Gênesis 2:21-25 Então o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre
Adão, e este
adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu
lugar; e da costela que o SENHOR Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a
Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha
carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. Portanto deixará o
homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. E
ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.
A
passagem que estivemos considerando em Efésios 5, encerra com a uma citação do
final de Gênesis 2, onde lemos, depois de Eva ter sido formada e sido
apresentada a Adão: “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e
apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”. Tendo citado esta passagem
o apóstolo, em Efésios 5, imediatamente acrescenta: “Grande é este mistério;
digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja”. Isso seguramente no garante
dizer que em Adão e Eva temos um belo tipo de Cristo e a Sua Igreja.
No
jardim do Éden com todas as suas arrumações divinamente ordenadas não só aprendemos
o que está no coração do Deus para o homem, mas o que está no coração de Deus
para Cristo. Adão não era o homem do propósito de Deus; ele foi apenas uma
figura Daquele que estava por vir. Poderíamos bem perguntar por que esta terra
com todas as suas maravilhas criadas foi trazida a existência? Agora que o
mistério de Cristo e a Sua Igreja foi revelado temos a resposta de Deus; e em
figura a Sua resposta é dada imediatamente depois da criação estar concluída, e
antes que o pecado entrasse. A
resposta
de Deus é Cristo e a satisfação do Seu coração. É verdade que a Igreja estava planejada
antes da fundação do mundo, pois a idéia da Igreja nos leva de volta ao propósito
eterno de Deus e nos conduz a eternidade. Isso pertence à eternidade, embora o tempo
e a criação sejam usados para trazer a Igreja à existência. A Igreja não foi
uma reflexão tardia de Deus. A criação foi a primeira do ponto de vista do
tempo, mas a Igreja foi a primeira nos conselhos de Deus, como podemos
seguramente concluir de Efésios 3, onde lemos, que Deus “tudo criou por meio de
Jesus Cristo; para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja
conhecida dos principados e potestades nos céus, segundo o eterno propósito que
fez em Cristo Jesus nosso Senhor”. A Igreja tendo sido formada, “os céus e a
terra que agora são”, no
devido tempo, passarão
e a Igreja permanecerá
para a glória de Deus e a satisfação do amor de Cristo pelas eras das eras.
Enquanto,
contudo, vemos Cristo e a Igreja apresentada em uma figura devemos nos lembrar
de que Eva apresenta a Igreja como a Noiva de Cristo. Como vimos há outros aspectos
da Igreja, mas julgamos ser esse o conceito mais elevado da Igreja, aquele que é
o mais próximo do coração de Deus e o mais querido para o coração de Cristo,
pois nisso aprendemos que Deus propôs assegurar um objeto que seja inteiramente
agradável ao amor de Cristo. Na Igreja como a Noiva vemos, não apenas uma
companhia de pessoas que encontra em Cristo um Objeto de satisfação do seu
coração, mas, uma companhia de pessoas que se tronam um objeto apropriado para
o amor de Cristo. Essa é a maravilha e a bem-aventurança da Igreja vista como a
Noiva de Cristo. É um pouco maravilhoso que a
Igreja
possa encontrar em Cristo um Objeto de amor, mas que na Igreja um objeto deve
ser encontrado inteiramente ajustado para Cristo amar é de fato uma grande
maravilha.
Com
esse grande pensamento Deus abre o Seu livro e com esse grande pensamento o fecha.
O que Deus começa nunca desiste. Gênesis abre com um quadro que revela esse
pensamento do Seu coração: e embora o pecado e a morte arruínem a criação de
Deus, e, na longa história triste do fracasso do homem e a ruína da Igreja na responsabilidade,
o quadro seja obscurecido e até perdido de vista, contudo finalmente esse
sublime pensamento de Deus emerge para a luz, e no final do Livro nos é
permitido mais uma vez ver Jesus deleitar-se com a Sua Noiva, e a Noiva
esperando por Jesus.
