https://youtu.be/zQ9yQwpDNbc
Você tem o direito de fazer o que quiser, contanto que esteja dentro da lei. Mas se a lei permitir que ande armado para se defender, isso não significa que fará assim sendo cristão como é. Ainda que em nosso país a lei permitisse a todo cidadão andar armado, o cristão deveria julgar isso diante de Deus, e não fazer só porque é permitido. "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm." (1 Co 6:12). O que penso sobre cristãos andarem armados está no artigo que você viu no texto e vídeo #0953 "O cristão pode andar armado?".
O versículo que você citou nada prova, ao dizer que ao subjugarem o povo de Israel os filisteus proibiram que eles tivessem armas. "E em toda a terra de Israel nem um ferreiro se achava, porque os filisteus tinham dito: Para que os hebreus não façam espada nem lança" (1 Sm 13:19). Esse argumento pode servir em debates políticos se um país deve ou não permitir que seus cidadãos andem armados, mas quando falamos de cristianismo não estamos falando do modo como as coisas devem ser no mundo, mas entre aqueles que são cidadãos do céu.
Sinto pelo seu tio que foi morto em um assalto, mas será que se ele estivesse armado o desfecho seria diferente? Todos os dias vemos notícias de pessoas armadas que foram mortas por bandidos, e geralmente são policiais que têm treinamento em como usar uma arma. O que dizer de civis que podem nem saber atirar ou de que maneira reagir a uma abordagem? Some-se a isso o número de pessoas assassinadas por familiares que tinham uma arma em casa. De acordo com o "Atlas da Violência 2017" no Brasil 71,9% dos homicídios são com arma de fogo e a cada 1% no aumento da proliferação de armas ocorre um aumento de 2% na taxa de homicídios.
Sim, no Texas onde você morou e em outros estados norte-americanos armas são permitidas, e você falou de algumas ações de loucos que tentaram fuzilar pessoas em escolas e espaços públicos e foram contidos por cidadãos armados. Talvez não saiba que o número de ocorrências de tentativas assim é muito maior do que as noticiadas. Quando não são bem sucedidos esses ataques de alunos contra alunos não saem na imprensa. Assim como existe uma regra não escrita entre profissionais de imprensa de nunca noticiarem suicídios para não inspirarem outros a se suicidarem, o mesmo acontece com ataques a escolas. A menos que ocorra mesmo um massacre, as tentativas nem saem na imprensa para evitar o que é chamado de efeito "copy-cat", levando imitadores a também desejarem seus quinze minutos de fama.
Nos anos 90 nos Estados Unidos acompanhei um irmão em Cristo que levava seu filho à escola. Perguntei se tinham muitos problemas com alunos que levavam drogas para a escola e ele disse que o problema maior era com alunos que iam à escola armados, pois lá até crianças ganham armas no natal. Hoje muitas escolas têm detectores de metais para evitar isso.
Voltando ao versículo que citou de 1 Samuel, de quando os filisteus proibiram os israelitas de fabricarem armas, basta tiramos Deus da equação para não percebermos que aquela situação só aconteceu por Deus ter permitido e querer usar aquilo como medida disciplinar contra seu povo idólatra e obstinado. O livro de Samuel vem depois do livro de Juízes, onde podemos ver muito bem a degradação em que tinha caído o povo de Israel. "Naqueles dias não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos" (Jz 21:25). Eles deviam ter sido uma nação teocrática, porém excluíram a Deus de seu convívio e como não tinham um rei acabavam fazendo o que eles próprios achavam melhor, como fez Pedro ao cortar a orelha de Malco, servo do Sumo Sacerdote.
Mas quando é Deus quem está no comando, e a fé descansa nisso, a história é bem outra. Quer um exemplo de judeus desarmados que se deram bem porque Deus estava no controle? Veja no capítulo 8 do livro de Esdras. Que tal viajar por quase 1500 quilômetros durante três meses e meio transportando um tesouro de "seiscentos e cinquenta talentos de prata, e em vasos de prata cem talentos, e cem talentos de ouro, e vinte bacias de ouro, de mil dracmas, e dois vasos de bom metal lustroso, tão precioso como ouro." (Ed 8:26-27)? Isso equivaleria, em medidas atuais, a 22,2 toneladas de prata e 3,4 toneladas de ouro, além de vários utensílios dos ouro e prata. Tente calcular o quanto valeria isso e o risco que correram aqueles judeus em sua empreitada de reconstruir os muros e o Templo de Jerusalém.
Você irá concordar que algo assim exigiria uma caravana de caminhões blindados com uma escolta fortemente armada em veículos blindados. No entanto, Esdras diz: "Tive vergonha de pedir ao rei, exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo pelo caminho; porquanto tínhamos falado ao rei, dizendo: A mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas o seu poder e a sua ira contra todos os que o deixam. Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus, e moveu-se pelas nossas orações... E partimos do rio Aava, no dia doze do primeiro mês, para irmos a Jerusalém; e a mão do nosso Deus estava sobre nós, e livrou-nos da mão dos inimigos, e dos que nos armavam ciladas pelo caminho. E chegamos a Jerusalém, e repousamos ali três dias." (Ed 8:22-32).
