Deus de Pai, mas ele ainda não está liberto. Não é alguém perdido em seus pecados, mas também não é alguém liberto. É possível cair em dois erros quando o assunto é o homem do capítulo 7 comparado ao do capítulo 8. Alguns acham que o homem do capítulo 7 ainda não se converteu, que é um incrédulo perdido em seus pecados. A razão de considerá-lo assim é a palavra "carnal" que aparece em Romanos 7:14: "eu sou carnal, vendido sob o pecado". Mas é preciso entender a diferença entre "carnal" e "natural".

Existe o homem "natural", o "carnal" e o "espiritual". O homem de Romanos 7 não é o homem natural, "morto em ofensas e pecados" (Ef 2:1) e este assunto é melhor detalhado nos capítulos 2 e 3 de 1 Coríntios. No capítulo 2 o apóstolo diz que "o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." (1 Co 2;14). No capítulo 3 o termo usado é outro pois está falando de crentes e não de incrédulos. Crentes carnais, mas ainda assim crentes. "Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?" (1 Co 3:3).

Portanto uma pessoa convertida pode não ser uma pessoa "espiritual", e é por isso que Paulo faz esta distinção ao escrever aos Gálatas: "Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado." (Gl 6:1). Ao exortar os que são "espirituais" a ajudarem os "carnais" Paulo demonstra que um está mais capacitado que o outro a identificar o mal e ajudar a restaurar seu irmão, mas também mostra que essa é uma condição variável, pois mesmo o "espiritual" deve vigiar para não cair.

William Kelly escreve em seu artigo "Deliverance""Quem são eles (os 'espirituais')? Aqueles que conhecem melhor o odioso mal que existe na carne e, o que é ainda mais importante, a graça de Deus. Estes podem, portanto, se apiedarem das almas que são enganadas e se desviam do Senhor. Um homem carnal conhece tão pouco a Deus e a si mesmo que não é apto para fazer esse trabalho (de ajudar a restaurar seu irmão). Ele acabaria errando, tanto para o lado da camaradagem, que o levaria a dar pouca importância ao pecado, como para o lado da aspereza. O homem espiritual, por graça, mantém o equilíbrio. Ele é capaz de condenar o pecado e ao mesmo tempo auxiliar a alma em graça visando sua restauração".

Isto nos faz entender que a carnalidade pode se manifestar em um crente tanto na forma de libertinagem como de legalismo. É fácil enxergar esta segunda tendência quando vemos que o homem do capítulo 7 de Romanos está aflito por não conseguir ver em seu corpo de carne uma completa sujeição à lei. Ele cai no farisaísmo quando deixa de fazer essa cobrança de si mesmo e passa a cobrar isso dos outros.

Ao fazermos esta distinção entre o natural, o carnal e o espiritual é preciso entender que apenas o primeiro ainda não está salvo. Um crente carnal possui o Espírito Santo ("se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" - Rm 8:9), porém não anda no Espírito ou julga as coisas no Espírito. O homem carnal de Romanos 7 está nessa batalha porque é nascido de novo e tem vida vinda de Deus, ou nem se incomodaria com isso se fosse incrédulo. Ele quer fazer o bem, mas se sente miserável por não conseguir. Ele busca a Deus, ao contrário do homem natural descrito em Romanos 3. O homem nascido de novo tem horror ao pecado e se deleita em Deus, mas pode ainda não viver na condição de liberdade do homem de Romanos 8. 

Resumindo, somos salvos pela fé em Cristo, e não pelo entendimento de nossa salvação. E a fé é um dom de Deus e é ele o autor de nossa salvação, não nós ou nossas certezas. Se fosse diferente e precisássemos ter certeza de nossa salvação para termos garantia dela, ao menos nesta parte o mérito de nossa salvação seria nosso e mesmo essa certeza poderia variar de pessoa para pessoa. Enquanto alguns viveriam radiantes com a certeza do perdão de seus pecados, outros teriam aqui e ali algumas dúvidas que lhes causariam inquietação. Ou então, quando caíssem em pecado e perdessem a comunhão com Deus, poderiam também se sentir vacilantes em afirmar que estariam completamente salvos (embora efetivamente estivessem desde o momento em que creram em Jesus).

Se a salvação dependesse de nossos sentimentos de certeza ela também iria variar conforme nossas emoções. Poderíamos encontrar pessoas que afirmaram durante anos a certeza de sua salvação, mas que por alguma disfunção física ou mental causada por enfermidade chegassem ao fim da vida duvidando dela. Podemos descansar na certeza de que Deus não deixa confuso alguém que busca por ele ou clama pelo nome de Jesus para ser salvo.

“Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido. Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Rm 10:11-13)

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3 de agosto de 2017

Por que Paulo nao curou Timoteo?

Você pergunta por que razão teria Paulo mandado Timóteo tomar vinho para sua enfermidade de estômago e se não teria sido mais lógico curá-lo, como o mesmo Paulo fez com tantas outras pessoas enfermas. O conselho de Paulo está em sua primeira carta a Timóteo: "Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades." (1 Tm 5:23).

Realmente não parece fazer sentido um conselho assim considerando tantas passagens e curas operadas pelo apóstolo. Em Atos 13 você encontra Paulo fazendo um milagre às avessas, isto é, trazendo a alguém que tentava atrapalhar sua pregação uma enfermidade ao invés de cura: 

"E, havendo atravessado a ilha até Pafos, acharam um certo judeu mágico, falso profeta, chamado Barjesus, o qual estava com o procônsul Sérgio Paulo, homem prudente. Este, chamando a si Barnabé e Saulo, procurava muito ouvir a palavra de Deus. Mas resistia-lhes Elimas, o encantador (porque assim se interpreta o seu nome), procurando apartar da fé o procônsul. Todavia Saulo, que também se chama Paulo, cheio do Espírito Santo, e fixando os olhos nele [em Elimas], disse: O filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor? Eis aí, pois, agora contra ti a mão do Senhor, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. E no mesmo instante a escuridão e as trevas caíram sobre ele e, andando à roda, buscava a quem o guiasse pela mão. Então o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor." (At 13:9-12).

Esta passagem por si só já é uma excelente pista para se entender a razão de Deus ter dado poder a ele de operar curas e milagres. Percebe que o milagre foi feito na presença de incrédulos e tinha por objetivo levar o procônsul a crer? Em Icônio a mesma coisa, Paulo e Barnabé "detiveram-se, pois, muito tempo, falando ousadamente acerca do Senhor, o qual dava testemunho à palavra da sua graça, permitindo que por suas mãos se fizessem sinais e prodígios." (At 14:3). Em seguida, "estava assentado em Listra certo homem leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado. Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado, disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou." (At 14:8-10). Mais uma vez o milagre é feito na presença de judeus e gentios incrédulos visando assinalar o fato de que Deus estava agindo em poder para salvar.

Em Atos 16 Paulo iria libertar a jovem possessa, e veja se consegue encontrar judeus incrédulos na cena. Sim, eles estavam ali. Vá ao capítulo 19 de Atos e "e Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias. De sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam." (At 11:12). Outra vez, tente encontrar judeus na cena. Encontrou? Embora Paulo tenha também feito outros milagres, uma coisa era comum: aquilo servia de sinal para atestar o poder de Deus em ação. 

Começando nos evangelhos, as curas não significavam que Deus tinha decidido curar todo mundo, mas eram maneiras de Deus apresentar suas credenciais por meio de Cristo, que tinha vindo ao mundo curar a pior de todas as enfermidades: o pecado do homem. Quando Jesus e os discípulos faziam curas nos Evangelhos aquilo era uma amostra grátis de como será o Reino de Cristo na terra, quando TODOS serão curados (se ler os relatos de curas verá que TODOS eram curados).

Portanto, curar quando não precisava provar que Cristo era quem ele dizia ser podia não ter qualquer utilidade do ponto de vista de Deus. Por isso Paulo era doente (seu espinho na carne), Timóteo era doente, Paulo deixou Epafrodito doente sem curá-lo, e em Corinto muitos estavam doentes e morrendo por tratarem levianamente as coisas do Senhor (1 Co 11:30).

Veja mais sobre o assunto abaixo:

http://www.respondi.com.br/2010/06/por-que-deus-permitiu-minha-doenca.html
http://www.respondi.com.br/2005/06/como-enfrentar-doena-e-o-sofrimento.html
http://www.respondi.com.br/2010/02/voce-nao-cre-na-cura-divina.html
http://www.respondi.com.br/2007/06/o-que-diz-das-curas-e-milagres-que.html
http://www.respondi.com.br/2007/09/nada-e-impossivel-ao-que-cre.html
http://www.respondi.com.br/2008/01/existem-milagres.html
http://www.respondi.com.br/2007/06/se-cristo-levou-nossas-enfermidades-por.html

Veja também:
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28 de julho de 2017

Os diferentes ministerios em 1 Corintios 12 sao denominacoes?

Baseando-se em 1 Coríntios 12 você perguntou se a existência de diferentes ministérios não seria um fundamento para existirem diferentes denominações ou igrejas. Não, é um verdadeiro erro usar essa palavra como justificativa para dividir os cristãos por diferentes nomes e seitas. Na mesma carta Paulo chama tal prática de carnalidade.

"Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer. Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?... E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis, porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais? Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um?"(1 Co 1:10-13; 3:1-5).

Ao falar do contraste entre a sabedoria que vem do alto e a meramente terrena, Tiago vai mais longe ao chamar o sentimento faccioso, que é justamente o desejo de se dividir os irmãos em diferentes grupos ou facções, de "sabedoria... terrena, animal e diabólica".

"Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz." (Tg 3:13-18).

É surpreendente que a maioria dos cristãos não percebam isso, ainda mais quando o próprio Senhor expressou seu desejo de que seu povo devia ser um como forma de expressar a mesma unidade que ele tem com o Pai. Em sua oração antes de partir para o Pai ele deixa isso muito claro:

"E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós... E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim." (Jo 17:11, 20-23).

Para mim fica muito claro que se você disser "eu sou de Paulo" e eu disser "eu sou de Pedro" não estaremos demonstrando qualquer unidade. O mesmo vale para a versão moderna desse "eu sou de Paulo... eu sou de Pedro" que é dizer "eu sou batista" ou "eu sou presbiteriano" ou qualquer outra denominação que os homens inventaram. Será que é tão difícil para você entender que isso destrói o desejo do Senhor quando disse "que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste". Como o mundo pode crer se cada crente se identifica por um nome diferente ao invés de usar apenas o nome de Jesus sobre si?

Lembro-me de uma conversa com uma jovem irmã que se apresentou como sendo presbiteriana. Depois de eu explicar a ela que "há um só corpo" (Ef 4:4) e que Deus nunca ordenou e nem autorizou que os seus fossem identificados por diferentes nomes, ela tentou se corrigir dizendo: "Ah, mas quando vou falar de Jesus a alguém não digo que sou presbiteriana, digo apenas que sou cristã""E por que não diz que é presbiteriana?" — perguntei. "Porque a pessoa pode ter alguma coisa contra a Igreja Presbiteriana e isso atrapalhar na evangelização". Então eu disse: "Minha irmã, como é que você pode ser algo que precisa esconder na hora de evangelizar para não atrapalhar na conversão de uma alma? Por que não se livra logo desse nome e fica só com o Nome que está acima de todo nome?".

Quando nos damos conta do que é a Igreja, o corpo de Cristo, e de quão exaltado é esse nome, passamos a considerar uma infantilidade querer identificar os crentes em Jesus por outro nome que não seja o único e mais sublime Nome que Deus escolheu para nos identificar. Ao orar pelos cristãos em Éfeso Paulo falou da sublimidade desse nome.

"Por isso, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus, e o vosso amor para com todos os santos,  não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; e qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos." (Ef 1:15-23).

Você não se sente ridículo dizendo que é alguma outra coisa que não seja apenas cristão? Não se sente usado quando é obrigado a alçar uma bandeira e defender um nome que não é o nome de Jesus apenas? Portanto, nem pense em querer dourar a pílula chamando as diferentes denominações de "ministérios". Isso é querer maquiar o erro com um termo bíblico que não tem nada a ver com essa vergonhosa colcha de retalhos em que se transformou o testemunho do corpo de Cristo nas mãos dos homens. O corpo continua um, porque é impossível dividir o corpo de Cristo. O que foi dividido pelos homens, despedaçado até, é o testemunho com suas diferentes "igrejas" denominacionais.

Ministério significa simplesmente serviço de ministrar ou prover algo, que pode ser tanto material quanto espiritual. Não tem nada a ver com denominações, pois ministério é a ação de uma pessoa, e como há diferentes pessoas há diversidade de ministérios, ou maneiras diferentes de se ministrar coisas materiais e espirituais. Por exemplo, um irmão ministra a Palavra para crianças, outro para adultos, um para ajudar necessidades espirituais, outro para suprir as materiais etc.

Em 1 Coríntios 12 temos nos versículos:

4 "Ora, há diversidade de dons [manifestações], mas o Espírito é o mesmo". 
5 "E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo". 
6 "E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos".

O versículo 4 nos fala de onde vem a capacitação ou poder para executar (o Espírito Santo). O versículo 5 nos mostra de onde vem a direção e autoridade para ministrarmos aquilo que esse poder nos capacita (o Senhor). O versículo 6 nos diz quem está acima de todas essas operações, ou seja, de quem é a supremacia, e também quem é responsável pelos resultados (Deus).

Veja também:
http://manjarcelestial.blogspot.com.br/2016/02/que-denominacao-e-esta.html
http://manjarcelestial.blogspot.com.br/2009/11/igreja-de-deus-nos-dias-de-hoje.html
Por Mario Persona

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