Olhando
brevemente para o quadro em Gênesis 2, temos na primeira parte do capítulo uma
descrição do Jardim dos deleites que Deus proveu para o homem. Éden significa
“prazer”. É prazer para Deus prover o prazer da Sua criação. Assim encontramos que
no jardim há “toda árvore agradável à vista”, para prover todas as coisas
belas; há toda árvore “boa para comer”, para satisfazer toda necessidade do
homem; há a árvore da vida para dar a capacidade para desfrutar da cena; e há a
árvore do conhecimento do bem e do mal com a sua proibição, para que pudessem
gozar de todo este jardim de prazeres em um relacionamento com Deus expresso
pela obediência a Ele.
Tendo
sido formada essa cena de beleza, o homem é colocado no jardim para adorná-lo e
guardá-lo. Conquanto bela seja a cena, ela fica frustrada da perfeição; e por essa
razão, o homem está sozinho. O seu meio ambiente era perfeito, a sua posição
era suprema, ele estava muito acima da criação mais baixa – mas estava sozinho,
e não é bom que o homem fique sozinho. Havia tudo ali para o deleite dos seus
olhos; havia tudo ali para sustentar a vida; havia a capacidade de gozar do seu
ambiente: mas em toda aquela cena de beleza e abundância, não havia um objeto
que pudesse satisfazer o seu coração, pois não havia nada ali, desde o maior ao
menor, que pudesse corresponder ao amor do seu coração. O homem estava só.
Mas
outra cena se levanta diante de nossas almas. Uma cena da qual isso é apenas uma
bela prefiguração: uma cena na qual o pecado nunca pode entrar. Perfeito como
era o jardim em si mesmo, estava sujeito à intrusão de um inimigo, e sabemos
que de fato ele muito cedo entrou e trouxe o pecado, a morte e a ruína para
este jardim de prazeres. Mas o lar que ele prenuncia não é apenas um lugar de
infinita perfeição e eterno prazer, mas ali “o enganador nunca pode entrar, os
pés sujos pelo pecado nunca pisaram” – uma cena onde não haverá mais morte, nem
tristeza, nem clamor, nem mais dor. Essas coisas não estão ali, e nunca podem
entrar ali, pois elas passaram. Mas Jesus está ali, o Filho do Homem será
supremo naquele reino de glória, e não podemos dizer que Ele estará ali para
adorná-lo
e guardá-lo; pois todo o adorno daquela cena bem como a sua eterna segurança será
o resultado da Sua própria obra.
Nenhuma mancha da maldade natural,
Nenhum toque da rude mão do homem
Jamais incomodará ao redor de nós
Naquela terra brilhante e
bem-aventurada.
Os encantos que cortejam os
sentidos
Serão tão brilhantes quanto
formosos,
Pois tudo, enquanto sussurra ao
redor de nós
Contará de Jesus ali.
Mas
ainda assim, se Ele estivesse ali sozinho o Seu coração estaria satisfeito? Estaríamos
satisfeitos de nos encontrar em uma cena de perfeição e santidade infinitas, se
Jesus não estivesse ali? E Ele estará satisfeito se não estivermos ali? Uma
cena de perfeição infinita não satisfaria o coração: devemos ter um objeto para
o coração, e Ele não deve ter um objeto para o Seu coração? Mas como este
objeto é assegurado? Isso aprendemos em figura quando vemos a forma com que
Deus proveu uma adjutora para Adão.
Primeiro
aprendemos que aquela que deve ser a sua adjutora deve ser a sua “cópia” ou a
“sua semelhança”, para então lermos as duas últimas palavras do verso 18. Aquela
que pode satisfazer o coração de Adão deve ser a “sua semelhança”, e por essa razão
ter os mesmos pensamentos e afetos, e ser capaz de corresponder ao seu amor. Já
que o amor só pode ser satisfeito com um objeto que corresponda ao amor.