Nosso homem natural sempre irá querer partir para a luta armada, mas será que o Senhor teria feito assim? Teria aquele que ensinou a dar a outra face incitado seus discípulos a matarem para poderem viver? Você tem a resposta nos evangelhos e nas epístolas dos apóstolos. Não me lembro de estes viajarem armados pelas perigosas estradas daquele tempo, e Paulo nos diz como era estar em constante perigo, não apenas de ladrões e assassinos, mas até de conterrâneos seus e de falsos irmãos. Quem lê esta passagem e raciocina com a mente carnal deve imaginar um Paulo vestido de Rambo, com uma metralhadora em cada mão, com munição, granadas e facas penduradas na cinta. No entanto, o único armamento que ele carregava era a confiança em Deus de que não morreria a não ser no momento em que Deus permitisse isso e com algum propósito para beneficiar a si mesmo ou aos outros.
"Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos; o qual nos livrou de tão grande morte, e livra; em quem esperamos que também nos livrará ainda" (2 Co 1:9).
De qualquer modo a tradição histórica nos conta que Paulo teria sido executado, mais especificamente decapitado, por seu amor a Cristo. Se ele andasse armado será que teria vivido? Até quando e com que propósito? Ao apóstolo foi dado saber que seu fim de carreira na terra estava próximo e ele enfrentava isso com a tranquilidade de quem sabe que sua vida não se restringe a esta terra, mas é eterna. Talvez devêssemos nos lembrar mais vezes do que diz Mateus 10:28: "E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.". Neste ponto você poderia perguntar o que eu faria se alguém tentasse atacar um filho meu, se não usaria de uma arma para defendê-lo, e eu respondo: Não sei o que faria, e o que eu faria não tem qualquer importância neste assunto porque não sou eu o padrão divino, e sim o que Deus diz em sua Palavra.Todos nós estamos sujeitos a muitos erros, medos e fraquezas, mas isso não invalida a Palavra de Deus.
Depois de publicar aquele texto e vídeo que você viu encontrei uma excelente reflexão de John Piper com o título "Should Christians Be Encouraged to Arm Themselves?" e vou traduzir resumidamente aqui em forma de tópicos:
1. O apóstolo Paulo aconselhou os cristãos a não se vingarem, mas deixarem isso para a ira de Deus, pagando o mal com o bem. E depois disse que Deus colocou a espada (arma) nas mãos das autoridades governamentais para executarem essa ira na garantia da justiça neste mundo. Romanos 12:17-21; 13:1-4
2. O apóstolo Pedro nos ensina que os cristãos com frequência iriam se encontrar em sociedades onde poderiam esperar e aceitar um tratamento injusto sem retaliação. 1 Pedro 2:19, 20; 3:9, 14, 17; 4:13, 14, 16, 19
3. Jesus prometeu que os seus encontrariam hostilidade e violência, mas a tônica de seu conselho estava em como lidar com isso com sofrimento e testemunho, não com defesa armada. Lucas 21:12-19; Mateus 10:28; 16-22
4. Jesus preparou o cenário para uma vida de peregrinação neste mundo onde damos testemunho de que este mundo não é o nosso lar e nem nosso reino, renunciando ao desejo de estabelecer ou avançar a causa cristã pela espada. João 18:36; Mateus 26:52; Filipenses 3:20; 1 Pedro 2:13; 3:15
5. Jesus assinala que a principal (mas não única) forma de os cristãos mostrarem o supremo valor de nosso tesouro no céu é por estarmos tão livres do amor a este mundo e tão satisfeitos com a esperança de glória que estamos capacitados a amar nossos inimigos e não pagar o mal com o mal, mesmo quando formos injustiçados neste mundo. Mateus 5:38-39, 44-45; 5:11-12; Salmo 63:3; Filipenses 3:7-8
6. A igreja primitiva, como a encontramos em Atos, esperava e suportava a perseguição sem resistência armada, mas sim regozijando no sofrimento, na oração e na Palavra de Deus. At 4:27-31; 5:40-41; 8:1-3; 9:1-2; 12:1-5; 16:37; 22:25
7. Quando Jesus disse aos apóstolos que comprassem uma espada ele não estava dizendo que a utilizassem para se livrarem da própria perseguição que ele prometeu que deveriam suportar até à morte. Se não encontramos depois nenhum discípulo (exceto Pedro, que foi repreendido) se defendendo com armas o mais provável é que Jesus não estava falando literalmente que eles fossem cristãos armados no desenvolvimento de sua missão no mundo. Lucas 22:35-38
http://www.respondi.com.br/2014/01/o-cristao-pode-andar-armado.html
http://www.respondi.com.br/2009/09/um-cristao-pode-ser-soldado-ou-policial.html
http://www.respondi.com.br/2010/09/quais-profissoes-sao-licitas-para-um.html
Visite também e compartilhe: O Evangelho em 3 Minutos
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.