A
criação mais baixa é passada diante de Adão. Ele dá a cada um deles um nome –
não um nome fantástico, já que na Escritura um nome significa a característica
distinta daquele a quem é dado. Por essa razão na nomeação dos animais vemos
que Adão tinha o perfeito conhecimento dos animais. Mas com todo esse
conhecimento não consegue encontrar um a “sua semelhança”. Em toda aquela
criação mais baixa não havia nada que pudesse compartilhar os seus pensamentos,
sentir como ele sentia, e corresponder ao seu amor. Ele estava em um plano
imensamente mais alto do que a criação animal.
Por
essa razão para prover um a “sua semelhança”, deve haver uma intervenção nova
de Deus, e nessa nova obra três
coisas são claramente vistas.
Primeira: Eva foi tirada de Adão,
Segunda: Eva foi formada para Adão,
Terceira: Eva foi apresentada a Adão.
Aqui
temos então em figura três grandes verdades que estão diante de nós em Efésios
5. Primeira: Se Eva devia ser a sua semelhante ela devia ser tirada de Adão.
Essa é a razão do sono profundo e da costela tomada de Adão, com a qual a
mulher foi formada (construída). Assim também, se Cristo devia ter a Sua Noiva
– aquela que é a Sua semelhança – que pode corresponder ao Seu amor – de fato
ela devia ser Dele mesmo. Ele devia
entrar no sono profundo da morte ou permanecer para sempre sozinho; “se o grão de
trigo não cair na terra e morrer, fica só”. “Quando a Sua alma se puser por
expiação do pecado, verá a Sua posteridade”. A Sua “posteridade”, a qual deve
ser a Sua semelhante, é o resultado da Sua morte, e o amor estava por trás da
Sua morte, pois lemos: “Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por
ela.”
Ademais
lemos que tendo tomado a costela do homem “o Senhor Deus formou [edificou ou
construiu] uma mulher”. E em conexão com a Igreja, não é essa a obra que está
sendo levada a cabo no momento pelo Espírito? Se pela morte de Cristo a Noiva –
aquela Sua semelhante – foi assegurada, no tempo presente através da obra do
Espírito as nossas afeições estão sendo ocupadas com Cristo, como o resultado
de que Cristo nos santifica e nos limpa com a lavagem da água, pela palavra. O
nosso coração fica poderosamente afetado pelo amor de Cristo; as afeições do
casamento são formadas pelo resultado de sermos colocados a parte no afeto a
Ele mesmo e limpos de tudo o que não se ajusta a uma noiva verdadeira e pura.
Finalmente
há a apresentação da Noiva. Eva é trazida ao homem. E Adão disse: “Esta é agora
[em contraste com a vez em que os animais passaram diante dele] osso dos meus
ossos e carne da minha carne: esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada”.
Por fim Adão encontra uma “sua semelhante”. Assim, também, o dia está chegando
quando a Igreja será apresentada a Cristo como uma “Igreja gloriosa, sem mancha,
nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”. Ela será Dele mesmo
e por isso a Sua semelhança. Ela será formada em Suas afeições pela
santificação e limpeza das afeições da palavra e por isso capacitada para
corresponder ao Seu amor. Por toda a eternidade Cristo terá a Sua Noiva, como
Ele, aquela que pode pensar como Ele pensa, sentir como Ele sente, amar como
Ele ama, e por isso aquela que é tornada perfeitamente ajustada para ser o
objeto do Seu amor. Então de fato Cristo estará satisfeito. Ele verá o fruto do
trabalho árduo da Sua alma e estará satisfeito.
Oh dia de promessa maravilhosa!
O Noivo e a Noiva
São vistos na glória sempre;
E o amor está satisfeito.
Por Hamilton Smith
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CAPÍTULO 1- CRISTO E A SUA NOIVA – Efésios 5:22-32
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